Quando Maria Lucia Sousa mergulhou no mundo das redes sociais, o objetivo era tirar o foco das preocupações da pandemia de Covid-19, mas foi além. Quase 3 anos depois, o local passou a ser também o meio onde a baiana tem alegrado e mudado vidas, incluindo a dela.
Com muito humor, a influenciadora digital, que também é baiana de acarajé, tem compartilhado dublagens, além do dia a dia e culinária da Bahia. Negra Lú, como gosta de ser chamada, acumula quase 150 mil seguidores juntando todas as redes. Mas é no TikTok que ela é mais famosa.
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"Eu entrei nas redes sem pretensão nenhuma, para me divertir, e hoje não posso parar. Não sabia que iria divertir as pessoas. Mas as pessoas foram gostando, e eu também. Eu nunca me senti tão feliz, como estou me sentindo ultimamente".
Em entrevista ao Preta Bahia desta semana, a baiana, que tem 66 anos, contou que conheceu a plataforma em 2020, depois que uma amiga a apresentou. Inicialmente, ela tinha vergonha e não se via entrando na moda dos vídeos virais que a rede propõe, mas acabou se rendendo.
"Eu fui vendo os vídeos e disse: 'Eu não tenho coragem de fazer isso não'. Mas depois resolvi começar a fazer os vídeos. Depois eu fui me engajando e as pessoas foram curtindo e comentando. E eu fui me encantando e produzindo mais e mais".
As postagens são feitas quase todos os dias. Somente no Instagram, onde passou a interagir mais após bombar na rede vizinha, são mais de mil publicações. Na maioria delas, a baiana fala com os seguidores sobre amor próprio, respeito e felicidade.
"Eu sei que alegra as pessoas e me alegra ainda mais. Eu tenho uma amiga no Instagram que ela estava meio triste, com uns probleminhas de saúde, e quando ela começou a ver meus vídeos ela melhorou maravilhosamente".
Diante do alto-astral e da interação e proximidade criadas, a seguidora que se encantou com o conteúdo chegou a visitar a baiana quando esteve em Salvador, para agradecer pessoalmente, como lembrou Lú durante a entrevista.
"Ela disse que vinha me visitar e não é que ela veio mesmo. Veio ela e o marido, de São Paulo. Eu estava vendendo meu acarajé, fazendo uma live, quando ela chegou. Ela me deu um abraço que foi uma coisa de outro mundo. As pessoas que estavam assistindo ficaram emocionadas".
Mas outra coisa importante também tem um grande espaço no conteúdo: a representatividade. Caracterizada como baiana de acarajé, usando turbantes ou falando sobre o preconceito, Lú se propõe ainda a exaltar a cultura negra. Algo que aprendeu com a mãe.
Nascida e criada no bairro de Baixa de Quintas, na capital baiana, a influenciadora foi apresentada ao tabuleiro de acarajé pela matriarca, que sustentou ela e as duas irmãs por muitos anos tendo o ofício, que é patrimônio imaterial do Brasil, como uma das fontes de renda da casa.
Contudo, mesmo tendo o primeiro contato com o legado ainda na infância, a baiana só passou a atuar na área após se aposentar. Antes disso, ela era servidora pública em uma escola da rede estadual de ensino. O ofício com o tabuleiro surgiu em meio às experiências com culinária.
"Quando eu me aposentei, eu fiquei sem saber o que eu iria fazer, porque eu sempre fui muito elétrica, e aí surgiu a proposta de começar a vender em um condomínio, depois que fiz alguns abarás para o aniversário de uma amiga que mora nesse lugar".
Do local, a baiana partiu para um posto de combustíveis e, por fim, chegou ao bairro de origem. "Foi um desafio, mas eu aceitei. E aí eu fui procurar fazer tabuleiro de vidro, comprar as vasilhas, fazer as roupas de baiana, me associar, e fazer as coisas tudo direito. O acarajé me proporcionou muita coisa".
Com a retomada das atividades após o período mais crítico da pandemia, Lú aprendeu a conciliar o ofício, que ficou suspenso temporariamente por causa do distanciamento, com a atividade nas redes sociais.
"Eu respondo meus seguidores, eu faço minhas coisas, eu vou para feira, vou para o mercado. Eu tenho muitas tarefas, mas eu sempre tenho tempo para as redes. Eu me viro nos 30", brincou.
Tudo para seguir no caminho do sonho de crescer ainda mais com o conteúdo que produz. Além de alcançar mais pessoas com as mensagens que transmite, a baiana quer se manter feliz e ter condições financeiras para realizar outros desejos, como visitar parte da família que atualmente mora no Canadá.
"Eu não tenho condições de parar isso que eu estou fazendo nunca, porque ver a alegria das pessoas é alegria para mim também. Porque eu sei que está fazendo um bem maravilhoso. Então, eu tenho que continuar".
"Minha vida sempre foi muito sofrida, mas hoje eu respiro aliviada. Hoje eu posso dizer que eu estou feliz comigo. Sou mais feliz que nunca. Quero crescer ainda mais", completou.
@negra_lu_56 Vamos pegar a gororoba?... 😍😜🤣😋🤪🤪😚😗#AgoraVocêSabe ♬ som original - Negra_lu_56
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