Além da candidatura ao governo da Bahia, com Marcelo Millet, o PCO lançou Cícero Araújo como candidato ao Senado. Naturopata, profissional de educação física e corretor de imóveis, Araújo afirmou, em entrevista à Emmerson José, que o partido defende a estatização dos bancos. “Nós somos favoráveis a estatização dos bancos, porque nós entendemos que os bancos são os maiores inimigos do povo brasileiro”
A entrevista do candidato foi ao ar nesta segunda-feira (12), no ‘Direto da Redação’, da Bahia FM e Bahia FM Sul. No bate-papo, Cícero Araújo afirmou que a solução para desigualdade é a implantação de um sistema político diferente.
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“A solução para isso é só tem através de um sistema um regime político diferente desse que vem acontecendo há mais de 100 anos, um regime político socialista, com poder de ser dominado, comandado, ingerido pelo próprio trabalhador”.
Na semana passada, durante o 'Direto da Redação,' foram ao ar as entrevistas feitas com os candidatos ao senado pelo estado da Bahia. Confira a ordem das entrevistas:
- Cacá Leão (PP) - segunda-feira (5)
- Raíssa Soares (PL) - terça-feira (6)
- Tâmara Azevedo (PSOL) - quarta-feira (7)
- Marcelo Barreto (PMN) - quinta-feira (8)
- Otto Alencar (PSD) - sexta-feira (9)
- Cícero Araújo - segunda-feira (12)
Confira detalhes da entrevista com o candidato
Emmerson José: Por que e para quê ser senador pela Bahia?
Cícero Araújo: Eu sou candidato a Senador da República do Brasil pela Bahia para representar ao congresso nacional, ao Senado Federal, as reivindicações dos trabalhadores dos desvalidos, dos esquecidos pelo sistema capitalista, das mulheres, dos pretos, dos LGBTs, das pessoas que são esquecidas pelo sistema.
Estou voltado para essa missão, que me foi dada pelo partido, para fazer essa representação, levar as reivindicações de quem não tem nada na sociedade baiana, na sociedade brasileira, para o parlamento brasileiro. Evidentemente que embora representamos a Bahia, como todo e especialmente, inclusive, a cidade qual eu nasci, com muito orgulho, a cidade Ruy Barbosa. Itaberaba também uma cidade muito querida. A gente tem que lembrar para todos eleitores que o senador busca uma solução para a Bahia, mas também busca uma solução de uma forma genérica para todo para todo o povo brasileiro, para o Brasil, por isso que existe o Senado para isso também. É a casa das leis, a casa do parlamento, mas na verdade não entendemos muito assim, a casa das leis, entendemos que é a casa do povo brasileiro, o parlamento brasileiro.
E aqui eu aproveito para explicar algo muito interessante para os eleitores, para o trabalhador, para o estudante, para mulher, que é o Partido da Causa Operária, da qual com muito orgulho eu faço parte do PCO, é um partido socialista, um partido de cunho comunista, um partido do trabalhador, do proletariado, um partido que busca a solução dos problemas do povo brasileiro como todo na verdade, mas principalmente para aqueles que são esquecidos pelo sistema.
E lembrando que não é só no Brasil, não é só na Bahia, é no mundo todo, inclusive nos países desenvolvidos como próprios Estados Unidos, nós temos lá 40 milhões de americanos que moram na rua. Então, na verdade, isso é um problema da falência do capitalismo como um todo, mas o fato é que nós defendemos o povo sofrido. Tentamos levar essa voz para o Parlamento, embora nós como partido entendemos que defendemos politicamente um sistema único 'unicameral'. O que que significa isso? No Brasil, nós temos o sistema parlamentar 'bicameral', onde temos o Congresso Nacional e tem um Senado. Então temos os deputados federais e temos o Senado.
Nós achamos que o sistema bicameral é extremamente antidemocrático, é um sistema que foi criado pelo capitalismo para filtrar aquelas decisões que não interessam o sistema e aquelas decisões que favorecem ao sistema às grandes corporações econômicas capitalistas e favorece a esse sistema burguês. Como é que acontece isso? A Câmara dos deputados, que tem um número enorme de deputados, e defendemos que ele seja até triplicado. Este número [513 deputados] defendemos que seja triplicado ou quadriplicado pelo volume da população brasileira.
Emmerson José: Quadriplicar? Você não acha muito 513 deputados, não, candidato?
Cícero Araújo: Na verdade, a população brasileira é gigantesca, então interessa ao sistema reduzir esse número alegando, inclusive, que você teria dinheiro para bancar essa coisa, mas na verdade para o povo ser representado, ele precisa de um número maior de pessoas. E por que o sistema capitalista, o sistema vigente se interessa em reduzir cada vez mais, alegando uma série de questões que não são, no nosso ponto de vista, democráticas e válidas. Porque eles querem controlar as pessoas que estão lá representando. Porque quanto menor o número mais fácil de controlar.
E como é controlado isso? As diversas situações que surgem aí, como as questões das corrupções, dos desvios de conduta, tudo que existe pela manipulação do próprio sistema. No sistema unicameral, o povo decide e fica decidido ali na Câmara. No sistema bicameral o que não interessa ao sistema, no Senado, como tem um número muito reduzido de senadores, se filtra e definitivamente se encerrar e se liquida o interesse do trabalhador.
Um exemplo disso é a campanha e a lei que aprovaram do teto de gastos, e que limita o teto de gasto do governo brasileiro, e que impede que o governo possa aplicar recurso suficiente para educação, para a saúde, para a segurança pública, para cultura. Para obedecer a esse requisito que na verdade é uma imposição política do maior país imperialista, Estados Unidos, um país terrorista, um país genocida, responsável por milhões de mortes e pobreza no mundo inteiro. Então nós entendemos que essa decisão - e isso foi uma decisão tomada dos gabinetes pelos os donos do mundo - é limitar o teto para que evitar que se tenha dinheiro para distribuir para a população que precisa com ações sociais afirmativas.
Emmerson José: A gente tem um número mínimo de senadores, são 81. Não está demais, não?
Cícero Araújo: Na verdade, nós defendemos o fim do Senado. Isso é uma coisa que pode ser paradoxal. O Emerson José fica perplexo e a população pode ficar, mas é fácil de entender. Oitenta e um senadores na realidade de um país gigantesco, continental como o Brasil, um país que cabe vários países da Europa dentro, e ainda muito maior do que isso, é muito pouco.
Então 80 senadores, contrastando com 513 da câmara dos Deputado, para poder ser mais fácil serem controlados pelo sistema e como de fato é, porque os candidatos populares não têm recursos para financiar suas campanhas. A maioria do congresso e a maioria do Senado é dominada pela direita, pela política direitista, pelo centrão, pelos políticos da alta burguesia. Não confundam, nós não somos contra todo o sistema vigente postos. Nós respeitamos os micro e médios empresários. Nós somos contra a política econômica que beneficia as grandes corporações econômicas, principalmente os bancos, principalmente os banqueiros.
Nesse sentido nós dizemos logo para vocês, nós somos favoráveis a estatização dos bancos, porque nós entendemos que os bancos são os maiores inimigos do povo brasileiro, os maiores inimigos do povo baiano os maiores inimigos do povo de Ruy Barbosa, que sofre desempregado, sem chance, passando fome, passando necessidade, de tal forma que isso se justifica, inclusive, o alto nível de cidades pequenas como um Ruy Barbosa e Itaberaba do uso de drogas nessas cidades, e como em todas as cidades brasileiras. Isso é resultado da política econômica imperialista neoliberal implantada no Brasil, principalmente pelo Bolsonarismo e pelo centrão e isso é um fato histórico, isso vem acontecendo desde a República, sempre foi assim.
Eles dominaram o cenário político e dominam até hoje. E você trabalhador, você estudante, você mulher, você LGBT, você preto e preta, você que está na rua, você que está sem teto, sem-terra, você sim precisa compreender que todas as mazelas, todo o sofrimento que vocês sofrem nós sofremos. Eu até faço um entre aspas, eu me sinto até privilegiado porque eu fui funcionário público, eu sou aposentado. Então eu tenho um certo conforto nisso, mas eu vestia a camisa e visto desde pequeno luto por aqueles que não têm chance na sociedade brasileira de se manifestar enquanto pessoa, viver, se divertir, trabalhar, ter saúde, ter segurança, ter a educação.
Entendam que a solução para isso é só tem através de um sistema um regime político diferente desse que vem acontecendo há mais de 100 anos, um regime político socialista, com poder de ser dominado, comandado, ingerido pelo próprio trabalhador.
Emmerson José: O senhor falou há pouco sobre segurança e o plano de governo do PCO - e quando se fala em plano de governo fala-se plano de governo no geral, já que o senhor faz parte da chapa do candidato Marcelo Millet - defende a extinção da Polícia Militar. O senhor falou em droga e o tráfico está aí comandando várias áreas aqui na Bahia em especial, mas em todo o Brasil. Como combater o crime organizado sem a Polícia Militar?
Cícero Araújo: Nós defendemos o fim da Polícia Militar porque a Polícia Militar se transformou em um grupo de extermínio oficial, representante da burguesia. A PM, na verdade, foi criada pelo regime militar de 1964, pelos generais que deram um golpe no Brasil e foram responsáveis por milhares de morte de jovens, estudantes, de intelectuais, de artistas, que forçou muitos dos nossos queridos baianos e outros tantos brasileiros a se exilarem no exterior, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, e outros com medo da repressão, com medo da violência, da estupidez, da ignorância dos militares.
E aí faço uma observação, que se refere aos militares do alto comando dos generais, porque nós entendemos que a tropa do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, as Forças Armadas, nós entendemos que a tropa é guerreira, é corajosa, é nacionalista. E mais uma vez chamando atenção que o verdadeiro nacionalismo não esse mentiroso nacionalismo, essa propaganda verde e amarela que o Bolsonarismo faz, que o povo de Bolsonaro faz.
Nós amamos a nossa bandeira brasileira, nós da vermelha, do PCO, do comunismo, do socialismo, amamos o nosso Brasil, amamos a nossa Bahia muito mais do que aqueles que disseram lá no passado que amavam e alguns que são candidato hoje que diz que ama, mas deixam a Bahia e o Brasil nessa miséria, nessa fome, nesse desemprego, então entendemos o seguinte: nacionalista somos nós, é a tropa das Forças Armadas, são os trabalhadores, são os pretos, são as mulheres, são LGBT, são os desvalidos e todos aqueles que realmente entendem que não podemos pegar, como foi feito pelos generais e pelo governo bolsonarista e de [Michel] Temer e lá atrás com Fernando Henrique Cardoso, que foi a entrega da nossa Embraer.
A Embraer é uma empresa brasileira construída com os esforços, a força, criatividade, inventividade do brasileiro. E foi construído, inclusive, com a iniciativa dos próprios militares na época da ditadura, temos que fazer essa referência, nessa época eles tinham um pouquinho de nacionalismo. E agora eles permitem que o governo Temer entregue um patrimônio econômico deste fundamental para o desenvolvimento do Brasil, uma das maiores empresas de aviação comercial do mundo.
A Embraer com tecnologias criativas e fantásticas, aí simplesmente entrega para Boeing, uma empresa americana, entregou para o imperialismo, obedecendo o comando do imperialismo, e isso não é nenhum exagero, o próprio presidente se refere aos americanos, nos Estados Unidos, prestando continência, que se presta em homenagem, é um gesto de forças armadas, mas é um gesto nacionalista. Então o cara que vai para os Estados Unidos e que diz que ama o Brasil, que é nacionalista, que faz apologia à bandeira nacional e a bandeira verde e amarela entregando as riquezas brasileiras, como por exemplo, agora Telebras, que foi entregue.
Uma empresa brasileira construída com suor do trabalhador brasileiro, o suor do trabalhador baiano e essa empresa que vale em torno de três a quatro trilhões de reais foi entregue por menos de 1 bilhão de reais para os gananciosos do sistema capitalista, os verdadeiros inimigos do povo. Nós não aceitamos isso. E mais ainda: entregaram a nossa base de Alcântara. Quem não lembra ou não sabe o que é a base do Alcântara, que por uma questão didática, eu tenho que alertar.
A base de Alcântara é o nosso centro aeroespacial brasileiro, é um centro onde se desenvolve a tecnologia brasileira aeroespacial, para foguetes, para viagens no espaço sideral, para altas tecnologias nessa área. E esse centro de Alcântara foi entregue através de um convênio absurdamente ridículo e anti-brasileiro, anti-nacional, para uma base americana, permitindo que se instalasse aqui dentro do Brasil, um risco e um perigo muito grandes. Isso não é nacionalismo, nacionalistas somos nós que defendemos o nosso petróleo, defender as nossas águas, a nossa Amazônia, defendemos a nossa Petrobras e o nosso os postos do Pré-sal.
E alertamos o povo brasileiro, o povo baiano, ao chegar ao poder, vai reverter tudo isso, tudo o que foi entregue de graça para essa corja de ladrões, imperialistas. Nós vamos tomar de volta, o povo sabe a força que tem, o povo ele não é pacífico, ele é lutador, ele é sobrevivente, ele vai lutar e a história mostra isso.
Considerações finais
É muito pouco tempo, mas eu agradeço a todos. Digo ao povo baiano, especialmente ao povo da terra que eu nasci, o povo de Ruy Barbosa, aos nossos vizinhos queridos de Itaberaba, ao povo soteropolitano, e o povo baiano em geral, principalmente aqueles sofridos, aqueles que estão desempregados, aqueles que estão sem educação, que estão sem escola, sem saúde pública, sem segurança, sem esperança, digo que venham para o PCO.
Se filie ao PACO, vamos juntar os braços na luta pela defesa do Brasil, contra o imperialismo, contra burguesia. Para finalizar, agradecer a todos da reportagem da Rede Bahia pela oportunidade e pela democracia em poder ouvir a nós também e a todos os outros. Para finalizar eu quero lhe dizer que eu também sou naturopata, sou profissional de educação física e sou corretor de imóveis. Nesse sentido, nós lutamos por essas categorias sofridas também.
Confira abaixo a entrevista completa
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