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TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA

Grandes torcidas mostram que alguns jogos podem ser maiores que a conquista de títulos

Colunista relembra que eliminação do arquirrival sempre tem um sabor especial

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Sílvio Tudela

06/06/2022 às 9:00 • Atualizada em 29/08/2022 às 22:40 - há XX semanas
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No melhor estilo de que os humilhados serão exaltados, para boa parte dos torcedores, não importa somente a relevância da competição disputada ou a quantidade de títulos conquistados pelo seu clube de coração. Vale muito também o nível de humilhação e zoeira impostos ao seu maior rival, porque nesta balança é sempre possível que um determinado time supere o outro nos confrontos diretos ou no ranking de campeonatos, mesmo quando há aparentemente uma distância instransponível a ser superada.

Tudo pode ser questão de tempo nestes cenários, mas há certos eventos que vão para além dos números e que ficam gravados para sempre na memória.

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Foto: Divulgação

Disputa pela hegemonia se alterna na história do Ba-Vi

Foquemos inicialmente no Bahia e Vitória, que não vivem suas melhores fases, mas já conquistaram feitos memoráveis e proporcionaram ao seu torcedor momento inesquecíveis, os quais nem sempre significam um título. Pode ser uma goleada histórica, um longo tabu ou jejum, aquele jogo de fazer o coração sair pela boca ou, até mesmo, aquele saboroso momento de tirar o doce da boca de sua criança, como já cantou Ivete Sangalo.

Considerado o maior clássico do Nordeste e um dos maiores do Brasil, o Ba-Vi foi eleito, em 2016, pela revista esportiva inglesa FourFourTwo como um dos 50 maiores clássicos entre clubes do mundo, ficando na 42ª posição e no quarto lugar entre os brasileiros, atrás do Gre-Nal (oitavo), do Fla-Flu (18º), e do famoso derby Corinthians x Palmeiras (23º).

Em seus primórdios, as goleadas em favor do Bahia eram muito frequentes, pois o Vitória só foi se profissionalizar em 1953, quase 20 anos após o início dos confrontos. O Tricolor Baiano já venceu marcando 10 gols por duas vezes e aplicou a maior goleada do clássico em 08 de dezembro de 1939, no Campo da Graça, no retumbante “amistoso” dos 10 a 1. O Vitória, ainda semiprofissional, aplicou um surpreendente 7 a 1, seu maior feito da época amadora frente ao rival, também num amistoso no Campo da Graça, em 02 de julho de 1948.

Levando-se em conta os números totais desde o primeiro clássico, realizado em 1932, nos 495 jogos disputados, foram 185 vitórias do Bahia (655 gols), 156 do Vitória (585), com 154 empates e um total de 1240 tentos marcados. O Bahia possui larga vantagem em número de títulos estaduais, vitórias e gols, mas o Vitória tem a seu favor o maior número de goleadas recentes.

Destacam-se o 6 a 2 aplicado no Campeonato Baiano de 2005, o 5 a 1 na Copa do Nordeste de 2010, um novo 5 a 1 no Estadual de 2013, no histórico jogo que marcou a inauguração da Arena Fonte Nova e sepultou o simbólico título do Bahia de “Dono da Casa”, além do 7 a 3 na primeira partida final desta mesma edição do Campeonato Baiano. Atualmente, na Série B, o Bahia ainda está por cima, brigando com garra pelo acesso, e o Vitória, entretanto, segue lutando para não cair da Série C para a D.


				
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Equilíbrio é a marca do confronto entre Corinthians e Palmeiras

Onze entre cada dez palmeirenses podem não assumir publicamente, mas dirão com orgulho que a sua maior glória é ter eliminado o Corinthians pelas semifinais da Libertadores da América, há exatos 22 anos - quando em 06 de junho de 2000, venceu por 3 a 2, no Morumbi, de virada, no jogo que foi chamado de o “Derby do Século”.

Como a primeira partida havia sido de vitória dos corintianos, por 4 a 3, a disputa foi para os pênaltis e o time verde venceu por 5 a 4, com o goleiro Marcos sendo imortalizado ao defender a última cobrança de Marcelinho Carioca. Apesar da catarse palmeirense, na final, o Boca Juniors venceu o time brasileiro nos pênaltis e reconquistou o topo da América após 22 anos.

Aquele Corinthians e Palmeiras trazia como ingredientes o fato do Alviverde defender o título continental de 1999 e o Corinthians conquistar, no início de 2000, o primeiro Campeonato Mundial de Clubes da Fifa. Não era um detalhe do confronto o fato do Palmeiras ter eliminado, também nos pênaltis, o mesmo Corinthians um ano antes, nas Quartas-de-Final, pela mesma competição. Com a revanche alvinegra indo por água abaixo, começou ali uma nova rivalidade - a de que o Corinthians não tinha Libertadores - uma praga lançada pelos rivais, mas quebrada de forma invicta em 2012 -, e o mantra amaldiçoado que atormenta os alviverdes noite e dia e perdura até hoje: “O Palmeiras não tem Mundial!”.

Fato é que os “quase irmãos” Corinthians e Palmeiras protagonizam um dos maiores e mais equilibrados clássicos do futebol brasileiro e já decidiram Campeonatos Paulistas, Torneios Rio-São Paulo, Campeonatos Brasileiros e vaga para a final da principal competição continental, configurando-se como a rivalidade brasileira que mais decidiu vagas e campeonatos de grande porte.

Com mais de 100 anos de história, há muitas partidas marcantes, eliminações históricas, goleadas fabulosas, polêmicas de todo nível e, como não podia deixar de ser, muita rivalidade. O último Derby Paulista aconteceu no dia 23 de abril de 2022, pelo Campeonato Brasileiro, e os alviverdes venceram por 3 a 0, mesmo placar do primeiro confronto entre eles, ocorrido em 06 de maio de 1917, há 105 anos. Até hoje, as duas equipes já se enfrentaram 374 vezes, com 132 vitórias do Verdão, 129 do Timão, além de 113 empates. Com 1025 gols registrados, o Palmeiras já balançou as redes do adversário 535 vezes e o Corinthians 490. Em decisões no sistema “mata-mata”, o Palmeiras leva vantagem sobre o Corinthians, com 13 eliminações do rival contra nove.

Em termos de balançar as redes, foi no dia 05 de novembro de 1933 que o Palmeiras, então Palestra Itália, aplicou a maior goleada da história do Derby e venceu o Corinthians pelo placar de 8 a 0. Sua maior sequência invicta no confronto foi de 12 jogos, de 04 de maio de 1930 a 05 de agosto de 1934. Já o Corinthians levou 48 anos para dar um troco aparentemente parecido, com uma goleada por 5 a 1, em 01º de agosto de 1982, mantendo sua maior sequência invicta de 10 jogos, de 22 de novembro de 1970 a 04 de novembro de 1973, e a atual, de 04 de dezembro de 2011 a 31 de maio de 2015.

Mas como o Palmeiras é o Palmeiras contra o Corinthians, o Alviverde questiona os números e usa uma contagem diferente por considerar válidos os duelos do extinto Torneio Início (cujos jogos tinham duração de apenas 15 minutos) e da diminuta Taça Henrique Mündel de 1938, além de um W.O. em 1923. Assim, pelas contas palmeirenses, são 136 triunfos alviverdes, 130 vitórias alvinegras e 118 empates.


				
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Foto: Divulgação

Fla-Flu e a metáfora de um duelo que serve para quase tudo

Já no Rio de Janeiro, o embate entre Flamengo e Fluminense é aqueles de parar não só a cidade, mas também o Brasil como um todo, sendo o termo Fla-Flu suado na política, na economia, na vida pessoal, quando se tem um nível de polarização extremo.

Num total de 439 jogos e 1211 gols marcados, a vantagem no confronto é rubro-negra, com 160 vitórias e 633 gols, contra 138 triunfos do rival e 578 tentos, além de 141 empates. Como Caim e Abel “do bem”, o clássico foi sendo imortalizado através do tempo pela rivalidade entre o jornalista rubro-negro Mário Filho, que deu a ele também o nome de "Clássico das Multidões", e seu irmão, o jornalista e escritor tricolor Nelson Rodrigues, autor de diversas frases sobre o charmoso confronto como: “O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E aí então as multidões despertaram!”

E quando o assunto é goleada, das 15 maiores, com diferenças de quatro gols ou mais, 10 são a favor do Flamengo e cinco do Fluminense. A maior pendendo para o time da Gávea, um massacrante 7 a 0, em 10 de junho de 1945. Já o Tricolor das Laranjeiras assinalou 5 a 1, em 24 de março de 1943, e venceu quatro vezes por 4 a 0 (a última em 2018).

Apesar da grande rivalidade, os dois clubes protagonizaram apenas 15 decisões estaduais em mais de 100 anos, com o Flamengo faturando seis títulos e o Fluminense nove. Mas um dos jogos considerados mais emblemáticos dessa história foi o empate em 0 a 0 pela final do Campeonato Carioca de 1963 e que ganhou fama como a partida entre clubes de maior público na história mundial, com 177.020 pessoas, no Maracanã. A igualdade na partida fez do Flamengo o campeão carioca daquele ano, para frustração e indignação dos tricolores.


				
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Jefferson Bernardes/Preview.com

Gre-Nal é o maior clássico brasileiro?

Em termos de torcedores e paixão, Grêmio e Internacional dividem o estado do Rio Grande do Sul praticamente ao meio e é por essa razão que o duelo é considerado como o maior clássico brasileiro pela imprensa esportiva especializada no assunto, mesmo que seus torcedores não se façam presentes pelo Brasil como um todo.

Os dois gigantes já se enfrentaram 437 vezes desde o ano de 1909, com 1158 gols, sendo 160 vitórias do Inter (593 tentos), 139 do Grêmio (565 gols) e 138 empates. O primeiro Gre-Nal é marcado também pela maior goleada gremista e do clássico em todos os tempos, com um placar de 10 a 0, num jogo considerado amistoso. Isso porque o Internacional, recém-fundado em 04 de abril de 1909, não quis enfrentar o time reserva do Grêmio, que estava com a agenda lotada. A partida só foi realizada um mês depois e o inevitável fiasco colorado veio no dia 18 de julho de 1909, no Estádio da Baixada, pertencente ao Grêmio. Dois anos depois, com a rivalidade já encaminhada, em 18 de junho de 1911, o Tricolor Gaúcho massacrou novamente o Colorado por 10 a 1, resultado considerado como a maior goleada oficial.

Mas ainda em termos de tentos, o Colorado parece ter revertido os traumas iniciais e venceu o Imortal por 6 a 0, em 01º de novembro de 1938, como mandante, e duas vezes na casa do rival – uma em 17 de outubro de 1948 (Grêmio 0 x 7 Internacional) e outra em 26 de setembro de 1954 (Grêmio 2 x 6 Internacional). Neste século, muito equilíbrio. No Estádio Centenário, em 13 de abril de 2014, o Inter venceu o rival por 4 a 1, pelo Campeonato Gaúcho, e o Grêmio deu o troco, em 09 de agosto de 2015, em sua Arena, assinalando 5 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. Apesar de suas históricas conquistas internacionais, o Grêmio disputa a atual Série B, território já frequentado pelo arquirrival na década passada.

Se há uma temporada em que o Gre-Nal foi disputado nas sombras, de forma transversal e no “modo secador”, foi a do Campeonato Brasileiro de 2009, depois de uma combinação incrível de resultados que tirou as chances de título de Palmeiras e São Paulo, ainda favoritos na reta final. O triunfo, que poderia ter ficado com o Internacional ao vencer o Santo André por 4 a 1, em Porto Alegre, e chegou aos 65 pontos, foi decidido na última rodada, a favor do Flamengo, que venceu o rival Grêmio, por 2 a 1, fechando com 67 pontos, no Estádio do Maracanã, com um público recorde nesta edição de quase 85.000 espectadores. Se o Imortal vencesse o Rubro-Negro Carioca, a taça iria para seus maiores rivais.

*COMUNICAR ERRO - Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do iBahia.*


				
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