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Conheça o pagotrap: nova vertente do pagode baiano

Banda e artistas como ÀTTØØXXÁ, Maya e Nêssa têm apostado na mistura do groove arrastado e do trap para atualizar a sonoridade do pagode baiano

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Redação iBahia

23/03/2022 às 18:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 23:24 - há XX semanas
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ÀTTØØXXÁ, Maya e Nêssa são representantes do pagotrap, fenômeno que aproxima Salvador e de Atlanta, nos EUA (Fotos: Reprodução/Instagram | Divulgação | Fabio Setti/Divulgação)


Quando o 'É O Tchan' e outros grupos de pagode baiano apareceram para o Brasil em meados dos anos 1990, a mídia nacional parecia não entender o que estava acontecendo, tanto que todas as bandas eram classificadas como Axé Music. O novo momento do pagode baiano, por outro lado, parece estar sendo melhor compreendido. Alguns sites nacionais já usam a expressão pagotrap para falar de bandas e artistas como 'ÀTTØØXXÁ', 'Maya', 'Murilo Chester', 'Nêssa', entre outros.

Aquela geração dos anos de 1990 partia dos sambas juninos para criar uma nova sonoridade com a inserção de instrumentos típicos da música pop, como baixo, bateria, teclado e metais. A música dos grupos que festejavam os dias de São João e São Pedro em bairros de Salvador - como Tororó, Garcia, Liberdade e Engenho Velho de Brotas - já trazia o samba duro dos terreiros de candomblé com letras de duplo sentido.

Foi a partir dessa matriz, que 'Gera Samba', que depois se tornou 'É O Tchan', Terra Samba e Companhia do Pagode construíram suas carreiras. Eles deram um caráter midiático e pop para essa música e foram seguidos por diversas atualizações. Uma delas é a variante do groove arrastado, de bandas e artistas como 'Edcity', 'Fantasmão' e 'Psirico', que agora serve de matriz para o pagotrap.

A nova vertente do pagode baiano começa a surgir com a transposição do groove arrastado para o ambiente da música eletrônica e os beats digitais, o que coloca a música baiana no mapa do Global Ghettotech. Este termo busca dar conta de um fenômeno observado nas últimas duas décadas em que diversas músicas tradicionais, principalmente as ligadas à diáspora africana, passaram a ser produzidas em computadores com softwares de música. Exatamente o que aconteceu com o groove arrastado.

Nesse processo, há uma aproximação entre o pagode baiano e o trap, vertente do RAP que surgiu no início dos anos 2000 em Atlanta, cidade do sul dos Estados Unidos. O ritmo mais lento, o apelo sexual, a identificação racial e as situações de vulnerabilidade social são alguns dos pontos que aproximam os dois gêneros. Bandas e artistas como 'ÀTTØØXXÁ', 'Fautino Beats', 'Maya', 'Murilo Chester', 'Nêssa', 'Underismo' e 'Zamba' têm criado de forma coletiva essa união e desenvolvido o movimento do pagotrap.

Conheça um pouco mais sobre essas bandas e artistas e confira alguns sons para você atualizar a sua playlist.

ÀTTØØXXÁ
Provavelmente é o maior nome do pagotrap atualmente. O grupo foi criado em 2015 e é formado por RDD, Chibatinha, OZ e Raoni. A banda conta com 3 álbuns lançados, além de uma série de singles e feats. Eles têm uma forte articulação tanto com o midstream, quanto com o mainstream, em trabalhos com nomes como Anitta, Léo Santana, Lamparina, Ludmilla, Parangolé e Ricon Sapiência.

[youtube 1t9xvtGi2kA]

Faustino Beats
Produtor e cantor soteropolitano, Faustino Beats começou a carreira em 2011, mas em bandas de rock. Só a partir de 2016 que ele começa a se dedicar a estilos como RAP e R&B e passa também a produzir beats (batidas eletrônicas feitas em computador com software musicais) de pagotrap para artistas como Maya, Yan Cloud e Nêssa.

[youtube YFUmXXvY-Is]

Maya
Maya nasceu e se criou no Subúrbio Ferroviário de Salvador e foi nas festas no bairro que ela se aproximou do pagode. Contudo, por não se identificar com o ambiente masculino do gênero, foi da música negra internacional que ela tirou suas principais influências. A artista também está entre os nomes que ganharam visibilidade durante a pandemia e, a partir de 2020, engatou uma série de lançamentos que a destacaram como representante feminina do pagotrap.

[youtube Lajnu9nJGL0]

Murilo Chester
Cria da Cidade Baixa, Murilo Chester começou a cantar nos ônibus de Salvador. Em 2020, ele soltou o seu primeiro álbum intitulado “Planos & Danos”, que marca sua estreia no mundo da música pop e o insere no movimento do pagotrap.

[youtube FKiyXDbkaF8]

Nêssa
Os singles e feats têm sido a aposta de Nêssa para construir sua carreira. Ela tem uma parceria muito forte com a banda ÀTTØØXXÁ, com quem já gravou algumas faixas. A de maior sucesso é Aquele Swing, que já ultrapassou a marca de 1 milhão de plays no Spotify. Nêssa também tem parcerias com Nininha Problemática, Yan Cloud, A Dama, O Poeta, Zamba, Cronista do Morro, Murilo Chester, entre outros.

[youtube w2GOsUV1u4k]

Marcelo Argôlo*
Jornalista e pesquisador musical que acompanha o cenário musical baiano desde 2012. Mestre em Comunicação pela UFRB, ele é autor do livro Pop Negro SSA e mantém ainda o Instagram @popnegroba sobre a música pop negra da Bahia.



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