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João de Deus se entrega à polícia

A última aparição pública do médium foi na quarta-feira, em Abadiânia, onde visitou o seu centro por apenas oito minutos

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Redação iBahia

16/12/2018 às 16:29 • Atualizada em 30/08/2022 às 7:34 - há XX semanas
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O médium João de Deus se entregou à polícia este domingo. Ele era considerado foragido da Justiça desde ontem. A Polícia Civil já havia feito buscas em mais de 30 endereços. Desde a semana passada, mais de 300 mulheres afirmaram ter sido vítimas de assédio sexual.

Afinal, quem e João de Deus?

João de Deus está sendo levado para a Delegacia de Investigações Criminais, em Goiânia, a 90 quilômetros de Abadiânia, onde fica o seu centro espiritual.

A última aparição pública do médium foi na quarta-feira, em Abadiânia, onde visitou o seu centro por apenas oito minutos. Na ocasião, ele afirmou que era inocente.

Ontem, O GLOBO publicou que ele retirou cerca de R$ 35 milhões de contas bancárias em seu nome desde a quarta-feira passada, segundo investigadores envolvidos com o caso.

A descoberta dessas operações fez com que a Polícia Civil de Goiás e o Ministério Público do estado acelerassem o processo para pedir a prisão preventiva do médium, aprovada pela Justiça na última sexta-feira.

O Ministério Público de Goiás criou uma força-tarefa para apurar o caso, com apoio de diversos estados pelo país. Entre as mulheres que dizem ter sofrido abuso está uma das filhas do médium, Dalva Teixeira, de 49 anos, que afirmou à revista “Veja” ter sido estuprada dos 10 aos 14 anos de idade.

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, de 76 anos, faz atendimentos mediúnicos na Casa Dom Inácio de Loyola desde a década de 1970. As primeiras acusações ao médium foram divulgadas por O GLOBO e pelo “Conversa com Bial”, da TV Globo, no último dia 8.

Em São Paulo, um dos estados que colaboram com as investigações do Ministério Público de Goiás, a promotoria levantou a suspeita de que funcionários do centro onde João de Deus atendia tenham sido coniventes com os abusos sexuais.

O Código Penal prevê penalidades também para quem participa ou coopera com qualquer tipo de crime, na medida de sua culpabilidade. A teoria é citada no artigo 29.

Ao menos dez mulheres ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo afirmaram que um grupo de funcionários do médium sabia dos abusos cometidos durante as sessões espirituais em Abadiânia.

— Das 21 vítimas que ouvimos até aqui, praticamente metade mencionou que pessoas que trabalhavam há muito tempo no templo tinham conhecimento do que ocorria e nada faziam para evitar os abusos. Não podemos falar sobre providências a serem adotadas em relação a esses funcionários, pois a investigação está a cargo dos colegas em Goiás. Mas estamos repassando todas as informações adiante — disse a promotora de São Paulo Gabriela Manssur.

Os depoimentos estão sendo colhidos por uma força-tarefa montada em São Paulo para dar suporte às investigações do caso, sob responsabilidade do MP de Goiás.

De acordo com os relatos, os abusos ocorriam em uma sala reservada apenas em momentos de atendimento individualizado. Se havia uma terceira pessoa no local, ela era orientada a ficar com os olhos fechados ou mesmo vendados.

Ao menos quatro funcionários que não ficavam nessa sala, mas eram próximos ao médium, são suspeitos de saberem do que ocorria e já foram identificados pelo MP de São Paulo. Os nomes não foram divulgados.

Na avaliação de um dos promotores do Ministério Público de Goiás, que está à frente do caso, se os relatos forem confirmados, trata-se do maior escândalo sexual da história do país.

— Caso os relatos se confirmem, eu não tenho dúvidas de que esse seria o maior escândalo de que já se teve notícia no Brasil... Tenho absoluta certeza — disse o promotor Luciano Meireles.

O promotor afirmou que, com base nos depoimentos que já foram divulgados até agora, há três possíveis crimes: estupro, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. As penas podem chegar a até 10 anos, 6 anos e 15 anos, respectivamente. Se houver uma condenação, as penas poderão ser reduzidas em razão do prazo de prescrição, que cai pela metade para pessoas acima de 70 anos, como é o caso do médium, ponderou o promotor.

Na prática, isso significa que denúncias ocorridas há um tempo que supera o de prescrição não poderão ser usadas para uma condenação. Isso não quer dizer, porém, que não sejam necessárias.

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