Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, o
iBahia conversou com algumas artistas, produtoras e gestoras do cenário cultural de Salvador, que têm concretizado ideias criativas e movimentado o caldeirão das artes da cidade. São mulheres que, com disposição e competência, levam o nome do nosso Estado para o país e o exterior.
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Andrea May, artista plástica |
Andrea May é uma destas mulheres que movimentam a máquina cultural de Salvador. É idealizadora, curadora e produtora do projeto VISIO., além de outras realizações, como uma exposição de ilustrações e estampas em Montreal, no Canadá, em 2009. Através do projeto coletivo VISO., a artista plástica vem reunindo mensalmente representantes das artes plásticas, fotografia, arte digital, design gráfico, videoarte, dentre outros, num ponto de encontro para troca de informações, produção e reprodução ao vivo de técnicas, estilos e inspirações. “Há três anos venho priorizando eventos colaborativos, que aglutinem pessoas de várias áreas da cultura”, conta a artista.Seus trabalhos, segundo Andrea, são sempre criados para provocar a cidade, e é o que vem acontecendo com o Coletivo VISIO., realizado no Pátio do Instituto Cultural Brasil Alemanha (ICBA), através do FazCultura, da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). O espaço ainda receberá mais duas edições deste projeto que rompeu fronteiras entre artistas espalhados pelo país. E projetos novos estão à vista. Em agosto, a artista traz para a galeria do ACBEU, a exposição coletiva Paleta Flex, com artistas locais e de outros estados.
'Há três anos venho priorizando eventos colaborativos, que aglutinem pessoas de várias áreas da cultura'. Andrea May |
Além das paredes das galerias, shows e eventos culturais produtoras como
Luzia Moraes vêm resgatando o trabalho de artistas da velha guarda do samba baiano, divulgando artistas populares da atualidade, e promovendo saraus, com poesia e teatro, com acesso gratuito na cidade. A partir de projetos elaborados por ela, artistas como Riachão, Nissinha do Samba, as Cantoras de Itapuã estão podendo mostrar para os mais novos o samba autêntico de raiz.
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Luzia Moraes, produtora cultural |
A Ressaca do Mercado do Rio Vermelho, realizado no Mercado do Peixe, logo após o Carnaval deste ano, é um dos exemplos dos projetos produzidos por Luzia. No palco, artistas como Tote Gira, Grupo Sampovo e Claudya Costa, fizeram a festa em um dos locais onde a boêmia acontece e não é tão divulgada. O cortejo de baianas de Santo Amaro que abriu a última edição do Festival de Verão também foi mais um projeto idealizado por Luzia, em parceria com seu marido, o cantor e compositor Jota Velloso.O resgate cultural é a marca do trabalho da produtora que lançou em 2009 o livro Bembé do Mercado – 13 de Maio em Santo Amaro, sobre uma das manifestações populares do recôncavo baiano. “Eu acabei trabalhando com a cultura popular naturalmente. As ideias foram surgindo e fomos realizando”, conta a produtora.
Luzia Moraes lançou o livro 'Bembé do Mercado – 13 de Maio em Santo Amaro', sobre a manifestação popular do Recôncavo baiano |
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Rose Lima, diretora artística do TCA |
Há cinco anos à frente da direção artística do
Teatro Castro Alves (TCA), a arquiteta de formação e gestora cultural
Rose Lima se orgulha de projetos criados por ela e sua equipe de trabalho como Domingo no TCA, com eventos a R$ 1, promovendo o acesso de um público que nunca tinha entrado na Sala Principal do teatro. “Quando o projeto acontece, o teatro fica lotado, e sempre tem pessoas que estão indo pela primeira vez ao TCA”, comenta Rose. A renovação da Série TCA, com espetáculos mais contemporâneos, também marca o trabalho da gestora no teatro. “Estamos trabalhando para trazer sempre boas novidades. Ano passado trouxemos artistas como Sharon Jones e John Malkovich, foi muito bom.”, diz.
'Estamos trabalhando para trazer sempre boas novidades'. Rose Lima |
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Nehle Franke, diretora geral da Funceb |
Grande parte da movimentação cultural na Bahia se deve a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), vinculada à Secult, responsável pela criação e implementação de políticas e programas públicos em diversas linguagens artísticas, como artes visuais, teatro, circo, dança e literatura, entre outras. Em 2011, o nome escolhido pelo secretário de Cultura Albino Rubim para assumir a direção geral da fundação, foi o da diretora de teatro
Nehle Franke.A alemã de nascimento está radicada na Bahia há 15 anos, e comanda há três anos o Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac/Bahia), do qual é uma das criadoras ao lado de Felipe de Assis e Ricardo Libório. A diretora também tem em sua trajetória, trabalhos em curadoria e gestão cultural, e encenou diversos espetáculos, entre eles
Devassa,
Murmúrios,
Roberto Zucco e
Divinas Palavras.
A dança na Bahia está cada vez mais se destacando mundialmente, também pelo trabalho que a bailarina e gestora cultural
Cristina Castro vem realizando desde 1990, quando se formou. Há 12 anos, Cristina fundou no Teatro Vila Velha o
Núcleo Viladança, que já realizou mais de 400 apresentações no Brasil e no exterior. Atualmente o Núcleo realiza uma série de atividades de intercâmbio, criação, formação artística e de plateia para a dança. “Promover intercâmbios é a minha linha de trabalho. Já conseguimos levar nossos espetáculos para vários países”, conta Cristina.
'Promover intercâmbios é a minha linha de trabalho'. Cristina Castro |
O Festival VIVADANÇA é um exemplo dessa prática sem fronteiras, realizado pelo Núcleo, sob a direção de Cristina Castro. Com uma programação especial de dança durante o mês de abril, o festival reúne espetáculos nacionais e internacionais, workshops, palestras e vídeos. Este ano, o Festival sai de Salvador e, pela primeira vez, leva a sua programação para Brasília e Minas Gerais.
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Equipe da Multi Planejamento Cultural |
Três mulheres também andam movimentando a cultura em Salvador, produzindo e divulgando os artistas da cidade. Seja em teatro ou na literatura, no cinema ou na música, as produtoras culturais
Fernanda Bezerra, Ana Paula Vasconcelos e Renata Hasselman tem dado o que falar. Juntas criaram, há dois anos, a Multi, uma empresa de planejamento cultural, que já desenvolveu e participou de grandes projetos e iniciativas nas mais variadas linguagens artísticas.O Festival Bahia Em Cena, o Festival de Cinema de Salvador, do Grupo Saladearte, e o Festival Anual de Quadrinhos são alguns dos projetos coordenados pelo trio. O Cine Cena Unijorge, novo espaço cultural aberto em Salvador, voltado para o teatro e cinema é mais um projeto da Multi, uma das criadoras e sócias do local. “O nome da nossa empresa representa o trabalho que a gente tem feito, de valorizar diversas linguagens desenvolvidas em Salvador”, explica Fernanda Bezerra.
'Nossa empresa valoriza diversas linguagens de Salvador'. Fernanda Bezerra |