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PRETA BAHIA

Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'

Em entrevista, ator destacou país como preconceituoso, lembrou dos prejuízos que a área em que atua teve no antigo governo e falou sobre a importância de incentivar jovens artistas

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Alan Oliveira

21/01/2023 às 8:00 • Atualizada em 21/01/2023 às 18:57 - há XX semanas
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					Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'

Quando Érico Brás iniciou a formação como ator aos 7 anos, ele não imaginava que chegaria onde chegou. Com um currículo extenso, o baiano de 43 anos já fez filmes, peças, novelas e atuou como apresentador. Parte desse sucesso foi fruto do apoio que encontrou em casa, com os pais, que sempre o incentivaram. Mas ele ressalta também a experiência que teve com outras referências.

Em entrevista ao Preta Bahia desta semana, o ator lembrou que teve ajuda de pessoas que estavam presentes na formação como artista ao longo dos anos. Pessoas que deram o que ele classifica como inteligência, para conseguir vencer o preconceito e outras dificuldades que encontrou no caminho. Referências que o ensinaram a "calar e falar na hora certa".

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					Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'
Foto: Reprodução/Instagram

"O Brasil é um país preconceituoso. O Brasil não gosta de quase nada que não seja branco, que não seja feito pelo macho branco. O racismo é algo que está no DNA brasileiro. O Brasil nasce do racismo", disse. "Através da arte eu aprendi que as questões raciais, os preconceitos todos, eram sistemas criados pela supremacia branca. Eu aprendi a ser resistência por conta da arte, dos movimentos negros da Bahia. Eu aprendi a ocupar espaços justamente por conta da arte", completou.

Nascido no Curuzu e criado no Alto de Coutos, no antigo subúrbio ferroviário de Salvador, Érico iniciou a formação artística com grupos de teatro de bairro. O lado profissional só veio cerca de 23 anos atrás, quando ingressou no Bando de Teatro Olodum - escola que fez outros artistas baianos, como Lázaro Ramos. É esse movimento que cita quando fala do aprendizado que teve.


				
					Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'
Foto: Ronald Santos Cruz

"Minha mãe e meu pai sempre acharam na época que eu poderia participar de grupos de teatro, porque pensavam que ia ajudar na minha educação. E assim foi. Quando eu saquei que poderia pegar essa profissão e pagar minhas contas, aconteceu muito cedo. Com 17, 18 anos eu já fazia isso. Foi quando eu entrei no Bando de Teatro Olodum, com 20 anos, e aí me profissionalizei".

Agora, o ator se tornou referência para outros jovens negros, que sonham em crescer e viver da arte, assim como ele. Uma representatividade que Érico reconhece como uma grande responsabilidade. O ator ressalta a importância de incentivar os jovens a realizarem sonhos, principalmente diante das dificuldades que a arte tem enfrentado no país desde os cortes ocorridos no antigo governo.

"Ser uma referência é uma responsabilidade muito grande porque não adianta eu ficar dando esperança para a galera se o país que a gente vive diz justamente o contrário. A gente está com uma esperança muito grande de que agora a gente consiga muita coisa com o novo governo, mas os buracos, as lacunas que as agressões à arte deixaram são feridas que não vão sarar tão cedo".

Ainda durante a entrevista, o ator criticou os ataques antidemocráticos ocorridos no dia 8 de janeiro, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e opinou sobre os rumos do país.


				
					Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'
Foto: Reprodução/Instagram

"O Brasil definitivamente, pelo exemplo que tem dado nos últimos dias, mostra que não respeita isso, que não gosta de artista, da transformação, do povo, que não gosta de democracia… onde tudo mundo pode participar e opinar e ser o que quiser", falou.

"A gente espera construir um monte de coisas e deixar o povo sonhando mais uma vez, e olhando para referências como eu e outros, e dizendo: 'A gente consegue'", completou.

'Mar do Sertão'

De volta às telas em "Mar do Sertão", Érico comemora o retorno após 6 anos sem fazer novelas, com o personagem Eudoro Cidão. O ator contou que está muito feliz, principalmente diante do sucesso da atração, que ocupa o horário das 18h da Rede Globo.

Ao Preta Bahia, ele disse que, além dos números de audiência que têm sido altos, tem ouvido dos telespectadores retornos positivos e recebido elogios.

"Os resultados são maravilhosos, porque a novela é campeã de audiência. Há muito tempo não tinha uma novela que tivesse tanta audiência nesse horário, de entregar para o jornal local lá em cima".


				
					Érico Brás critica 'agressões' à arte no Brasil nos últimos anos e ressalta luta contra o racismo: 'Aprendi a ser resistência'
Foto: Ronald Santos Cruz

O artista também entregou que teve liberdade e autorização do diretor Allan Fiterman e do autor da novela, Mário Teixeira, para intervir no personagem que interpreta.

"O autor trouxe ele, mas muito do que ele tem hoje no ar fui eu que dei. É uma novela que deixou o artista livre para criar e eu aproveitei. Eu estou muito feliz, ainda mais nesse momento que é um momento de voltar a fazer dramaturgia".

Futuro

Para finalizar, Érico revelou que, além de continuar no ar com mais novelas, também pretende investir em projetos pessoais, que já estão no papel. No entanto, não detalhou o que deve trazer de novidade.

"Ser artista não acaba. O artista que para emburrece. Eu tenho planos, tenho projetos meus que quero fazer. Eu já fiz muita coisa na televisão, e continuo querendo fazer, mas tenho projetos meus que quero fazer, tenho coisas que eu ainda acho que posso alcançar, e eu acho que tem coisas que eu preciso fazer, porque tem um público que precisa ver o artista com outros dotes, com outras coisas".


				
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Foto: Ronald Santos Cruz

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