Foto: iBahia
Ao encontrar o Maurício de alguns anos atrás, andando pelo Vale das Pedrinhas, seria pouco provável apostar no futuro que ele viria a viver. Aquele garoto tímido e caseiro, fundou uma festa que, além de se tornar nacional, se transformou em uma plataforma de manifestação e valorização da negritude brasileira. Hoje o Preta Bahia te apresenta Maurício Sacramento, o "Fresh Prince da Bahia", fundador da Batekoo.
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Entre os seus múltiplos talentos, Maurício, aos 27 anos, atua como DJ, já tendo tocado em eventos fora do Brasil. É diretor artístico da Batekoo, que, para além de promover shows independentes por todo o Brasil, também atua como um selo musical de artistas negros independentes, a Batekoo Records.
Recentemente dirigiu o primeiro clipe musical, uma parceria do cantor Silva e da Marina Senna. E quando olha para as próximas possibilidades profissionais, ele pretende mirar no mercado da moda. Tantos talentos e experiências distintas coincidem em um objetivo comum, o de expandir o pensamento sobre negritude.
"Espero fazer com que mais pessoas pensem em negritude de maneira coletiva, isso é extremamente importante pra mim. Esse é o grande objetivo de tudo que eu faço." afirmou Maurício ao iBahia.
Esse leque de possibilidades nem sempre existiu para um jovem negro da periferia de Salvador. Tudo começou a se expandir pela sua busca pela diversidade em espaços na capital baiana. O apoio da família, sua mãe Lene Bahia, sempre foi um suporte para que ele buscasse novos rumos. Mesmo sem compreender o caminho do filho, Lene sempre o apoiou e se orgulha de quem ele veio a se tornar.
Batekoo
A Batekoo não é apenas uma empresa para Maurício. Ele entende sua maior criação como um quilombo, um espaço onde outros jovens negros LGBTQIA+ possam existir sem medo ou vergonha de serem quem são.
"A Batekoo pra mim é um quilombo. Uma roupagem positiva pro significado do que é ser negro. A gente vive dentro de discussões sobre negritude a partir do viés do racismo, e eu gosto muito de traçar a trajetória da Batekoo como algo que está vindo contra todo esse movimento racial que a gente viveu a partir do racismo. Eu tento fazer com que a Batekoo seja uma plataforma que gera experiências positivas sobre negritude. Que gera o contato de pessoas negras com a mais diversa forma de consumir culturas negras. Pra mim hoje a Batekoo é um respiro em meio a tanta tragédia e momentos ruins que a gente tem enquanto ser negro. Um lugar para se reconhecer, se conectar, se afirmar e sorrir... já é suficiente."
Maurício está desde 2014 à frente do projeto da Batekoo e junto com ele foi amadurecendo e crescendo a nível de consciência sobre si e sobre negritude. Com isso o caminho de criação e criador por vezes se confunde, e ele assume: falar da Batekoo é falar um pouco dele.
Sem fronteiras
Aos 27 anos, Maurício tem grandes conquistas para se orgulhar, mas o jovem tímido e criativo de estilo marcante e "fresh" não enxerga limites para as conquistas futuras. O menino que desde o Vale das Pedrinhas sonha e materializa suas ideias, por vezes pode até parecer inacessível, mas garante que não se resume a posts do Instagram. Entre Beyoncé e Rihanna, ele seria a Rihanna, mais próxima de todo mundo.
"Eu sou um pouco introspectivo e bem tímido, tenho uma facilidade de tornar os processos que eu vivo, nem sempre positivos, em processos criativos e projetos, a Batekoo foi isso. É uma forma de me comunicar com o mundo. Eu costumo botar pra forma as coisas que eu sinto, através da arte, através da música, acho que sou um pouco sem fronteiras." afirmou o DJ.
Ao olhar para o futuro, Maurício busca por algo muito significativo para um jovem negro no Brasil: ele busca por vida, mas não apenas para ele.
"Espero estar vivo no futuro, ter minha mãe viva e meus amigos vivos. Acordar numa cama de lençóis brancos, suja de maquiagem. Quero trintar tocando piano na minha casa própria e tomando café preto, mesmo não gostando de café preto hoje, até lá eu vou gostar. Ter uma vida mais leve... Espero fazer com que mais pessoas pretas se conectem mais e se sintam autossuficientes que a gente não dependa de um mercado branco pra conseguir crescer".
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Redação iBahia
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