É um termo muito recente e tem origem nos diminutivos ingleses No-Mo ou No-Mobile, que significam sem comunicação móvel. O termo também está relacionado ao vício a computadores e videogames.
Os dispositivos móveis estão por todos os cantos, e se tornaram grandes aliados e facilitadores do dia a dia, porém o uso excessivo pode ser um transtorno e trazer prejuízo à saúde física e mental, inclusive depressão, afetando o bem estar e as relações afetivas e sociais.
No Brasil, estimativas sugerem que, atualmente, 10% dos brasileiros sofrem desse mal, e com a velocidade com que tecnologia digital chega aos lares, esse número tende a aumentar cada vez mais.
Para além do “No Mobile”
Para a psicóloga e psicanalista Denise Moraes, a nomofobia deve ser entendida, e analisada, para além do simples “no mobile”. Ela explica que o termo, em si, carrega uma versão dos valores de uma sociedade pós-moderna e representa o mal-estar resultante deste século, sob a ordem da satisfação imediata e ilusória.
“O vício é deflagrado diante do aprisionamento da pessoa não aos aparelhos em sim, mas à conexão que estes oferecem ao portal para o mundo. Dessa forma, limita o sujeito a uma vida virtual em detrimento de experienciar o aqui e o agora”.
Ela enfatiza que esta conexão desenfreada, essa urgência, gera um empobrecimento da vida pessoal, ao se viver através das câmeras do celular e das redes sociais como se a felicidade só fosse possível quando comparada, postada e visualizada.
“Considero este ponto abusivo e desproporcional, dado à importância que se dá a esta exposição. Há uma real perda de liberdade em busca de aceitação. A angústia entre o que se é e o que se idealiza”.
Essa análise feita pela psicanalista também é pauta de estudo nos centros acadêmicos de outros países. Uma pesquisa feita pela Universidade Técnica de Ambato, no Equador, concluiu que a nomofobia afeta significativamente o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, e muitos dos entrevistados afirmaram ficar ansiosos e angustiados pela falta do celular durante a aula, mesmo que por algumas poucas horas.
Uma outra pesquisa, também no Equador, feita com jovens de 17 a 21 anos, constatou que a maior parte dos entrevistados tem mais apego ao celular do que aos familiares, considerando o aparelho móvel uma necessidade mais básica do que os laços afetivos. E mais da metade afirmou que deixa de lado as relações pessoais para ficar no celular.
Você tem nomofobia?
Esses sintomas podem indicar se a sua relação com os dispositivos móveis está exagerada:
• Tem a sensação de que, a todo o momento, o celular está tocando ou vibrando;
• Tem taquicardia ou sudorese quando se vê sem o aparelho;
• Mente sobre o tempo que fica diariamente no celular;
• Fica extremamente mal humorado ou irritado sempre que está sem sinal de internet;
• Deixa esse mau humor refletir nas relações familiares e sociais;
• Tenta diminuir o tempo que fica conectado, mas não consegue;
• Prefere ficar no celular a se socializar com as pessoas em encontros familiares e sociais.
Com relação aos sintomas físicos, os mais frequentes são dor na coluna lombar; dores nas mãos e no polegar; e dor no pescoço causada por ficar muito tempo no celular e na posição errada – dor também conhecida como tech neck.
A psicanalista alerta que não há medidas universais para se caracterizar o hábito como vício, e não se pode “endemonizar” os aparelhos de forma aleatória, embora a nomofobia esteja transfigurando e evidenciando um aspecto que encontra na atualidade um redimensionamento conflituoso na relação com as pessoas, com o prazer e a felicidade.
“Assim como o uso é singular, também são os pesos e as medidas do aproveitamento que se faz da tecnologia. Portanto, é preciso pensar e pontuar o quanto este hábito pode te afastar da sua vida, e de como essa conexão interfere na sua forma de estar no mundo – de viver sob o olhar do outro, ao invés de diante do outro”.
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Redação iBahia
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