No mês de outubro se comemora o Dia Nacional e O Dia Mundial do Dentista, e é importante aproveitar o tema para alertar sobre a saúde bucal e como a falta de cuidados adequados pode afetar nosso organismo.
Dentre os problemas bucais mais comuns na população brasileira está a gengivite que, quando não tratada, pode evoluir para a periodontite. E a periodontite não tratada, quando em estágio grave, pode desencadear problema cardiovascular e pulmonar. De acordo com a Associação Brasileira de Odontologia (ABO) menos de 22% dos adultos e 8% dos idosos têm as gengivas totalmente saudáveis.
A cirurgiã dentista Patrícia Tosta, especialista em periodontia, implante e prótese esclarece, orienta e dá algumas dicas importantes para se ter uma saúde bucal saudável.
Problemas cardíacos e pulmonares
De acordo com Dra. Patrícia cuidar dos dentes não é apenas questão de estética, e sim de saúde. “Quando a saúde bucal não está em harmonia, as bactérias e os fungos naturais existentes na boca podem se proliferar e atingir outros órgãos. A periodontite, por exemplo, pode acarretar problema cardíaco e pulmonar, conforme já atestado pela American Dental Association (ADA)”.
Ela esclarece ainda que diversas doenças sistêmicas podem ter origem em infecções orais. Um exemplo é a endocardite bacteriana, infecção grave das válvulas cardíacas ou das superfícies do coração. “A bactéria que causa esse problema pode ser proveniente de doenças bucais ou da falta de cuidados básicos com a higiene oral, como a escovação, por exemplo”.
O que é uma boca saudável
Saúde bucal não significa apenas a ausência de cáries ou doenças periodontais, mas o equilíbrio que vai desde a manutenção de uma boca limpa, formação óssea correta, e alimentação adequada. São vários fatores, conforme explica a cirurgiã.
“A boca e os dentes desempenham um papel importante em nossa vida cotidiana. Além disso, o sorriso é a expressão facial que mais atrai as pessoas, e nele os dentes também desempenham um papel importante. Uma higienização correta acompanhada de uma alimentação saudável é a dupla ação extremamente benéfica à saúde bucal”, orienta Dra. Patrícia.
Como cuidar da saúde bucal
Para ter um sorriso bonito e saudável são necessários alguns hábitos adequados de higiene oral que devem começar na mais tenra idade, através da escovação após cada refeição, e completando com a escovação da língua, assim como o uso diário do fio dental.
• Escove os dentes sempre após as refeições
• Escove a língua, gengiva e a bochecha
• Passe o fio dental pelo menos uma vez ao dia
• Use enxaguante bucal de 2 a 3 vezes por semana. “Não indico como obrigatório, mas é um importante “coadjuvante”, alerta Dra. Patrícia
• Troque a escova toda vez que as cerdas estiverem abertas
• Use uma escova macia e com o tamanho adequado para sua boca
• Faça uma limpeza eficiente no dentista a cada 6 meses para remover placas bacterianas e os tártaros
• A alimentação deve ser saudável, reduzindo a ingestão de açúcares “inclusive nas mamadeiras, e principalmente antes de dormir e entre as principais refeições”, orienta a cirurgiã.
Os problemas mais graves com os dentes
Cárie - É a desmineralização do dente, que ocorre quando tipos específicos de bactérias produzem ácidos que destroem o esmalte e a camada do dente logo abaixo dela, a dentina. “Contudo, a lesão apenas se manifesta em condições de desequilíbrio na microbiota normalmente residente em nossa cavidade bucal, desencadeado pelo consumo de açúcar”, esclarece a cirurgiã.
Os sintomas:
• Dor, edema (inchaço), mau hálito e alteração da oclusão (encaixe dos dentes)
• Perda da forma (estética) e função (mastigação)
• Necrose pulpar (mortificação) e a consequente necessidade de tratamento de canal, havendo a possibilidade de formação local de pus, “que pode disseminar para outras partes do organismo. Além disso, pode haver necessidade de extração dental”, completa Dra. Patrícia.
Gengivite - É a inflamação da gengiva, o estágio inicial da doença periodontal, e a mais fácil de ser tratada. Suas características mais conhecidas são a vermelhidão, inchaço e sangramento. A causa direta da doença é a placa - uma película viscosa e incolor de bactérias que se forma, de maneira constante, nos dentes e na gengiva. Se a placa não for removida pela escovação e uso de fio dental diários, ela produz toxinas (ácidos) que irritam a mucosa da gengiva causando a gengivite. “Neste estágio inicial da doença gengival, os danos podem ser revertidos, uma vez que o osso e o tecido conjuntivo que segura os dentes no lugar ainda não foram atingidos. Entretanto, se a gengivite não for tratada, ela pode evoluir para uma periodontite e causar danos permanentes aos dentes”, esclarece Dra. Patrícia.
Periodontite - A periodontite é uma doença infecciosa e bacteriana que afeta significativamente os tecidos de suporte dos dentes, como o osso e o ligamento periodontal. A doença é um estágio mais avançado da gengivite. “No entanto, a periodontite já envolve a perda de osso em volta do dente, mais especificamente na raiz, onde é sustentado”, alerta Dra. Patrícia.
A periodontite avançada é caracterizada pela morte de tecido gengival, ligamento do dente e de osso de suporte. É causada pela falta de suprimento sanguíneo, necrose, resultando em infecção grave.
O tratamento é feito com a raspagem na coroa e na raiz do dente para remover placas que se calcificou e se transformou em tártaro (cálculo dental) e, nos casos mais avançados, tem que fazer cirurgia para reduzir as bolsas, e enxerto ósseo para restaurar o osso perdido.
Halitose - O mau hálito, ou halitose, é um problema crônico que atinge 40% da população brasileira. De acordo com a Associação Brasileira de Pesquisas dos Odores Bucais (ABPO), quatro em cada dez pessoas sofrem desse problema.
“A halitose não está sempre ligada a desordens estomacais. Na maior parte das vezes, entre 90 e 95% dos casos, o transtorno vem da cavidade bucal mesmo”, explica Dra. Patrícia.
Sensibilidade - A hipersensibilidade dentinária é definida como uma sensibilidade exagerada da dentina vital exposta a estímulos térmicos, químicos e táteis. A exposição dos túbulos dentinários é responsável por uma redução do limiar de dor do paciente.
“Em condições normais, a dentina, camada interna que envolve o nervo, é coberta pelo esmalte da coroa e a gengiva ao redor do dente. Com o tempo, o esmalte pode se desgastar, reduzindo a proteção. Também, com o tempo, a gengiva pode se retrair, expondo a raiz do dente”, explica a cirurgiã.
A exposição da dentina por ocorrer devido a vários fatores. Os mais comuns são:
• Retração gengival devido à idade ou escovação inadequada
• Bebidas ácidas (como refrigerantes) que causam a erosão do esmalte e a exposição da dentina
• Bruxismo – que, na verdade, faz com que todos ou a maior parte dos dentes tornem-se sensíveis
• Escovação com creme dental muito abrasivo, e/ou escovação em um número de vezes maior do que três
• Gengivite, que pode causar retração gengival
• Dente lascado ou fraturado, com exposição da dentina
Durante a pandemia
Dra. Patrícia alerta que os consultórios dentários sempre foram suscetíveis à contaminação de algumas doenças, como HIV e hepatites, por isso as clínicas costumam ter muito cuidado com a higienização. Mas com a pandemia da Covid-19 os cuidados devem ser reforçados:
Reduzir o número de pacientes agendados
Usar máscara durante todo o tempo que permanecer no consultório
Ao entrar na clínica se deve imediatamente lavar as mãos ou usar álcool 70%
Não ir acompanhado, só em caso específicos como crianças, idosos e pessoas com dificuldades de mobilidade.
Lesões e câncer de boca
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), quem tem mais de 40 anos de idade e consome, ou foi consumidor frequente, de tabaco e bebidas alcoólicas deve procurar um profissional de saúde para fazer um exame preventivo para o câncer de boca caso encontre alguma lesão. O exame é visual, rápido e indolor. Quando o câncer é diagnosticado logo que surge, ele pode ser curado com mais facilidade.
O MS orienta também que é importante aproveitar os momentos da escovação dos dentes para observar se existem lesões, como manchas, caroços, inchaços, placas esbranquiçadas ou avermelhadas e feridas, principalmente na língua, bochecha, lábios, céu da boca, embaixo da língua ou na garganta.
As lesões bucais mais comuns são feridas provocadas por próteses removíveis (dentaduras), aftas, herpes labial e inflamações gengivais. Todas estas são benignas, mas em alguns casos pode ser sinal de problema mais grave.
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Redação iBahia
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