O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) afeta, em média, 5% das crianças, e é um dos importantes fatores que podem impactar no aprendizado escolar. Por isso, é cada vez maior a atenção em relação a esse transtorno, embora cause controvérsias.
“Ainda existe bastante preconceito em relação à investigação e tratamento de qualquer distúrbio relacionado às faculdades mentais, e isso pode levar a uma negação por parte de alguns pais e educadores, dificultando o tratamento”, explica o pediatra Solon Santana Fontes Filho, responsável pelo ambulatório de neurologia infantil do Instituto Bahiano de Reabilitação, do Instituto Pestalozzi de Reabilitação e da Fundação de Neurologia e Neurociências.
De acordo com ele, o uso de medicação é, sem dúvida, o aspecto mais controverso do tratamento, muitas vezes colocando em lados opostos os desejos da família, a opinião dos terapeutas e a prescrição do médico. “Há níveis diferentes de comprometimento, bem como de resposta às intervenções ambientais e terapêuticas. E também há muita mistificação seja, pela exacerbação de efeitos colaterais, ou por grandes expectativas de resposta terapêutica. É necessário tomar uma decisão conjunta, bem discutida, e que leve em conta a visão de cada ator do processo, incluindo o interesse da criança e a opinião do adolescente”, destaca o médico.
Os sinais, e quando se manifestam
Os meninos apresentam predominância de hiperatividade e as meninas dos sintomas de desatenção, embora haja frequente cruzamento desses sinais. Sugere-se que as causas prováveis incluam fatores hereditários, em associação a aspectos ambientais.
Geralmente, os sintomas se manifestam antes dos 12 anos de idade, e em dois ou mais ambientes, com impacto na vida social e/ou escolar. De acordo com o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os sintomas podem ser classificados em 2 grupos:
Desatenção - a criança apresenta dificuldades para manter a atenção nas atividades escolares e lúdicas, com desorganização, falta de foco, erros por descuido, distração, e não finaliza as tarefas.
Hiperatividade/impulsividade - com excesso de atividade motora, inquietação, sobe, pula ou corre em lugares e situações inadequadas, relatos de que "não para um segundo". Fala em demasia, não espera sua vez de falar, interrompe, se intromete.
Como lidar com o TDAH
Dr. Solon explica que o papel dos pais e professores é fundamental, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento. Primeiro, observando a forma como a criança se comporta durante as atividades escolares e lúdicas, ou que exijam esforço mental e concentração. Segundo, através do suporte e manejo da situação.
Algumas técnicas se mostram eficazes e são indicadas: adaptar o ambiente de estudo, evitando fatores de distração; fazer intervalos para descanso; fazer supervisão próxima; e adaptação dos materiais escolares.
Pode ser necessário, também, o suporte psicopedagógico em caso de comprometimento do aprendizado, e a intervenção medicamentosa em casos selecionados.
Outros transtornos associados
De acordo com a Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde, algumas condições ou patologias podem coexistir com TDAH:
• Comportamento agressivo e transtorno de conduta
• Distúrbios do sono
• Depressão
• Problemas de aprendizado
• Alteração no humor, impopularidade entre os colegas e dificuldades de interação social
Além disso, Dr. Solon alerta que transtorno de ansiedade e abuso de substâncias estão entre as possibilidades. “Quando presentes, é orientado tratamento também com psiquiatra”, recomenda o pediatra.
Prejudica o dia a dia e o bem-estar da criança?
Dr. Solon explica que o TDAH é uma condição, e nem sempre essa condição leva a um prejuízo sensível, quando bem manejada. “A presença de sintomas hiperativos, por exemplo, pode ser direcionada para atividades onde a destreza física seja exigida, e a impulsividade para atividades que exijam comunicação. Por outro lado, se há prejuízo no aprendizado, ou na socialização, a ajuda psicopedagógica ou psicológica pode ser necessária”.
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Redação iBahia
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