“Água ou chá quente mata o coronavírus”, “vacinas causam autismo”, “vacina contra gripe causa buraco em braço”, “chá de folhas de graviola cura o câncer”, “uísque e mel contra o coronavírus”. Todas estas mensagens são falsas, e, assim como centenas de outras espalhadas pela internet e por celulares, se tornaram um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. As chamadas fake news viralizam em velocidade meteórica e em grandes proporções, gerando prejuízos ao sistema de saúde.
O médico hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Raymundo Paraná, é um dos estudiosos no assunto. Ele afirma que as fake news são fruto de interesses escusos individuais, acima da coletividade. Em qualquer área que sejam disseminadas, segundo Paraná, sempre haverá o objetivo de causar polêmicas sobre fatos que não estão comprovados ou de manchar negativamente a imagem de pessoas e instituições através de falsas informações ou conceitos. “Muitas vezes, ferem a ética profissional ao expor pacientes e alardear tratamentos nada científicos que, geralmente, gravitam na órbita do fitness, do sobrepeso corporal e da estética”, declarou.
Raymundo Paraná, que também é superintendente médico do Hospital Aliança, acredita que o enfrentamento dessa questão passa por uma ação de toda a sociedade, incluindo o Congresso Nacional, com uma legislação mais dura para quem espalha falsas notícias. “Passa também pela educação das nossas crianças acerca dos malefícios das informações superficiais e da falta de credibilidade das fontes. Há também as famílias e os grupos que devem exercer regulação sobre a propagação das fake news na internet ou nos grupos de aplicativos”, destacou.
É comum, segundo o médico, profissionais da área de saúde se depararem com situações adversas, divulgadas sobretudo em redes sociais, quando contrariam interesses ou quando desagradam pacientes, por exemplo. “Temos conhecimento de vários profissionais que passaram por situações desagradáveis neste sentido”, afirmou. Mas ele lembra que há também aqueles que estão produzindo fake News. “Vários adentraram por este caminho e disseminam informações repletas de falsos conceitos, buscando assim angariar pacientes para os seus consultórios. Costumam se definir como especialistas de neo-especialidades que sequer são reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina. Esses profissionais geralmente cobram caro pelas consultas e pelas sessões, solicitam grande número de exames descontextualizados do quadro clínico, prescrevem fórmulas esdrúxulas e jamais atendem por plano de saúde. Em adição, usam e abusam das redes sociais para autopropaganda”, enfatizou.
O enfrentamento neste caso, de acordo com o Dr. Raymundo Paraná, deve ser feito através de denúncias ao Conselho de Medicina, estimulando os pacientes que são vítimas a denunciarem os casos. Procurar o profissional da medicina com boa formação técnica e moral, para ele, continua sendo a melhor forma de combater as fake news na área de saúde.
Canal combate
O Ministério da Saúde (MS) criou, em 2018, um canal para combater as fake news. Disponibiliza um número de WhatsApp (61-99289-4640) onde recebe informações virais, que são apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira. O cidadão pode enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais, para que seja confirmada se a informação procede, antes de continuar compartilhando.
O serviço do MS para combater boatos somou, em um ano, 11,5 mil resoluções de 12,2 mil dúvidas enviadas. Foram esclarecidas mais de uma centena de notícias falsas, e os temas mais recebidos foram vacinação, falsos cadastros para atendimento no SUS, surgimento de câncer por falta de vitamina, uso excessivo de celulares e curas milagrosas de doenças por meio de alimentos.
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Redação iBahia
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