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SAÚDE

Diabetes: entenda a gravidade e as principais dúvidas

De acordo com a endocrinologista, a Covid-19 pode deflagrar um quadro de diabetes em pacientes saudáveis e/ou com pré-diabetes, piorando a condição de quem tinha um quadro inicial de doença

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Redação iBahia

16/10/2020 às 15:20 • Atualizada em 31/08/2022 às 17:00 - há XX semanas
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Desde o início da pandemia da Covid-19 os órgãos de saúde de todo o mundo apontam uma relação de gravidade maior nos casos de infecção em pessoas com diabetes, e associadas a outras condições pré-existentes, como as doenças cardiovasculares e a obesidade. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) vem se unindo ao esforço global para reduzir o risco dos diabéticos e suas complicações durante a pandemia.
Para entender melhor as complicações do diabetes com a Covid-19 convidamos a endocrinologista Reine Marie Chaves Fonseca, vice-presidente da SBD/Regional BA, e diretora fundadora do Cedeba (Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia) para esclarecer os principais pontos.
Por que o diabetes é complicador para a Covid-19
Dra. Reine explica que no indivíduo diabético as disfunções metabólicas podem levar às alterações nas respostas imunológicas diante de uma infecção, independente da carga viral. Os processos metabólicos são mediadores importantes dos mecanismos de defesa, protegendo contra os danos fisiológicos que ocorrem durante as infecções. Sendo assim, pessoas diabéticas e obesas estão associadas à maior gravidade quando infectados pela Covid-19. “São razões multifatoriais, mas a disfunção imunológica é a base do processo. Além disso, complicações inerentes ao diabetes e à síndrome metabólica, presentes em indivíduos obesos, levam a um estado de resistência à insulina e uma hiper resposta inflamatória, tornando-os mais suscetíveis ao desenvolvimento de quadros mais graves”, esclarece a endocrinologista.
Foto: reprodução / Revista ABM
Principais riscos
De acordo com a endocrinologista, o diabetes aumenta o risco de fibrose pulmonar, distúrbios pulmonares obstrutivos e diminuição da função respiratória, que por sua vez podem diminuir a oxigenação de vários órgãos, e ocasionar lesão renal, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e complicações cardiovasculares, geralmente vistos nos casos graves e críticos da infecção pelo Covid-19. “Pode ocorrer ainda uma resposta exacerbada da coagulação, que em combinação com vasos sanguíneos já danificados vão aumentar a probabilidade de acidentes vasculares isquêmicos e embolia pulmonar, comprometendo a hemodinâmica cardiovascular”, complementa.
Quem tem o diabetes controlado corre menos risco
Um estudo retrospectivo com mais de 7 mil pessoas na China com diagnóstico comprovado de Covid-19, sugeriu que a glicemia controlada está associada a melhores resultados nos pacientes diabéticos tipo 2 infectados pelo vírus. “Diabetes bem controlado apresenta alterações mais baixas na evolução para insuficiência respiratória, em comparação com diabetes com controle ruim, quando infectados pela Covid-19. Portanto, a glicose no sangue bem controlada está relacionada com risco reduzido de mortalidade e complicações graves nestes indivíduos”, avalia Dra. Reine.
Os sintomas da Covid-19 são diferentes para quem tem diabetes?
Não. A endocrinologista explica que os sintomas são semelhantes para quem tem ou não diabetes, porém em consequência da hiperglicemia a evolução dentro dos estágios da doença pode ser mais grave no diabético, como consequência das alterações na saúde metabólica que é responsável pelo funcionamento adequado dos processos do organismo. “O diabético não tem maior risco de contrair a doença, porém uma vez sendo infectado, pode ter maior risco de agravar a evolução da infecção”, esclarece.
O pré-diabetes também é considerado grupo de risco
De acordo com a endocrinologista, a Covid-19 pode deflagrar um quadro de diabetes em pacientes saudáveis e/ou com pré-diabetes, piorando a condição de quem tinha um quadro inicial de doença. Portanto, o indivíduo com pré-diabetes também deve ser alertado para um maior risco de complicações mais sérias, se infectado. “Isso pode acontecer através da enzima pela qual o vírus se liga ao corpo humano, que funciona como porta de entrada para as células responsáveis pela regulação da glicose, como pâncreas, rins, fígado, intestino delgado e tecido adiposo”, explica Dra. Reine.
Fatores de risco associados a diabetes
Além de complicações crônicas, como as cardiovasculares e renais, que estão mais vulneráveis a quadros graves da Covid-19, a obesidade geralmente é o maior fator de risco para o diabetes, e está bastante associada ao diabetes tipo 2, podendo agravar o risco de complicações. “O indivíduo obeso é considerado um indivíduo ¨inflamado¨ em decorrência da resistência à insulina, alterando, assim, a saúde metabólica e a resposta imune. Associado ao obeso estão a alteração da complacência pulmonar, mecânica respiratória prejudicada, aumento de resistência de vias aéreas e trocas gasosas prejudicadas, além de baixa força muscular respiratória e volumes pulmonares”, enfatiza a endocrinologista. Ela alerta que estes quadros também ocorrem em diabéticos tabagistas e/ou com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Fator idade é determinante
Segundo a endocrinologista, idosos diabéticos tem o risco maior de quadros mais graves, muitas vezes porque já tem complicações renais ou cardiovasculares da doença de base.
Existe tratamento ou remédio que previne o diabetes contra a Covid-19?
Não existe nenhum tratamento com comprovação científica que possa prevenir a infecção pelo Covid-19.
O que deve fazer a pessoa diabética que suspeita que está com Covid-19
Inicialmente não deve perder o controle e o equilíbrio emocional. Caso esteja assintomático, deve apenas fazer o isolamento para prevenir contaminação de pessoas próximas e falar com seu endocrinologista. Caso apresente sintomas, como febre e tosse seca de leve intensidade, serão indicados medicamentos e observação da evolução, para verificar se está havendo sinais de piora respiratória, com redução da saturação de oxigênio. Se isso ocorrer, tem que procurar uma assistência hospitalar para uso de antibióticos e corticoides, e um infectologista deve ser consultado. “É importante alertar que os medicamentos para tratamento do diabetes não devem ser suspensos, exceto se houver recomendação específica do médico”, orienta a endocrinologista.
Prevenção e controle do diabetes na pandemia
A prevenção e o controle do diabetes, no momento, sãos os mais importantes aliados para evitar quadros graves de infecção pela Covid-19 conforme explica Dra. Reine. “Manter o distanciamento social, uso de máscaras de forma adequada, evitar ambientes públicos com aglomerações, e manter um bom controle metabólico são as condutas principais para evitar contaminação e estar mais preparado para responder adequadamente e sem maior gravidade, em caso de infecção”.

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