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SAÚDE

Brasileiro está entre os mais ‘preguiçosos’ do mundo

Dados coletados são anônimos, mas fornecem informações de idade, sexo, peso e altura dos usuários

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Redação iBahia

13/07/2017 às 11:58 • Atualizada em 01/09/2022 às 2:23 - há XX semanas
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Um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Stanford revelou que o brasileiro está entre os povos com menos atividade física do mundo. Analisando dados capturados por um aplicativo de smartphone que conta o número de passos dados, o estudo, publicado esta semana na revista “Nature”, mostra que o país ocupa a 40ª posição no ranking, de um total de 46 países avaliados.

Foto: Divulgação

Foram avaliados dados anônimos de 717.527 usuários do aplicativo Argus, que usaram o contador de passos por pelo menos dez dias. As informações se referiam a 111 países, mas foram considerados apenas os 46 com mais de mil usuários. Na média, os usuários dão 4.961 passos por dia, distribuídos ao longo de 14 horas. Os resultados mostram que o povo mais ativo é o de Hong Kong, com média de 6.880 passos diários, seguidos por China, com 6.189, e Ucrânia, com 6.107.

Na outra ponta estão os indonésios, com média de 3.513 passos diários, os sauditas, com 3.807, e os malaios, com 3.963. Os brasileiros ficam pouco acima, com média de 4.289 passos diários. Além da curiosidade, esses dados fornecem informação valiosa para políticas de saúde pública.

— O big data não é apenas sobre números, mas também sobre padrões que podem explicar tendências de saúde — disse Grace Peng, diretora do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia dos EUA, ligado aos Institutos Nacionais de Saúde. — A ciência de dados e modelagem podem ser ferramentas imensamente poderosas. Elas pode ajudar no aproveitamento e análise de dados personalizados que coletamos de telefones e dispositivos vestíveis.

Os dados coletados são anônimos, mas fornecem informações de idade, sexo, peso e altura dos usuários. Com as informações, os pesquisadores aplicaram o Índice de Gini, usado por economistas para medir a concentração de renda, e calcularam a desigualdade de atividade física da população de cada país.

— Esses resultados revelam quanto de uma população é rica em atividade, e quanto da população é pobre em atividade — explicou Scott Delp, pesquisador de Stanford e coautor do estudo. — Em regiões com alta desigualdade de atividade existem muitas pessoas que são pobres em atividade, tornando o índice um forte preditor de problemas de saúde.

Índice de Desigualdade na atividade física

Como exemplo, o pesquisador cita que a média de passos diários de mexicanos e americanos, que é equivalente. Mas a desigualdade de atividade nos EUA, ou seja, a diferença entre os que andam mais e os que andam menos, é maior que no México, o que corresponder a uma maior prevalência da obesidade entre os americanos.

Os pesquisadores também notaram que quanto maior a desigualdade de atividade, maior a proporção de mulheres pouco ativas. Em países onde a atividade é mais uniforme entre a população, como o Japão, homens e mulheres têm atividade física equivalente, mas em países onde a disparidade é maior, como EUA e Arábia Saudita, existe uma redução desproporcional na atividade das mulheres.

— Quando a desigualdade de atividade é grande, a atividade das mulheres é reduzida muito mais drasticamente que a dos homens, e isso tem conexões negativas em como a obesidade pode afetar as mulheres — pontuou o cientista de dados Jure Leskovec, de Stanford, que também participou do estudo.

URBANISMO COMO POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA

Essas informações podem servir de base para políticas públicas de saúde, já que o sedentarismo está diretamente relacionado com diversas doenças. A estimativa é que 5,8 milhões de pessoas morram anualmente devido à falta de atividade física. O estudo aponta que uma das soluções para incentivar a atividade física da população, e reduzir problemas de saúde relacionados, está no urbanismo.

Estudos anteriores haviam avaliado a infraestrutura para pedestres em 69 cidades americanas, considerando fatores como facilidade de ir andando a lojas, restaurantes, parques e outros destinos. Essas informações foram correlacionadas com os dados de número de passos. Segundo Jennifer Hicks, diretora do Mobilize Center em Stanford e coautora da pesquisa, os resultados deixam claro que o design das cidades tem impacto na saúde.

— Olhando três cidades da Califórnia com proximidade geográfica — São Francisco, São José e Fremont — nós determinamos que São Francisco tinha tanto a melhor pontuação de facilidade para pedestres e os menores níveis de desigualdade de atividade — disse a pesquisadora. — Em cidades que facilitam as caminhadas todos tendem a dar mais passos diários, sejam homens ou mulheres, idosos ou jovens, magros ou obesos.

A forma como os pesquisadores lidaram com os dados coletados por dispositivos móveis abre nova fronteira científica. Segundo Leskovec, a metodologia é tão nova que revisores chegaram a duvidar dos resultados, mas métodos computacionais rigorosos e dados robustos deram validade à pesquisa.

— Esse estudo é mil vezes maior que qualquer outro já realizado sobre o movimento humano — destacou Delp, — Estudos maravilhosos foram feitos, mas o nosso fornece dados de mais países, de muito mais indivíduos e rastreia a atividade das pessoas continuamente em ambientes livres. Isso abre portas para novas formas de fazer ciência numa escala muito maior do que éramos capazes de fazer antes.Um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Stanford revelou que o brasileiro está entre os povos com menos atividade física do mundo. Analisando dados capturados por um aplicativo de smartphone que conta o número de passos dados, o estudo, publicado esta semana na revista “Nature”, mostra que o país ocupa a 40ª posição no ranking, de um total de 46 países avaliados.

Foram avaliados dados anônimos de 717.527 usuários do aplicativo Argus, que usaram o contador de passos por pelo menos dez dias. As informações se referiam a 111 países, mas foram considerados apenas os 46 com mais de mil usuários. Na média, os usuários dão 4.961 passos por dia, distribuídos ao longo de 14 horas. Os resultados mostram que o povo mais ativo é o de Hong Kong, com média de 6.880 passos diários, seguidos por China, com 6.189, e Ucrânia, com 6.107.

Na outra ponta estão os indonésios, com média de 3.513 passos diários, os sauditas, com 3.807, e os malaios, com 3.963. Os brasileiros ficam pouco acima, com média de 4.289 passos diários. Além da curiosidade, esses dados fornecem informação valiosa para políticas de saúde pública.

— O big data não é apenas sobre números, mas também sobre padrões que podem explicar tendências de saúde — disse Grace Peng, diretora do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia dos EUA, ligado aos Institutos Nacionais de Saúde. — A ciência de dados e modelagem podem ser ferramentas imensamente poderosas. Elas pode ajudar no aproveitamento e análise de dados personalizados que coletamos de telefones e dispositivos vestíveis.

Os dados coletados são anônimos, mas fornecem informações de idade, sexo, peso e altura dos usuários. Com as informações, os pesquisadores aplicaram o Índice de Gini, usado por economistas para medir a concentração de renda, e calcularam a desigualdade de atividade física da população de cada país.

— Esses resultados revelam quanto de uma população é rica em atividade, e quanto da população é pobre em atividade — explicou Scott Delp, pesquisador de Stanford e coautor do estudo. — Em regiões com alta desigualdade de atividade existem muitas pessoas que são pobres em atividade, tornando o índice um forte preditor de problemas de saúde.

ÍNDICE DE DESIGUALDADE NA ATIVIDADE FÍSICA

Como exemplo, o pesquisador cita que a média de passos diários de mexicanos e americanos, que é equivalente. Mas a desigualdade de atividade nos EUA, ou seja, a diferença entre os que andam mais e os que andam menos, é maior que no México, o que corresponder a uma maior prevalência da obesidade entre os americanos.

Os pesquisadores também notaram que quanto maior a desigualdade de atividade, maior a proporção de mulheres pouco ativas. Em países onde a atividade é mais uniforme entre a população, como o Japão, homens e mulheres têm atividade física equivalente, mas em países onde a disparidade é maior, como EUA e Arábia Saudita, existe uma redução desproporcional na atividade das mulheres.

— Quando a desigualdade de atividade é grande, a atividade das mulheres é reduzida muito mais drasticamente que a dos homens, e isso tem conexões negativas em como a obesidade pode afetar as mulheres — pontuou o cientista de dados Jure Leskovec, de Stanford, que também participou do estudo.

Urbanismo como saúde política

Essas informações podem servir de base para políticas públicas de saúde, já que o sedentarismo está diretamente relacionado com diversas doenças. A estimativa é que 5,8 milhões de pessoas morram anualmente devido à falta de atividade física. O estudo aponta que uma das soluções para incentivar a atividade física da população, e reduzir problemas de saúde relacionados, está no urbanismo.

Estudos anteriores haviam avaliado a infraestrutura para pedestres em 69 cidades americanas, considerando fatores como facilidade de ir andando a lojas, restaurantes, parques e outros destinos. Essas informações foram correlacionadas com os dados de número de passos. Segundo Jennifer Hicks, diretora do Mobilize Center em Stanford e coautora da pesquisa, os resultados deixam claro que o design das cidades tem impacto na saúde.

— Olhando três cidades da Califórnia com proximidade geográfica — São Francisco, São José e Fremont — nós determinamos que São Francisco tinha tanto a melhor pontuação de facilidade para pedestres e os menores níveis de desigualdade de atividade — disse a pesquisadora. — Em cidades que facilitam as caminhadas todos tendem a dar mais passos diários, sejam homens ou mulheres, idosos ou jovens, magros ou obesos.

A forma como os pesquisadores lidaram com os dados coletados por dispositivos móveis abre nova fronteira científica. Segundo Leskovec, a metodologia é tão nova que revisores chegaram a duvidar dos resultados, mas métodos computacionais rigorosos e dados robustos deram validade à pesquisa.

— Esse estudo é mil vezes maior que qualquer outro já realizado sobre o movimento humano — destacou Delp, — Estudos maravilhosos foram feitos, mas o nosso fornece dados de mais países, de muito mais indivíduos e rastreia a atividade das pessoas continuamente em ambientes livres. Isso abre portas para novas formas de fazer ciência numa escala muito maior do que éramos capazes de fazer antes.

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