Quando os resultados forem divulgados na tarde deste sábado (23), a Irlanda pode se tornar o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay por meio do voto popular. Durante toda a sexta-feira, milhões de irlandeses foram às urnas para dizer sim ou não à união matrimonial de pessoas do mesmo sexo.
O referendo é visto como um avanço em um país fortemente católico, em que os atos homossexuais eram criminalizados até 1993. Em sua última entrevista a uma TV irlandesa antes do início da votação, o primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, pediu aos eleitores para votarem “sim, pelo amor e pela igualdade”. Os partidários do não, principalmente líderes, escritores e ativistas católicos, fizeram uma dura campanha contra a legalização do casamento gay no país. Uma aliança entre católicos e protestantes resultou na distribuição de mais de 90 mil panfletos advertindo sobre as consequências de uma vitória do sim, entre as quais a “destruição do conceito tradicional de família”. A porta-voz da Associação de Pais e Mães, Evana Boyle, acha que o casamento está ligado ao direito constitucional de ter uma família. “A criança tem o direito de ter um pai e uma mãe. Todos sabemos que pais e mães são diferentes.” Já a presidente da Federação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT) da Irlanda, Olivia McEvoy, acredita que “nenhum cidadão deveria ter que ir de porta em porta pedir pelo direito de ser tratado com igualdade, em nenhum país”. Dezessete países, incluindo a Espanha, a França, a Argentina e a Dinamarca, e vários estados norte-americanos legalizaram o casamento gay. Na Irlanda, a tendência é que o sim prevaleça na proporção de dois votos para um. O estudante Samuel Riggs, de 22 anos, votou sim. “Eu não posso aceitar um mundo em que essa proposta não seja aprovada. A mudança é progressiva, é mais inclusiva e pode realmente ajudar muitas pessoas no país”. Outro jovem que também compareceu às urnas para apoiar a união de pessoas do mesmo sexo foi Ian Mooney, de 23 anos. “Pela primeira vez, se o sim prevalecer, teremos uma Irlanda em que as pessoas que se sentiram discriminadas no passado se sentirão incluídas e iguais em nossa sociedade. Será um grande feito".
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