O caso de uma jovem italiana deixou os médicos da Universidade de Florença perplexos. Ela foi admitida na emergência do hospital universitário com um histórico de três anos de sangramentos aparentemente inexplicáveis, no rosto e nas palmas das mãos, dada a ausência de lesões na pele. O caso foi relatado esta semana no periódico “Canadian Medical Association Journal“.
Sem uma explicação aparente para a condição, a equipe médica buscou detalhes. Segundo o relato da jovem, os sangramentos poderiam acontecer durante atividades físicas, mas também quando estava dormindo. Os episódios duravam entre um e cinco minutos, e eram mais intensos durante períodos de estresse emocional.
Por causa dos sangramentos inexplicáveis, a paciente se tornou cada vez mais isolada por causa da vergonha, e demonstrou sintomas consistentes com depressão e síndrome do pânico. Inicialmente, os médicos suspeitaram de um transtorno factício, quando os próprios pacientes provocam danos a si mesmos para chamar atenção, mas a hipótese foi descartada.
A jovem foi tratada para a depressão e desordens de ansiedade, mas os sangramentos continuaram. Uma análise na secreção detectou a presença de hemácias, direcionando o diagnóstico para a hematidrose, uma rara condição que faz a pessoa “suar sangue”.
Na literatura, não existe uma explicação definitiva para a origem do sangramento. Uma hipótese é que ele seria causado pelo rompimento de finas veias que passam por glândulas sudoríparas, mas existem relatos de sangramentos em regiões do corpo que não possuem essas glândulas. A jovem italiana foi tratada com propranolol, droga para o controle da hipertensão, amenizando o sintoma, mas não curando totalmente.
Num comentário que acompanhou a descrição do caso, Jacalyn Duffin, historiador da medicina e hematologista na Universidade Queen, em Kingston, Ontário, relatou ter sido cético em relação à existência da hematidrose, mas após uma revisão na literatura encontrou 28 casos nos últimos 13 anos, o que reverteu sua posição.
As descrições sobre “suar sangue” aparecem em escritos de Aristóteles, no terceiro século a.C., e no período medieval algumas referências à condição foram feitas relacionando a crucificação de Cristo com a condição. Desde 1880 Duffin encontrou 42 casos relatados na literatura médica, sendo 18 nos últimos cinco anos.
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Redação iBahia
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