Sim, ele pôde. Depois de oito anos como homem mais poderoso do mundo, Barack Obama coleciona vitórias e decepções. A esperança que despertou em 2009, quando chegava à Casa Branca, se concretizou na economia, no meio ambiente e na saúde dos americanos, porém passou longe de transformar o mundo num local mais seguro e menos conflituoso. E o pior para ele ainda pode estar à espreita: Donald Trump terá a chance de apagar seu legado. Barack Obama já tem seu lugar garantido na história como primeiro presidente negro dos Estados Unidos. O risco é não sobrar muito mais para contar além disso.
"Ninguém sabe como Obama será lembrado. No começo, (Richard) Nixon era ligado apenas ao escândalo de Watergate, mas agora é visto como o presidente que retomou as relações com a China. A entrada de Obama na História depende muito de como será a reação de Trump ao legado de seu antecessor", disse ao GLOBO Dan Glickman, ex-secretário de Agricultura do governo de Bill Clinton e integrante do The Bipartisan Policy Center (BPC), o Centro de Políticas Bipartidárias, organização criada há dez anos por republicanos e democratas.
Para os americanos, dois pontos principais marcam positivamente o governo de Obama: a recuperação econômica e o Obamacare, a reforma do sistema de saúde americano. A economia vai bem: o democrata entrega um país crescendo forte e com 15 milhões de empregos a mais. Já a reforma de saúde pública, que leva o nome do presidente, é o legado mais ameaçado.
"Em questões como saúde, o Congresso já está avançando para derrubar o Obamacare mesmo antes da posse de Trump", exemplificou Eric Farnsworth, vice-presidente do centro de estudos Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA, na sigla em inglês).
Obama valoriza os dois pontos. Na carta que divulgou na última quinta-feira, em um balanço que fez de seu governo, destacou a questão da saúde pública, lembrando que, pela primeira vez, 90% dos americanos têm acesso a planos de saúde (o Obamacare tem 20 milhões de usuários). Ele também reforçou a economia, lembrando que, além dos empregos, regulamentou o setor financeiro e, mesmo assim, o valor das empresas na bolsa triplicou sob sua gestão.
"O grande legado é econômico. Ele impediu que a grande recessão se tornasse uma depressão. Isso é mérito de Obama", afirmou a professora Jennifer Lawless, da American University, de Washington.
Mas todo o demais está frágil: a maior parte das ações do democrata é baseada em normas executivas, que podem ser facilmente desfeitas por Trump. O republicano conta com maioria no Congresso. E, juntos, farão a Suprema Corte voltar a ser dominada por conservadores. Alguns creem que a pior derrota de Obama foi não ter feito sua sucessora, Hillary Clinton, colocando sua história nas mãos de alguém tão imprevisível como o bilionário.
Na segurança, Obama será sempre lembrado como o presidente que matou Osama bin Laden, mas que não conseguiu fechar a prisão de Guantánamo e nem endurecer a compra de armas. O recrudescimento do terrorismo e a criação do Estado Islâmico se deram em seus oito anos.
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Redação iBahia
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