Sempre rejeitado, frizz ganha status de destemido

Foram duas horas para o penteado feito a quatro mãos ficar pronto. Primeiro, a cabeleireira Tamara Zavareze e seu assistente secaram o cabelo da modelo Renatha Vivas, de 28 anos. Depois, levaram uma hora fazendo mais de 50 tranças pequenininhas e amarraram as pontas com elásticos transparentes (“Quase cochilei com eles mexendo no meu cabelo”, revela a modelo). Borrifaram um protetor térmico e chegou a vez de deslizarem a chapinha sobre as madeixas entrelaçadas. Até que, enfim, chegou a hora de desmanchá-las.

— Acho muito mais bonito cabelo com onda do que escorrido. Sempre seco e uso o miracurl, sou viciada. O meu rosto é fino, então combina mais com cabelo volumoso — opina a modelo. Não existe uma receita de bolo para cultivar a juba. Em vez de secar o cabelo, outra dica é dormir com ele trançado e desamarrar no dia seguinte. Tendência em editoriais de moda, o penteado frisado pode ser feito ainda com equipamentos como o tri-ondas, espécie de babyliss com três camadas de aquecimento.

— Na Renatha, trabalhamos um penteado mais conceitual, que poderia ser usado num desfile, num baile de máscaras ou no carnaval. Nas ruas, o frisado com textura mais solta aparece com mais frequência — diferencia Tamara, profissional do salão Jacques Janine. Um truque foi não fazer as tranças até o final do cabelo, deixando um palmo solto. — A ponta lisa deixa a textura mais moderna — sugere.

O visual frisado remete a uma infinidade de referências dos anos 1980 e 1990. Uma delas é a boneca Barbie, que teve mais de uma versão com a cabeleira marcada, desde a loura até a com as madeixas azuis. Outra personagem icônica é a da atriz Daryl Hannah, que fez par com Tom Hanks no filme “Splash: uma sereia em minha vida”. — Lembro da Whitney Houston com aquele visual meio pantera no clipe “I wanna dance with somebody” — comenta o hairstylist Ítalo Leite, do Werner Maison.

Antes inimiga de muitas mulheres, a palavrinha frizz foi promovida ao status de destemida. Além do penteado produzido em salão, os cabelinhos arrepiados têm, hoje, o seu valor. — Essa coisa do cabelo liso total está caindo. A maioria das minhas clientes orienta que, qualquer que seja o procedimento a ser feito no salão, os fios fiquem com um aspecto mais próximo do natural — analisa Ítalo.

Os fios fora do lugar também são uma aposta do cabeleireiro Willian Xavier, do Espaço Marcio Mello.— O sempre rejeitado frizz está liberado. Chega trazendo uma pegada mais leve, natural e real. O cabelo arrumadinho perdeu o posto de preferido. Hoje, as mulheres desejam ter um estilo de cabelo mais natural, livre de alisamentos e progressivas. É a vez das ondas, dos cachos e do frizz — banca o cabeleireiro.

Um, dois, três e já: Na prática, o tripple curling, como é chamado o tri-ondas lá fora, funciona igualzinho ao babyliss. Mas em vez de um tubinho para enrolar os fios, são três. O aparelho (foto) deixa o cabelo frisado, com a textura mais aberta.

Jogue suas tranças de mel: É um exercício de paciência trançar o cabelo inteiro. Mas se você quer ter madeixas de sereia, meu bem, foque no resultado. O penteado pode ser feito com o cabelo seco e chapinha ou molhado. O segredo é fazer muitas e muitas tranças. E depois desmanchá-las.

Debaixo dos caracóis: É literal, o miracurl faz tipo milagre no cabelo. Você seleciona uma mecha pequena, coloca dentro do aparelho e espera ele fazer “pipipi”. Quando apitar, é só soltar que os seus cabelos estarão lindamente ondulados.