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ENTRETENIMENTO

Entenda como usar o autoconhecimento a seu favor na quarentena

"Lugar seguro" para enfrentar desafios pode estar no lado de dentro da pessoa

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Redação iBahia

24/04/2020 às 18:13 • Atualizada em 29/08/2022 às 4:32 - há XX semanas
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Nessas quase quatro décadas em que me dedico a aplicar treinamentos de autoconhecimento, pude constatar que, sempre que se veem diante de um problema de qualquer espécie, a maior parte das pessoas busca por respostas e soluções do lado de fora. Confrontadas pelo desconhecido, elas se deixam tomar pelo medo, e, então, se mobilizam. Fazem o que for preciso para voltar ao seu lugar comum e seguro o mais rápido possível. No entanto, agem dessa forma sem nem se dar conta de que o tal ‘lugar seguro’ que tanto buscam está do lado de dentro; que as respostas externas são fugazes e estão fora de seu controle. Portanto, apegar-se a elas só causará mais impermanência, insegurança e medo.
E por que falo tudo isso? Para explicar que, diante do cenário atual, o autoconhecimento será essencial para que possamos olhar a situação a partir de outro ponto de vista e consigamos enxergar novas possibilidades em meio ao caos. A prática constante e contínua do olhar para si revelará caminhos que, até então, não nos pareciam possíveis. Mas isso só acontecerá se nos esforçarmos em realizar esse exercício com total honestidade, sem críticas, julgamentos ou defesas que impeçam o desabrochar da nossa verdadeira essência.
Claro, estamos todos receosos com a situação, e assumir isso já é o primeiro passo do trabalho de autoconhecimento. Mais que isso, a maior parte de nós já está começando a se aborrecer porque só se fala nesse assunto e os discursos são dissonantes. E, apesar das estatísticas e previsões nada otimistas, apesar de todas as emoções negativas que nos invadem diante de toda essa ameaça, a vida continua! E aí, eu pergunto: vamos deixar a crise tomar conta da gente ou somos nós que vamos tomar conta da crise?
Desta vez, só o raciocínio lógico não bastará
Tenho visto muitos especialistas das mais diversas áreas reiterarem que na história da humanidade as crises sempre resultaram em inovação e superação. De fato, temos tudo para alcançar esse mesmo resultado num futuro próximo. Entretanto, na minha percepção, dessa vez, a inteligência intelectual não será a única protagonista dessa luta. Sim, nós vamos vencer, mas não só porque conseguiremos responder e solucionar os atuais desafios com nosso raciocínio lógico e com nossas ciências aplicadas. Dessa vez, também teremos de recorrer a toda a nossa inteligência emocional, toda a nossa capacidade de empatia, resiliência, perdão e compaixão para conosco, em primeiro lugar, e, depois, para com todos os que estão ao nosso redor. E essas habilidades nascem do autoconhecimento.
Veja só o que eu disse na abertura desse texto: “por medo, nós nos mobilizamos para voltar ao status quo. Ficamos presos e acomodados a um lugar, a um ‘jeito de ser’, sem nem questionar se isso tudo é realmente bom”. Então, lhe pergunto: a crise já chegou, está aqui, e você está com medo. Mas medo do quê?
O que é que você pode perder com tudo o que está acontecendo?
Quantas dessas coisas realmente têm valor e são imperdíveis, insubstituíveis?
Quantas são só passageiras (e assim seriam independentemente de qualquer crise)?
O que você pode fazer efetivamente contra essas perdas? Para evitá-las ou minimizá-las?
E quais delas estão fora do seu controle, e, portanto, só o que pode fazer é aguardar?
Ao responder essas questões, você torna tangível o que lhe parecia intangível. Se você generaliza o medo, acaba por se mobilizar desenfreadamente e sem consciência. Por sua vez, se reconhece seu medo de perder o emprego, de ficar sem dinheiro, de falir, de perder as pessoas que ama, de adoecer ou qualquer outro, que seja, consegue compreender o que realmente está em jogo. A partir daí, consegue também assimilar o que realmente lhe cabe fazer e o que está ao seu alcance neste momento, sem culpa ou pressão pela parte que não lhe cabe.
Quem você será quando tudo isso acabar?
O trabalho de autoconhecimento nos permite aprender e compreender que o movimento para saída da crise é individual e intransferível – e não está do lado de fora, mas, sim, dentro de você, de mim e de cada um de nós. A forma como vou encarar tudo o que está acontecendo, as decisões que tomarei por mim e as respostas que darei às adversidades me pertencem; tudo isso é meu, está na minha alçada. Assim sendo, uma a uma das decisões que vou tomar terão, como meta, gerar mais bem-estar, paz, felicidade e, na medida do possível, emoções positivas que amenizem o meu medo e a minha insegurança.
Neste cenário, eu sou a responsável e a autorresponsabilidade me movimenta. Ou seja, eu me mobilizo, mas, desta vez, com consciência, vontade, foco e objetivo não em voltar ao meu lugar comum, mas em encontrar um lugar mais positivo, onde eu me sinta bem a meu próprio respeito e, assim, consiga contribuir mais e melhor com meu entorno.
Existem muitos caminhos para que possamos atravessar e superar esse período conturbado. Contudo, estou certa de que agora, mais do que nunca, será essencial que todos nós descubramos nossos recursos internos, que identifiquemos e utilizemos os nossos verdadeiros talentos para desbravar e vencer as dificuldades.
Não há crise que não passe. A questão chave aqui é: a pessoa na qual vamos nos tornar após isso tudo passar dependerá daquilo que fizermos enquanto estivermos vivendo esse momento. O autoconhecimento nos mostrará o melhor caminho para que possamos contribuir mais assertivamente com nossa própria realidade e, depois, com o nosso entorno. Não adianta esperar do outro ou procurar do lado de fora; você já tem os recursos aí dentro, basta acessá-los.

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