Ancestralidade, pertencimento e o acolhimento de uma grande família. É desta forma que o casal Caio Cortez, um advogado de 39 anos, e Renata Dantas, também advogada de 39 anos, enxergam o Candomblé e suas tradições. Ambos são paulistanos, mas vêm a Salvador pelo menos seis vezes por ano porque são filhos da do terreiro Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, mais conhecido Casa Oxumarê, local onde celebraram a união que começou há 13 anos.
Caio se iniciou no Candomblé há 22 anos, quando tinha 18 anos, em um terreiro de São Paulo (SP), mas há quatro anos conheceu a casa Oxumarê através de outros irmãos de santo e foi convidado para integrar o corpo jurídico do terreiro, já que sempre advogou no combate à intolerância religiosa e ao racismo. Desde então, o advogado, que é Egbon de Exu (irmão que tem mais de sete anos de iniciado), cumpre todas as obrigações e se cuida na Casa, acompanhado de sua esposa, que não é iniciada, mas possui uma forte ligação com a religião.
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“O candomblé resgata a minha ancestralidade e a minha origem, me dá força para ser alguém melhor e ensina a sempre praticar o bem para ter uma vida próspera: no casamento, na família e comigo mesmo. Além disso, a religião tem uma visão matriarcal, no qual o poder feminino é sagrado e é força que move o mundo. Desta forma, escolhemos casar na Bahia, no nosso terreiro, como forma de fortalecer nossa fé e celebrar a nossa relação”, contou Caio.
Antes de conhecer o atual esposo, Renata se considerava católica, mas assim que foi apresentada ao Candomblé por ele, se maravilhou.
“Me encantei pela energia dos orixás, pelas histórias, pelo resgate da minha ancestralidade, da minha representatividade. Toda essa força ajuda no nosso relacionamento e sempre foi um sonho nosso casar na nossa religião”, relatou a advogada. A cerimônia foi realizada no início de março deste ano.
Segundo o relato de Caio, os preparativos para o casamento começam um dia antes, onde os eles são aconselhados pelos mais velhos da casa e tomam banhos sagrados. No casamento, celebrado pelo babalorixá da Casa Oxumarê, Babá Pecê, os orixás são invocados e são entoados rezas e cânticos em iorubá. Há a troca das ilekes, pulseira usada pelos noivos no pulso esquerdo que simboliza a ligação do laço matrimonial com os orixás.
O traje dos noivos é livre, mas Caio e Renata escolheram uma roupa que possui como significado a união do masculino com o feminino. “Não existe textos prontos durante a cerimônia, tanto nosso babalorixá quantos nós falamos coisas do sentimento, do nosso coração”, explicou Caio.
Segundo Caio, durante a cerimônia, os convidados e os padrinhos, jogam dinheiro nos noivos como forma de atrair prosperidade e coisas boas para o casal. Este ato faz parte da tradição iorubás.
Para Renata, o momento da celebração da união com Caio foi um dos mais emocionantes já vivenciou. “Como decidimos tudo em cima da hora, alguns familiares meus não puderam vir, mas me senti muito acolhida. Senti um amor de irmão, de família, de todas as pessoas envolvidas. O candomblé é nosso alicerce, nosso porto seguro”.
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Redação iBahia
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