Você precisa desmontar e remontar a pilha de papéis em sua mesa de trabalho quando alguém lhe pede um documento? É daqueles que espalha tantos objetos que acaba invadindo o espaço de quem senta ao lado? Se as respostas foram positivas, é provável que você represente um típico caso de bagunceiro no ambiente profissional. Além de poluir visualmente o espaço, a desorganização atrapalha a concentração e diminui a produtividade, o que pode ser fatal para a carreira. Para piorar, ainda há risco de a desordem virar motivo de desentendimento com os colegas.
- Tudo o que uma empresa quer é um colaborador que otimize o uso dos recursos e gaste menos tempo com a execução das tarefas para produzir mais. Esses são benefícios conhecidos da organização — diz a consultora em organização Micaela Góes, apresentadora do programa “Santa ajuda”, no GNT.
É claro que as pessoas têm lógicas diferentes de arrumação, e o que é bagunça para uma pode não ser para outra. O problema está justamente em gastar energia desnecessariamente para cumprir com alguma obrigação e ficar estressado por causa disso. Nesse caso, é importante detectar o que não está funcionando no dia a dia e mudar os hábitos.
Segundo o neurologista André Lima, da Neurovida, tudo o que está no campo de visão pode estimular o cérebro e tirar o foco. Por isso, profissionais que desempenham atividades técnicas precisam de ambientes neutros. Já os criativos — como designers, publicitários e arquitetos — necessitam de locais de trabalho extrovertidos, com mais cores e objetos.
— Mas não é bagunça. Até esses precisam ser organizados — ressalta o médico.
Arrumação sem neuras e com ajuda dos líderes
Ex-bagunceira confessa, a analista de recursos humanos Débora Cabral, de 35 anos, constantemente se via enrolada para entregar o que seu gestor pedia. Eram tantos papéis de processos seletivos, avaliações e testes psicológicos misturados sobre sua mesa que ela não conseguia localizar rapidamente o que queria. Ao perceber que isso a fazia perder tempo e prejudicava seu desempenho, a profissional decidiu adotar novos hábitos. Hoje, até recebe elogios dos colegas por sua organização: todos os documentos estão setorizados em caixas, e uma agenda a ajuda a não deixar compromissos para trás.
— Além de desorganizada, eu era desastrada. Já derrubei café em papéis importantes. Uma vez, a empresa toda se mobilizou para procurar um documento que eu não sabia onde havia colocado. Ficava muito nervosa e me sentia culpada, porque minha bagunça prejudicava a mim e aos outros — lembra Débora, colaboradora da Apoio. — Agora, chego para trabalhar e sei onde está tudo. A produtividade aumentou e o nível de estresse diminuiu.
Segundo a psicóloga Mônica Marçulo, cabe também às empresas assumirem a responsabilidade de manter o ambiente corporativo funcional. - Às vezes, o funcionário não consegue se organizar sozinho. É papel da liderança ajudar essa pessoa, para que a desordem de um não se torne um problema da equipe - destaca a diretora de Recursos Humanos da Apoio.
A arrumação, no entanto, não precisa se transformar numa obsessão. - Não é para a organização ser um castigo, mas uma aliada. Ela precisa apenas ser suficiente para a vida fluir melhor, com mais agilidade. Não existe um modelo ideal — pondera Micaela Góes.
Bom humor ameniza conflitos entre colegas
Conflitos entre bagunceiros e organizados não são raros nas empresas. Quando isso acontece, a melhor saída é convocar uma terceira pessoa que possa mediar a conversa e evitar uma discussão que complique o relacionamento, afirma a presidente da ABRH-RJ, Lucia Madeira Moraes. — Nunca se deve mexer na bagunça dos outros sem consentimento, porque é algo muito particular. Ou faz uma arrumação junto com a pessoa ou deixa para lá — orienta.
Bom humor também é uma ótima ferramenta para dar um toque naquele colega cuja desorganização virou motivo de incômodo. — Vale oferecer ajuda em tom amistoso. Quando as pessoas dividem com os demais suas qualidades, as coisas ficam mais fáceis — diz Mônica Marçulo.
Nos casos em que o bagunceiro espalha seus pertences e invade o espaço alheio sem perceber, uma boa estratégia é usar uma fita adesiva para delimitar a área de cada um. — Não há problema em mandar esse recado claro. Mas, claro, sem ofender ninguém — opina Micaela Góes, que também é sócia fundadora da escola de organização A Casa Com Vida.
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Redação iBahia
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