O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito civil para apurar uma denúncia de racismo religioso contra a cantora Claudia Leitte. A informação foi confirmada ao iBahia na manhã desta quinta-feira (19), por meio de nota. Denunciantes - que pretendem entrar com uma interpelação criminal contra Claudia - apontam suposta postura discriminatória da cantora ao substituir o nome Iemanjá, Orixá das Águas, na letra do hit "Caranguejo (Cata Caranguejo)".
Segundo o órgão, a denúncia foi formalizada pela Yalorixá Jaciara Ribeiro - que é Sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum - e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO), e será analisada pela promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz. "Diante da representação formulada pela Ialorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO), o Ministério Público do Estado da Bahia, por meio da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, instaurou inquérito civil para apurar os fatos noticiados", disse o órgão, na nota.
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Segundo a promotora, o procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil de Claudia Leitte "diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal".
"O inquérito civil é para a investigação de descaracterização de patrimônio cultural, porque as religiões matriz-africanas são consideradas legalmente patrimônio cultural, e a festa de Yemanjá também é patrimônio cultural", explicou o advogado Hédio Silva Jr, que entrou com a denúncia pelo IDAFRO ao lado da Yalorixá Jaciara.
Advogado entrará com ação criminal contra Claudia Leitte
Ao iBahia, o advogado Hédio Silva Jr, afirmou que entrará com uma interpelação criminal contra Claudia Leitte. O objetivo é que esse processo seja feito ainda nesta quinta-feira (19), antes do recesso judiciário. Ele afirma que, caso seja averiguado uma conduta de intolerância religiosa, a Yalorixá Jaciara pretende processar a cantora.
"A representação criminal é para que a Claudia Leitte vá a juízo dizer a razão pela qual ela fez essa alteração. O autor pode alterar sua obra? Pode, mas ali está explícito para nós que não foi criação artística, porque Yeshua destoa completamente do contexto da canção. A canção está dizendo 'quando abaixar a maré, jogue flores na água e saúde Yemanjá' ou saúde Nossa Senhora dos Navegantes", afirmou Hédio.
Ainda conforme a análise do advogado, caso Claudia não possa mais se referir a nenhuma entidade de uma religião de matriz africana, que ela, então, retire o Axé Music de seu repertório.
"Na verdade, ela atribuiu a mudança à religião dela. Mas, se ela já não pode pronunciar nada associado às religiões de mártir africana, para que não possa não pareça embuste, estelionato, ela precisa, inclusive, tirar o Axé Music do histórico da produção dela. Porque ela confirmando que tem a ver com intolerância religiosa, a sacerdotisa, que eu represento no processo, sacerdotisa Jaciara da Oxum, vai processá-la criminalmente", afirmou o advogado.
Assista ao 'De Hoje a Oito', podcast de entretenimento do iBahia:
Iamany Santos
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