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CINEMA

Entrevista: Diretor de "Jardim das Folhas Sagradas" fala sobre polêmicas do filme

Para o cineasta Pola Ribeiro, a Bahia tem tudo para fazer um cinema que dialogue com o mundo

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04/11/2011 às 19:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 6:18 - há XX semanas
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Pola Ribeiro revelou que o projeto do filme nasceu há 13 anos
O projeto de "Jardim das Folhas Sagradas" nasceu há 13 anos no coração de Pola Ribeiro, professor, cineasta e atual diretor do Instituto de Radiodifusão da Bahia (Irdeb). Trazendo temas polêmicos, mas importantes, o filme é o primeiro longa-metragem da carreira desse soteropolitano que ama as artes visuais. Em "Jardim das Folhas Sagradas" é apresentada a incrível história de um bancário bem sucedido, que é casado com uma mulher de crença evangélica. O leitor pode até achar um tipo comum e sem problemas, mas Bonfim é negro e bissexual. Após um acontecimento trágico, o personagem recebe uma missão no Candomblé: fundar o terreiro Ilê Axé Opô Ewê. O filme é resultado de uma ampla pesquisa de Pola e anos de dedicação. O orçamento final do filme ficou na casa dos R$3 milhões. "Não é um filme que fiz para ganhar dinheiro, mas um filme que espero que marque a sociedade", contou o diretor em entrevista ao Portal iBahia. No bate-papo, o cineasta, que está ansioso para ver a reação do público, falou um pouco sobre a produção do filme e explicou a escolha do elenco. Pola também contou que, nas próximas semanas, "Jardim das Folhas Sagradas" estreia em Brasília, Feira de Santana, Petrolina, Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. "É muito bom, mas toda essa repercussão ainda é uma surpresa para mim", revelou. Confira na íntegra a entrevista com Pola Ribeiro. Como nasceu o projeto de "Jardim das Folhas Sagradas"?É um projeto antigo. Há cerca de 13 anos estou trabalhando nele. Foi um período de pesquisa e entendimento, até decidir que isso era o que realmente queria fazer. Mas o momento chave, onde eu percebi que estava na hora de começar o filme foi quando uma atriz do Bando de Teatro Olodum disse que fazia um personagem muito difícil porque era invisível. E isso é verdade. Numa sociedade que abriga a maior comunidade negra fora do continente africano, o negro ainda sofre muito preconceito. Quando começaram as gravações?A execução do filme foi bem rápida. Gravamos entre agosto e outubro de 2006. O que realmente demorou foi a capitação de recursos e finalização. Nesse meio tempo assumi a direção do Irdeb, a convite do então secretário de cultura Márcio Meireles, e isso atrasou ainda mais a conclusão do longa. Mas o tempo foi um fator primordial para o resultado positivo do filme. "Jardim das Folhas Sagradas" promove um debate sobre intolerância religiosa, preconceito racial e bissexualidade. Ao idealizar o filme, discutir esses temas era um dos seus objetivos?Na verdade os temas foram surgindo no decorrer desses treze anos. São temas que os negros baianos sempre discutiram e eu descobri que também são debatidos em outras cidades brasileiras. São temáticas bem contemporâneas. Fui ouvindo, vivenciando e trazendo varias coisas para o filme, que apresenta mais de dez anos da vida do personagem principal. Por que você escolheu essas temáticas tão polêmicas para o seu primeiro longa-metragem?Gosto de fazer coisas que realmente me movam. Esse não é um filme que fiz para ganhar dinheiro, mas um filme que espero que marque a sociedade. Acredito que a grande polêmica é o preconceito velado, não assumido por parte da população. Estamos em uma cidade que tem uma grande parcela negra e as pessoas ainda têm muito preconceito. Queria trazer essa discussão. "Jardim das Folhas Sagradas" reúne nomes como Harildo Deda e João Miguel. Como foi a escolha do elenco?Parti do ponto que não queria um ator conhecido nacionalmente para dar vida ao personagem principal. Queria que o público começasse a conhecer o Bonfim ao longo do filme. Depois dessa escolha, trouxe o João Miguel. Acho ele extraordinário e ele assumiu o papel, que é diferente de tudo que ele já fez. Além deles, não dá para fazer um filme na Bahia sem Harildo Deda, entre outros. Como é fazer um filme na Bahia?É extraordinário. Temos excelentes atores, cenários belíssimos, figurino e músicos espetaculares. Além da história, da tradição cinematográfica que reúne nomes como Glauber Rocha e Roberto Pires. A Bahia tem tudo para fazer um cinema que dialogue com o mundo. Como está a expectativa para a estreia em circuito comercial?Estou um pouco louco porque estava previsto estrear com seis cópias em Salvador, mas essa semana descobri que seriam 10 salas de cinema. É muito bom, mas toda essa repercussão ainda é uma surpresa para mim. Estou ansioso para ver a reação do público nessa primeira semana.

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