A história do pequeno capoeirista Joel, morto em ação policial em 2010, é contada no cinema |
O Cinema da Ufba ficou lotado para o lançamento do documentário Menino Joel |
"O objetivo não é incriminar ninguém. A pessoa que assistir é que vai decidir de quem é a culpa", Max Gaggino, sobre o filme. |
O documentário, além de abordar a tragédia ocorrida com a família Castro, tenta mostrar as belezas do Nordeste de Amaralina, um dos bairros de Salvador que carregam o estigma da violência. A cultura, a criatividade e o orgulho dos moradores pelo seu bairro foram exaltados ao longo do filme, que teve como trilha sonora o rap de Mr. Armeng, morador do Nordeste de Amaralina e Mr. Davi, que marcaram presença, com alguns versos cantados no filme, como "Menino querido/ Sonho perdido/ Lembro do seu sorriso/ Ele não era bandido".
Dessa forma, ao mesmo tempo em que o documentário 'Menino Joel' provoca revolta e indignação e traz a reflexão sobre a sociedade em que vivemos, reafirma a alegria e o lado bom da capital baiana que vem, essencialmente, do jeito de ser dos soteropolitanos. "Eu achava que ia ser mais difícil chegar ao cinema, mas é uma história que toca muito as pessoas, e isso facilitou estarmos aqui hoje", disse o diretor Max Gaggino.
'Menino Joel' é o primeiro trabalho do italiano Max Gaggino no cinema |
"O sonho dele era ser reconhecido"
A dor ainda é visível na fala do pedreiro e mestre de capoeira, Joel Castro, 43 anos. Desde do dia que presenciou a morte de seu filho, parceiro nas rodas de capoeira, ele tem lutado para que o caso não caia no esquecimento e sofre com a demora do julgamento."Eu tento como posso manter aceso o protesto, mas a justiça é tão lenta, que faz a gente cansar", desabafa o pai, que vê no filme mais uma forma de protesto.
As lembranças agora fazem parte do dia a dia da família que relata com unanimidade, no documentário, o jeito extrovertido e amadurecido do pequeno Joel, que se destacou ao participar de uma das propagandas do Governo, fazendo o que mais gostava: jogar capoeira. "O sonho dele era ser reconhecido, era mostrar a nossa cultura para o mundo, mas não deu tempo", diz o seu pai, emocionado.
"A justiça é tão lenta, que faz a gente cansar", desabafa Joel Castro. |
"O sonho dele era ser reconhecido, era mostrar a nossa cultura, mas não deu tempo" |
Segundo o advogado da família, Maurício Freire, as hipóteses de bala perdida ou homicídio culposo já foram descartadas pela Justiça. Testemunhas já depuseram e deixaram claro que o disparo efetuado pelo policial Eraldo Menezes de Souza, que matou o garoto, foi direcionado para a janela da residência da família. "O processo instaurado na justiça comum já está bem adiantado, agora a pendência é definir em qual jurisdição será julgado o caso", explica o advogado, que também presta serviço ao Centro de Defesa da Criança e Adolescente (Cedeca).
Enquanto isso, em paralelo a Justiça, o cinema se ocupa de manter viva a memória de Joel, o menino capoeirista que, assim como tantos jovens, moradores do Nordeste de Amaralina, Pelourinho, São Caetano e vários outros bairros, tornam Salvador uma cidade singular. Uma história que registra a realidade da nossa cidade, prevista para ser aberta ao público no final deste mês. Até lá, tanto o caso do Menino Joel, quanto o processo de construção do documentário podem ser conferidos no site oficial do longa, e nas redes sociais.
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