O que fez com que duas pessoas já casadas civilmente há 15 anos realizem um casamento sob as tradições judaicas? A psicóloga Maria Palmeira, de 42 anos, tem a resposta: “É a um resgate de alma, uma confirmação perante a minha religião, um divisor de águas”. A ligação com a religião é tão forte que, quando se junta a ela, se dá o direito de trocar o nome. No judaísmo, Maria se chama Karen.
Ela e o médico Rogério Palmeira, de 52 anos, se relacionam há 16 anos e casaram-se ‘novamente’ em 2016 em um rito judaico, religião que são adeptos há 13 anos. A sinagoga de Salvador que eles frequentam fica localizada no bairro do Caminho das Árvores.
A cerimônia possui uma série de rituais próprios da religião. Segundo Maria, tudo começa com um dia antes do casamento, onde os noivos devem ficar separados por pelo menos 24 horas (para quem não for judeu ortodoxo), para que haja uma purificação e uma preparação para si mesma e para o amado e vice-versa. Além disso, o noivo não pode ver o vestido da noiva de jeito nenhum até o dia do casamento.
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“Há uma preparação da comida, onde no buffet não podem haver nenhum tipo de frutos do mar nem de carne de porco para que sejam seguidas as recomendações da religião. As carnes vermelhas têm uma preparação específica e não podem ser oferecidas com laticínios”, explicou a psicóloga.
Maria contou ainda que quem celebrou o casamento dela foi o rabino Ariel Oliszewski e que tanto o noivo quanto a noiva caminham acompanhados dos pais para o Chupah, que representa a tenda de Abraão, aberta para todos. Na ocasião, o noivo vai ao encontro da noiva no caminho e ela dá sete voltas em torno dele para simbolizar os sete dias da criação do universo.
A cerimônia é celebrada com rezas em hebraico, são feitas sete bênçãos, denominada sheva brachot, e os votos são feitos pelos noivos também neste idioma
“Em seguida, os noivos trocam alianças iguais (o anel da mulher não pode ter joias) e as colocam no dedo indicador direito. No dia do casamento, os noivos também não podem usar nenhum tipo de acessório, como relógio e brinco”.
Maria também explicou que, em seguida, o noivo beija a noiva e ele pega uma taça de cristal envolvida em pano e pisa nela. Este momento simboliza um templo judeu que foi destruído no passado e serve para mostrar que o casamento é frágil e que palavras machucam e podem ferir a relação. Quando ela é quebrada, todos dizem Mazal Tov, que quer dizer boa sorte. Eles também assinam um documento chamado Katubah, que possui um valor legal para religião e firma um compromisso físico, emocional e moral entre o casal.
Depois, os novos saem do templo e vão para o lugar da festa. Neste momento, os convidados começam a cantar em hebraico desejando sorte a eles e os colocam sentados em cadeiras e os levantam. As mulheres presentes na festa dão voltas ao redor da noiva para simbolizar o ciclo da vida.
“Decidimos fazer isso porque precisávamos fazer essa marcação religiosa nas nossas vidas. Quando me casei, me senti completa, uma verdadeira judia. Depois disso, minha vida mudou. No judaísmo, o casamento é muito reconhecido, pois resgata os valores familiares e traz a ideia de um legado religioso. O momento da cerimônia foi muito emocionante para todos: para nós, para minhas filhas, minhas enteadas e para todos os convidados”, contou Maria, de forma emocionada.
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Redação iBahia
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