Só mesmo uma pandemia para ficar sem ver Carlinhos Brown. Faz mais de dois anos que eu e o Cacique do Candeal não nos encontrávamos. Eu estava com uma saudade enorme de sua alegria, de sua criatividade efervescente. Conversar com o artista é sempre um prazer. E no último fim de semana fui vê-lo durante a segunda edição do Lalata - um festival que trouxe artistas, multi instrumentistas do Brasil, Caribe e do Continente Africano.
Depois do show, dei um abraço apertado no amigo. O bate-papo rolou na "Ilha dos Sapos", um dos estúdios do músico baiano. A timbaleide Patrícia Gomes me deu uma força e filmou tudo. Eu fui logo elogiando. "Carlinhos, me diga: que trilha sonora, hein?" Ele me devolveu a pergunta: “Você gostou? Que bom!"
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Na verdade, explicou Brown, "essa trilha foi construída por nós. A melhor trilha sonora que apresentamos aqui é a da percussão", prossegue o artista, frisando ainda que quando chegar o carnaval a sociedade recebe uma coisa preparada, pronta, ela não sabe o trabalho que as comunidades exercem para que o carnaval seja afinado em sete dias.
"O Lalata é para esclarecer a presença de Neguinho do Samba aqui (eu disse presença) de Nana Vasconcelos, de Mestre Prego, Mestre Jackson, Valdir Lascada, Senac, Boca de Mãe, e tantos outros que nós temos, que edificaram a percussão para o mundo. Porque é notório a influência da percussão e da música baiana na música do mundo. E o tempo inteiro eu estou batendo nisso, que a gente tem que tomar consciência de que nós estamos na primeira cidade da América Latina, é muito bacana isso. Vejo todo mundo dizendo isso, a música baiana é caribenha. Eu digo, é também! O Caribe começa aqui", concordou Carlinhos.
Nesse momento de reencontro, Brown interrompeu a entrevista para receber uma pessoa especial. O pai dele, seu Renato, de 86 anos, é torcedor do Vitória, e mais conhecido como Seu Bororó. Ele chegou com os olhos cheios de lágrimas para abraçar o filho famoso.
Também emocionado, o apresentador do "The Voice Kids" brinca com o pai, que vestia uma camisa do Flamengo. Seu Bororó retruca que o filho, que é Bahia. Brown ri, e leva o pai até o sofá: “Senta aqui, meu amor.” Cena linda. E continuamos a entrevista.
Carlinhos, fala com entusiasmo sobre o Carnaval 2023: “Estamos nos preparando para a festa. No verão vai ser algo surpreendente, um grande retorno ao Carnaval da Bahia. Acho que a música brasileira é bonita. A pandemia nos ensinou a rever o fato de como somos clássicos, e como a nossa música tá sendo recorrida no pós-pandemia. A música brasileira é muito bonita e o axé music é especial, é como um filho dos movimentos que fez com que seus pais fossem revistos", considerou o cantor.
Carlinhos Brown também comentou sobre a música sertaneja: ”Eu chamo de Axertanejo. É uma música muito boa de dançar e cantar. O sertanejo é uma das músicas que mais recorrem aos nossos ritmos, ao nosso jeito de cantar. Uma coisa que eu tenho reparado é como o samba duro mais lento está na música sertaneja, e isso é uma honra pra gente saber que estamos conversando com o Brasil. Agora falta muito pouco discurso em relação a essa matriz, porque às vezes as pessoas confundem o sucesso do artista com o sucesso de um movimento", diz o instrumentista.
Para ele, o axé music está fazendo o maior sucesso na música mundial, diluído no reggaeton, no funk, tá em tudo, em todas as ações musicais; e sendo necessário. "Que a gente continue aprendendo, mas também ensinando o que aprendemos com a Pracatum, Didá, Olodum, Malê, Muzenza, Cortejo Afro, Filhos de Ghandy, que são os movimentos matrizes para que a gente tenha uma matriz rítmica, feliz e acertada", finalizou.
Em meu nome, Ópraí agradece o carinho do mestre Carlinhos Brown. Até a próxima, amigo. E que a gente possa se encontrar em breve!
DENDÊ NO AUDIOVISUAL
A 'Tem Dendê Produções' comemora 23 anos de fundação e é homenageada pela Expocine - Convenção Latino-Americana para a Indústria do Cinema e do Audiovisual, realizada em São Paulo. A produtora comemora e anuncia novos produtos. Serão lançadas as séries “Bar do Paixão “, em oito episódios, que conta a história de uma herança pra lá de disputada.
"Iceberg" que é uma trama onde o psicopedagogo Nelson busca caminhos para ajudar seus pacientes, e "Carnaval em cada esquina“. As apostas são novas formas de contar enredos sem perder a identidade, com um olhar para um Brasil de Norte a Sul, principal marca da Dendê, assegura Vânia Lima, diretora de conteúdo da empresa.
APLAUSOS PARA O MAESTRO AZUL
Maestro da “Cor do mar", o instrumentista Luciano Calazans, vai ser homenageado no Praia do Forte Hostel, com um mural contendo a letra da canção "Lábios Vermelhos", de autoria do próprio Luciano e de Gerônimo Santana. A música foi escrita há 12 anos.
O Hostel também ostenta na parede um violão de Luciano. O multi instrumentista já trabalhou com vários artistas da Bahia e do Brasil e tem uma trajetória de sucesso. Merecida essa homenagem prestada por seu Marco Luneri. Pra quem ficou curioso sobre essa história, a música ‘’ Lábios Vermelhos’’ será lançada hoje! Vá lá em todas as plataformas digitais e curta o som do maestro azul. A canção foi gravada por Ricardo Chaves, Cris Mendes e Saulo Fernandes, que usaram o mesmo arranjo da primeira versão.
A PELE PRETA DE DJA LUZ
O cantor Djalma Luz está no palco da Sala do Coro do TCA com um show autoral . Dja que já tocou em várias bandas baianas tem a música no sangue. É filho do compositor Djalma Luz, autor da canção Coracão Rastafari gravada por Lazzo Matumbi.
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