Estou voltando de uma viagem a trabalho e pensando no tema da próxima coluna. Até que me veio em mente uma conversa que tive com uma amiga durante a semana. Ela me dizendo que estava exausta e uma parente sua falou que ela tinha que se arrumar mais, tinha que estar mais presente na vida da filha, que tinha que organizar sua vida profissional. O quanto esse peso continua caindo sobre as mulheres? Porque a sociedade continua jogando isso tudo nas nossas costas? Por mais que hoje debatamos mais esses temas, ainda nos sentimentos sobrecarregadas e frustradas. E sempre vamos além do nosso limite para dar conta do trabalho, da casa, dos filhos, do pet, da família, de quem pede ajuda, de quem não pede mas precisa, de tudo.
No audiovisual não é diferente. Na minha produtora eu faço o atendimento, relação com clientes, fotografo, roteirizo, filmo, edito, faço o som, a comunicação, crio projetos, busco clientes, planejo estrategicamente os passos futuros. Tenho uma parceira que está nesse corre comigo, mas sim, estou em todas essas etapas. Em muitas vezes eu me sinto motivada e enérgica, mas, em várias outras, cansada, desmotivada e fracassada. Mas porque isso? Porque eu tenho que dar conta de tudo?
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Os 30 e poucos anos junto com autoconhecimento e terapia já me disseram que não tenho que dar, por mais que a sociedade diga o contrário. Essa luta, primeiro pela autoestima, pela conscientização de se sentir suficiente num mundo que diz que você não é, é desafiadora e diária. Eu fotografo muitas mulheres e sei do que estou falando. Eu vejo mulheres incríveis na minha frente, mas não é assim que elas, na maioria total das vezes, se veem. Essa luta cotidiana de ‘autoafirmar’ que você é boa no que faz, que é competente e ainda vive de acordo com a qualidade de vida que você escolheu, não é nada fácil.
Antes do mito da perfeição feminina cair por terra, nós, mulheres, adquirimos crises de ansiedade, enxaqueca, mandíbula problemática, estômago irritado, refluxo e um sem fim de problemáticas que vem com isso. Eu realmente não sei a resposta final para isso tudo, mas estou tentando fazer o melhor que posso para mim mesma. Tenho que trabalhar para pagar as contas. Preciso cuidar da saúde física, mental e espiritual. Preciso me ouvir para saber quando parar. Mas e aquela conta que precisa ser paga? E o trabalho que você se comprometeu? E a viagem que você quer fazer durante o ano todo, mas não conseguiu ainda porque não sobrou aquela grana?
Pois é, minha gente. Precisamos estar alertas sobre as necessidades internas e externas, ouvindo o que o corpo diz, focando nos seus objetivos e colocando como meta principal a compreensão de que você não precisa dar conta de tudo, mas sim, do que pulsa em você naquele determinado momento. Se ouça e se guie porque ninguém pode fazer isso por você.
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Vanessa Aragão
Vanessa Aragão
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