Os workaholics que me perdoem, mas ócio é fundamental.
Falta de tempo, vida agitada, glamourização do excesso, distanciamento social, pouco lazer e constantes desabafos sobre ‘como o dia precisaria ter mais do que 24h para conseguir atender todas as demandas’. Essas são algumas consequências na rotina cansativa – e repetitiva – dos workaholics.
Com o pé no acelerador, profissionais (autônomos, liberais e/ou celetistas) das mais diversas áreas, atribuem ‘sucesso’ ao acúmulo de demandas, compromissos, excessos e capital ($), desconsiderando fatores como bem-estar, ócio, equilíbrio individual e tempo de lazer.
Dados estimados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicados em 17 de maio de 2021, revelaram que aproximadamente 745 mil mortes por ano são atribuídas ao excesso na jornada semanal de trabalho – iguais ou superiores a 55h -, afetando cerca de 8,9% da população mundial.
Acontece que, enquanto alguns grupos estimulam o auxílio terapêutico, busca por bem-estar físico-emocional e equilíbrio psicossocial, correntes e coachs de sucesso oferecem fórmulas e reforçam jargões do tipo “trabalhe enquanto eles dormem”, ou “enquanto você dorme, o seu concorrente estuda”, provocando na população cada vez mais impulsos associados a stress, tensão e ansiedade.
Então uma pausa e abre aspas.
“Sintomas como mudanças de comportamento, estresse crônico, colesterol elevado, aumento na pressão arterial, fadiga, insônia e consumo desregulado de alimentos pouco saudáveis, estão entre os sinais de quem tem ultrapassado o limite do bom exercício laboral.”
De volta.
Como consequência desse esgotamento causado pelo exagero de trabalho físico, emocional e psicológico, assistimos disparar casos associados à Síndrome de Burnout (em tradução livre = queimar-se por completo). Distúrbio atribuído ao esgotamento profissional, relacionado a situações de grande stress, exaustão extrema, competitividade e grandes responsabilidades.
Caracterizado como um transtorno psíquico de caráter depressivo, a OMS estima que no Brasil cerca de 20 mil profissionais pediram afastamento médico por causa de doenças relativas ao trabalho. Ainda segundo a Organização, avalia-se que hoje 11,5 milhões de pessoas sofrem com depressão no país e que, até 2030, essa seja a doença mais comum entre os brasileiros.
Perigosa e podendo resultar em depressão profunda, a Síndrome de Burnout é uma preocupação médica e empresarial, já que os seus sintomas começam leves – negatividade, insônia, problemas gastrointestinais, dores musculares e de cabeça, isolamento, alteração de apetite e de humor -, podendo avançar para casos mais severos e agressivos que exijam tratamentos com médicos psiquiatras, ansiolíticos e/ou antidepressivos.
Possível a qualquer um de nós, a exaustão associada ao trabalho é real e próxima, nos exigindo atenção e pausas constantes para parar, pensar, refletir, conversar e mudar o que não nos faz bem.
Assim como “casa de ferreiro, espeto de pau”, essa provocação ao ‘excesso laboral’ não é só um recado para você, mas também uma convocatória para mim, que alimento uma rotina extenuante, disfarçada do famoso “mas eu amo o que faço”.
Abre aspas.
“Nós podemos, e devemos, amar o que fazemos – inclusive isso é algo para o qual sou muito grato -, mas até amor em excesso sufoca. E nós não queremos precisar parar a força, não é mesmo?”
De volta.
Excesso de trabalho não te torna mais produtivo(a), mas sim mais lento, pouco criativo(a), mal-humorado(a), previsível, desatento(a) e chato(a). Excesso diminui o rendimento e a capacidade de inovação, provocando dificuldades de concentração e de autoconfiança. Sabe aquela sensação de demorar várias horas para fazer algo que poderia demandar pouco tempo? Sim, pode ser procrastinação, mas também pode ser um sintoma leve do Burnout.
Então é horar de conversar.
Se a sua intenção é obter sucesso profissional e poder aproveitar todas as conquistas que o trabalho pode te proporcionar, não esqueça que adoecer faz toda essa corrida parecer em vão.
Dito isso, o que acha de parar um pouquinho e chamar um amigo para conversar? Que tal retomar aquele plano de viagem engavetado? O que pensa de aceitar aquele convite para um ‘sextou’ com a galera?
Ainda não sabe como?
Se quiser, podemos fazer isso juntos(as)!
Afinal, ócio é fundamental.
Rodrigo Almeida* - @rodrigoalmeidarp
Relações Públicas, Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial (SENAI - Cimatec), pós-graduando no programa de MBA em Tendências e Inovações, Palestrante, Professor Universitário de pós-graduação, Consultor e Diretor da agência CRIATIVOS.
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