Existe um doloroso descuido que persegue profissionais de todas as idades: equiparar as conquistas com as de outra pessoa.
O hábito de comparar carreiras no mundo corporativo é uma realidade em todas as áreas. Mesmo sem intenção, costumamos olhar as conquistas de conhecidos, colegas e amigos, comparando-as à nossa situação atual, gerando assim, e por diversas vezes, a sensação de atraso, incapacidade e/ou insucesso.
Acontece que, a comparação sem contexto é somente um recorte temporal sobre o agora. Mas Rodrigo, o que você quer dizer com isso? Ao olhar para a posição/conquistas/feitos de uma pessoa hoje, você desconsidera aspectos importantes que o/a levaram até ali, como histórico familiar, origem social, oportunidades, acessos econômicos etc.
Enquanto somos pressionados a alcançar o mesmo rendimento daquele colega de escola aplicado(a), as notas do(a) conhecido da faculdade, o crescimento do jovem colega de trabalho e/ou o salário daquele profissional na mesma área, esquecemos das particularidades (visíveis e invisíveis) que nos permitiram estar neste lugar agora.
Isso é cruel, nocivo e faz adoecer.
Causa de gatilhos para ansiedade, toda essa comparação tende a provocar a percepção de que o rendimento está abaixo do que verdadeiramente é, causando insatisfações, dúvidas sobre a própria capacidade e frustrações na carreira. Como consequência, nos sentimos deprimidos, ansiosos e fracassados.
Ao longo desses muitos anos de carreira, me vi questionando o motivo de não ser eu a pessoa a conquistar aquele lugar. Com um misto de injustiça e ambição, olhei colegas profissionais tentando entender o que os colocavam em lugares que para mim pareciam inacessíveis.
Calma Rodrigo.
Com o tempo, a maturidade nos faz perceber que o ponto de partida nem sempre é o mesmo, que algumas coisas levam tempo e que para algumas pessoas a corrida será mais longa, mas não impossível.
Hoje ciente do trajeto percorrido e do tanto que existe para percorrer, entendo que qualquer comparação será injusta comigo e com o outro. Subjetivos também em nível de carreira, as histórias precisam ser vistas e percebidas de forma individual, para que assim entendamos qual o objetivo final e assim possamos olhar e dizer: sim, aí existe sucesso.
Seja como CEO de uma multinacional ou operando um carrinho de lanches na rua, cada trajetória deve ser vista com nuances próprias, entendendo seus aspectos e valorizando cada passo para frente e para trás.
Para quem ainda busca equilibrar as sensações que envolvem a comparação, listei algumas sugestões que podem trazer conforto ao longo deste processo:
- Reconheça o momento exato em que começa a ser comparar com o(a) outro(a) e presta atenção nas circunstâncias. Entenda o que te causa essa situação;
- Não fuja dos pensamentos, mas tente entendê-los. Se aproximar do sentimento e da situação fará com que você consiga reconhecer características particulares suas e do(a) outro(a);
- Não acredite em tudo o que vê na internet. As redes sociais são fragmentos selecionados de um todo muito particular;
- Felicidade e sucesso não têm relação direta com dinheiro. Descubra o que te faz feliz e foque nisso;
- Não se sabote, ao menor sinal de desistência, reflita sobre o quanto já conquistou;
- Invista em desafios saudáveis e fuja de disputas que geram sofrimento;
- Acredite em você! Afinal, você sabe mais do que ninguém “a dor e a delícia de ser o que é”!
Rodrigo Almeida* - @rodrigoalmeidarp
Relações Públicas, Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial (SENAI - Cimatec), pós-graduando no programa de MBA em Tendências e Inovações, Palestrante, Professor Universitário de pós-graduação, Consultor e Diretor da agência CRIATIVOS.
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