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CINEMA

Vai assistir 'A Bruxa'? Veja a crítica do filme

Longa de terror conta a história de família que presencia situações sobrenaturais

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05/03/2016 às 23:59 • Atualizada em 29/08/2022 às 9:10 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos Sinopse: Após a mudança de sua família para a nova casa, coisas estranhas começam a acontecer: animais tornam-se malévolos, a plantação morre e uma criança desaparece aparentemente possuída por um espírito maligno. Desconfiados e paranoicos, os membros da família acusam a adolescente de praticar feitiçaria.Filmes de terror vêm e vão a rodo, mas são raros os que deixam qualquer impressão além de indiferença quase completa com seus personagens artificiais e jump scares forçados. Mesmo bons filmes, como 'O Babadook' ou 'Corrente do Mal', ainda que maduros narrativamente, sofrem com alguns vícios do gênero e problemas de lógica interna.'A Bruxa' surge como todo grande filme de horror deve: sem avisos prévios ou hypes insuportáveis, guardando mistérios na sua origem e apresentando um universo particular quase inimitável na sua (aparente) simplicidade. Acima de tudo, possui a incrível vantagem de não ter a menor paciência em entregar qualquer facilidade para o espectador preguiçoso, num exemplar de terror simultaneamente clássico e direto na sua premissa, mas extremamente complexo e perturbador nos mistérios e dúvidas criados ao longo de sua curta duração.
Foto: Divulgação
Ambientado no séc. XVII, o filme apresenta uma família de puritanos exilada do seu vilarejo e obrigada a habitar uma casa isolada a beira de uma lúgubre floresta. Desde os planos iniciais, um dos poucos que apresenta um grupo maior de pessoas, já é possível ter ideia do que virá: o inglês arcaico de imigrantes numa época remota, os quadros estáticos num frame de 1.66:1 (mais estreito do que o normal) e uma atmosfera opressiva que não largará o espectador nem mesmo em momentos mais "serenos" do filme, fazendo d’A Bruxa umas das obras mais idiossincráticas e marcantes de 2016, quiçá dos últimos anos.Um dos primeiros elementos a chamar a atenção é a música de Mark Korven, dissonante e perfeitamente adequada com o tempo permanentemente nublado e que nunca dá trégua, aproveitado de forma magistralmente dessaturada na fotografia de Jarin Blaschke. Sem perder tempo com frivolidades, o primeiro ato de terror chega com poucos minutos de projeção, e suas consequências rendem momentos já memoráveis na sua cruel e sóbria obscuridade, evidenciando que o estreante Robert Eggers não tem o menor compromisso com o límpido universo Hollywoodiano.Formado por um elenco de desconhecidos extremamente talentoso, nunca testemunhanos um momento em falso. Anya Taylor-Joy é a "mocinha", sendo jogada para todos os lados via subserviência herdada e tendo de lidar com irmãos menores descontrolados. Sua jornada é outro ponto a ser debatido e, possivelmente, uma metáfora de liberação feminina em meio aos inquestionáveis pais. Ralph Ineson com seu vozeirão é uma presença intimidadora, mas que transparece afeto pelos seus familiares, enquanto Kate Dickie brilha como uma mãe descendo a espiral de loucura e paranóia. Harvey Scrimshaw brilha em um momento específico e que deve exigir muito de um ator de sua idade, e até mesmo os pequenos Mercy e Jonas são responsáveis por momentos tensos. Num filme populado quase que inteiramente por apenas seis pessoas, todos mostram-se não apenas capazes de sustentá-lo, mas elevar tudo que propõe-se a realizar.É difícil falar sobre uma obra que beneficia-se de ser desvendada aos poucos, mas é impossível não mencionar algumas das características apresentadas em sua hora e meia: além da atmosfera de isolamento e miséria que o filme deixa clara, temos também de lidar com toda a lógica vivida pelos personagens, submetida à religião e chegando ao ponto de praticamente massacrar o espectador com o fundamentalismo pernicioso do seu patriarcado – que, felizmente, nunca cai em clichês ou armadilhas fáceis. Os animais que cercam a família serão também fundamentais no destino macabro de cada um dos seus membros, e todos os momentos em que surgem guardam sua devida importância. Em quantos filmes é possível declarar que um coelho é representado de forma ameaçadora?Marcante do começo ao fim e carregado de importância real em todas as suas cenas milimetricamente pensadas, 'A Bruxa' abandona o espectador num momento crucial de sua evolução, deixando-o ansiando por mais, porém grato por ter testemunhado algo raro: terror genuíno e memorável.

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