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CINEMA

Mônica Martelli e Paulo Gustavo estreiam 'Minha vida em Marte'

A aposta é de que comédia ainda lota cinema, mesmo após um ano fraco de bilheteria para filmes brasileiros

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Redação iBahia

25/12/2018 às 11:06 • Atualizada em 27/08/2022 às 23:09 - há XX semanas
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Com bilheterias em queda desde o ano passado, o cinema brasileiro ainda espera por um presente (ou milagre) de Natal, que, embora não seja capaz de salvar a temporada, possibilite ao menos uma promessa de prosperidade em 2019. O presente pode vir embalado no carisma de Mônica Martelli e Paulo Gustavo, estrelas de “Minha vida em Marte” ( leia crítica ), comédia dirigida por Susana Garcia, que estreia nesta terça em 700 salas e chega a mais 100 na quinta.
Foto: Divulgação
O longa dá sequência à história de “Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou”, que levou mais de 1,7 milhão de pessoas aos cinemas em 2014. Assim como o anterior, o roteiro é baseado nos monólogos homônimos de Mônica Martelli para o teatro. “Minha vida em Marte”, a peça, foi vista por mais de 100 mil espectadores no Rio e em passagens por cidades como Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. Segue em cartaz até janeiro no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Na trama, Fernanda (Mônica) enfrenta uma crise no casamento com Tom (Marcos Palmeira) e conta com o amigo e sócio Aníbal (Paulo) para superar a fase.
— Quando estreei minha segunda peça no ano passado, depois de 12 anos de sucesso “Os homens são de Marte...”, senti um frio na barriga enorme. Tinha medo de não dar certo, de ficar conhecida com a autora de um sucesso só. A expectativa sempre existe, mas é uma incerteza que faz parte do jogo. — conta Mônica, que também é uma das produtoras do longa e assina o roteiro junto com Paulo e a diretora, Susana Garcia.
Feminismo e homofobia
A equipe passou a levar mais fé no filme quando as pré-estreias lotaram em São Paulo e no Rio e o boca a boca começou.
— Muita gente veio dizer que queria levar a mãe para ver ou combinar uma sessão com amigos. Há potencial para atrair o público — diz Susana, que é irmã de Mônica. — Ao mesmo tempo em que faz rir, para aliviar um pouco estes tempos difíceis, a história também tem momentos de emoção, pela cumplicidade dos dois amigos para superar uma crise.
Donos de trajetórias profissionais semelhantes — ambos estouraram no teatro a partir de textos próprios, repletos de observações autobiográficas, cuja fórmula foi levada com sucesso para a TV e o cinema —, Mônica e Paulo equilibraram os diferentes timings de humor para afinar as características dos personagens Fernanda e Aníbal.
— Na tela, parece que a gente improvisa o tempo todo, mas isso foi construído ao longo de muito tempo — diz a autora-atriz . — Para adaptar o texto da peça, eu, Paulo e Susana nos encontramos durante oito meses, três dias por semana. No set, até tivemos momentos de improviso, mas eles foram a cerejinha do bolo. Para ela entrar, já estávamos com o bolo pronto há tempos. Várias vezes mudamos o texto para que o outro desse a fala, porque iria funcionar melhor. E a Fernanda e o Aníbal somos nós, é a nossa amizade que está ali. Cortamos coisas do roteiro por achar que estaria forçado, que não falaríamos um para o outro.
“No filme não levantamos nenhuma bandeira, mas somos seres políticos, que podem transformar as pessoas através do trabalho e das atitudes. Você vê a Fernanda no filme e ela é uma mulher superempoderada, como a Mônica é.”
PAULO GUSTAVO
Ator
A amizade entre os dois coneçou em 2005, ano de estreia da peça “Os homens são de Marte...”, quando Paulo procurou Mônica para falar de um projeto semelhante, um monólogo autoral que ele gostaria de montar. Seis meses mais tarde, ele estreava “Minha mãe é uma peça”, que levaria 2 milhões de espectadores ao teatro nos anos seguintes e venderia outros 13 milhões de ingressos em duas adaptações para o cinema, em 2013 e 2016. Para ele, nem todo ator tem perfil para abrir seu próprio espaço, escrevendo e produzindo os textos. Mas é uma prática que vem se tornando mais comum.
— São novos tempos, a internet abriu mil possibilidades para os atores — Paulo diz. — Eu não preciso mais esperar um diretor ou uma emissora me convidar para trabalhar, eu posso usar as redes para divulgar meu trabalho, ou mesmo criar um canal online e ganhar dinheiro com isso. Claro, há atores que não querem ou não se adaptam a esse modelo, preferem ter um empresário para gerir a carreira. Mas acredito que vamos ser cada vez mais protagonistas das nossas histórias.
Como em outros projetos da dupla, feminismo e homofobia entram de forma transversal na trama, diluídos nas situações e falas dos personagens, sem demarcar os discursos.
— No filme não levantamos nenhuma bandeira, mas somos seres políticos, que podem transformar as pessoas através do trabalho e das atitudes. Você vê a Fernanda no filme e ela é uma mulher superempoderada, como a Mônica é. Ou o Aníbal, que tem uma vida normal, faz mil coisas, e é gay. No meu caso, o que levo para meus personagens e meu comportamento público valem mais do que mil discursos — defende o ator, que ano passado rebateu nas redes sociais ataques homofóbicos sofridos por ele e pelo marido, o dermatologista Thales Bretas. — A patrulha está aumentando na rede, mas meu saldo é muito positivo, raramente recebo um ataque desse tipo. E quase nunca respondo, eles ficam realmente perdidos entre as manifestações de carinho. Agora, há dias em que estou sem nada para fazer e tiro um tempo para dar um coió em alguém.
Com CPF do marido
Para Mônica, que também defende semanalmente seus posicionamentos no programa “Saia justa”, no GNT,movimentos como o #MeToo e o #MeuPrimeiroAssédio provaram como a conscientização da importância do feminismo cresceu nos últimos anos. A reação a ele na política e na sociedade alarma a atriz, mas ela diz que não acredita em perdas de direito:
— O contexto no Brasil e no mundo assusta, me preocupa pensar que minha filha de 9 anos terá sua sexualidade formada em um momento mais conservador. Mas acho que não vamos deixar as conquistas regredirem. É só lembrar que minha mãe, quando se casou, tinha o mesmo CPF do meu pai para pensar no quanto avançamos. Mesmo dando três passos para frente e dois para trás, não vamos recuar.

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