Seria possível imaginá-la com rugas maculando o rosto de sorriso sempre lânguido, aos 86 anos, idade que teria agora? Mais fácil, portanto, deixar a beleza de Marilyn Monroe (1926-1962) cristalizada, intacta em suas curvas sensuais, celebrada com reverência máxima ainda hoje, 50 anos depois de seu desaparecimento pegar o mundo de surpresa.
O que, afinal, faz com que essa mulher, morta aos 36 anos, em 5 de agosto de 1962, numa época de ícones culturais tão diferentes, continue tão atual? Talvez seja a dualidade que ela represente, tão vigente agora quanto esteve há meio século. Corpo maduro e jeito de ninfeta. Mulher para casar e, ao mesmo tempo, manter ardente entre lençóis em momentos furtivos. Desejada e inacessível. A sensualidade que exalava, mesmo amplamente imitada, ainda é única.HomenagemNão à toa diversas homenagens estão pipocando desde o início do ano. Primeiro foi o filme Sete Dias com Marilyn, de Simon Curtis, que consagrou a atuação de Michelle Williams. Em seguida, 13 de seus filmes mais populares estão de volta, remasterizados, às prateleiras das lojas de DVD. Entre eles, a ótima comédia Quanto Mais Quente Melhor (Billy Wilder/1959), que retorna também aos cinemas de algumas cidades. Gostas da maquiagem que Marilyn criou como sua marca registrada? Então, saiba que a MAC, gigante canadense dos cosméticos, anuncia uma linha de 35 produtos, incluindo o icônico batom vermelho, inspirados na deusa do cinema. A televisão homenageia a atriz com o seriado Smash, que vai ao ar todas as quartas, às 23h, no Universal Channel. A atração, que vai continuar em outra temporada, conta a história da construção de um musical em homenagem a Marilyn. O Festival de Cannes, que completou 65 edições este ano, teve estampado em seu cartaz sua figura deslumbrante.LivrosA Marilyn mania, no entanto, ganha corpo mesmo é no mundo literário com o lançamento no Brasil de duas obras interessantes. A primeira, Os Últimos Anos de Marilyn Monroe - A Verdadeira e Chocante História (Benvirá/R$ 45), investiga os derradeiros anos da estrela, especulando sobre o que realmente aconteceu no fatídico dia de sua morte. Durante cinco anos de pesquisa, o escritor e jornalista Keith Badman, que escreveu biografias dos Beatles e dos Beach Boys, vasculhou documentos exclusivos e depoimentos inéditos de testemunhas para recriar em mínimos detalhes as últimas horas de vida da diva. Conta que, naquele 5 de agosto de 1962, ela acordou cedo, fez massagem relaxante em casa, planejou um churrasco que acabou não acontecendo, conversou com o empresário, analisou fotografias novas nas quais aparece nua e chegou a selecionar algumas para sair na Playboy. Colheu flores frescas no jardim, arrumou a casa e relaxou à beira da piscina. No final do dia, recebeu a visita de um homem identificado por vizinhos como Bob Kennedy, apesar deste estar, oficialmente, viajando com a família. Outra publicação que merece atenção é o surpreendente Fragmentos – Poemas, Anotações Íntimas e Cartas de Marilyn Monroe (Tordesilhas/R$ 60). Organizado por Bernard Comment e Stanley Buchtal, o livro traz uma preciosa seleção de manuscritos de Marilyn, inclusive poemas escritos por ela nos muitos diários que colecionou ao longo da curta vida. Seus textos são, em maioria, desoladores, explícitos em demonstrações de infelicidade e solidão. Tinha medo de herdar a doença mental da mãe, sofria por não ter uma família constituída, odiava a personagem na qual ficara aprisionada. Tudo sem o filtro do glamour. O arquivo foi encontrado há alguns anos pela família de Lee Strasberg, professor de teatro de Marilyn e para quem ela deixou objetos pessoais e os direitos de exploração de sua imagem. O livro revela outro lado da atriz, leitora voraz de grandes autores como Gustave Flaubert, Samuel Beckett, James Joyce, Joseph Conrad, Ernest Hemingway e Albert Camus. Usava isso como compensação pela formação defasada.MistériosAté sua morte vem sendo revista hoje em dia. Oficialmente, suicidou-se em casa, na Califórnia, por ingestão acidental de barbitúricos com champanhe. Foi encontrada em sua cama, dasamparadamente nua. Mas o jornal espanhol El País publicou recentemente uma foto inédita de Marilyn, tirada no momento em que foi encontrada morta pela polícia. A imagem faz parte do livro Cadáveres Maravilhosos, do médico legista Thomas T. Noguchi, que revela alguns dos detalhes da morte da maior diva de Hollywood. Segundo ele, a atriz faleceu por volta da meia-noite mas a polícia só foi avisada cinco horas depois. Além disso, havia marcas de violência no seu corpo, como uma visível equimose no ombro esquerdo, que nunca foram investigadas. O médico denuncia ainda que seu estômago e o fígado foram destruídos, mas que, de acordo com as análises, não havia vestígio no corpo de nenhuma das 40 cápsulas supostamente ingeridas. Até hoje, um fim enigmático como ela própria.Matéria original: Correio 24 Marilyn Monroe: após 50 anos de sua morte, diva do cinema ainda seduz o mundo
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