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CINEMA

Lázaro Ramos estreia como diretor em ‘Medida Provisória’

"A história é tão poderosa que não cabe em uma hora e meia de filme" afirmou Lázaro Ramos sobre longa

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Redação iBahia

06/04/2022 às 7:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 3:13 - há XX semanas
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Foto: Acervo iBahia

Governo ditatorial aprova medida provisória decretando que todo cidadão negro brasileiro seja deportado imediatamente para o continente Africano - É este o contexto do Brasil distópico do primeiro filme dirigido por Lázaro Ramos, "Medida Provisória", que chega às salas de cinema no dia 14 de abril.

O longa é uma adaptação da peça “Namíbia, Não!”, do baiano Aldri Anunciação, que além de participar do filme como ator, fez parte também da adaptação do roteiro da obra, que já lhe rendeu um Prêmio Jabuti de Literatura, para o cinema. O autor relembra os anos de peça em que o público já pedia pela obra no cinema:

"As pessoas diziam: 'Essa peça dá um filme, essa peça dá um filme', virou um mantra. Esse filme é uma convocação pública, não é apenas uma vontade única dos fazedores",
disse ele ao iBahia.

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'Medida Provisória' mistura drama, humor e ação sempre embasados por fortes críticas sociais. Para o diretor Lázaro Ramos, o filme busca entreter mas, também busca convocar as pessoas a reflexão, a fim de provocar uma mudança positiva na sociedade como um todo.

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"Porque o filme começa com comédia? Porque eu quero que as pessoas se identifiquem com essa família, que queiram fazer parte dela. Que quando o acidente, que ocorre, chegue a gente lamente junto, mas queira outro destino. O filme é para isso, pra gente querer outro destino. (...) É uma história tão poderosa que não cabe em uma hora e meia de filme", afirmou o diretor.

‘Dream Team’
Lázaro conta que conseguiu o "elenco dos sonhos" em sua primeira direção. O filme conta com Taís Araújo interpretando Capitu, companheira de Antônio, personagem do inglês Alfred Enoch e com Seu Jorge no papel do jornalista André. Além deles, o filme conta com Adriana Esteves, Renata Sorrah e com os estreantes no cinema: Diva Guimarães, o rapper Emicida e a influenciadora baiana Maíra Azevedo (Tia Má).

Em entrevista exclusiva ao iBahia, a influenciadora afirma que depois de assistir 'Medida Provisória' ninguém poderá afirmar que não conhece artistas negros. Ela também reflete sobre a importância e o impacto do elenco de atores do filme ser majoritariamente negros.

"O racismo faz isso com a gente, de acreditar que pessoas negras vivem uma única narrativa. E quando você assiste o filme, você ver pessoas negras com diversas opiniões, e isso é uma forma de nos humanizar. Eu acho que Medida Provisória tem essa provocação, de fazer o público entender que somos diversos. Isso é fundamental, e que fique essa lição", refletiu a influenciadora.

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Em análise à diversidade no seu elenco, o diretor Lázaro Ramos, afirma que: "A vida real é assim, porque nós somos assim, às vezes tratamos negros como uma massa uniforme e não é dessa forma. Cada pessoa tem uma história de vida que vai lhe moldando. Claro que a gente passa por dores similares e traços culturais que nos aproximam. Mas a gente tem o direito à individualidade. O filme fala disso", contou ao iBahia.

Atuando em seu primeiro filme brasileiro, Alfred Enoch falou com exclusividade ao iBahia sobre sua relação com o Brasil. O ator, que tem mãe brasileira, morou em Salvador - no bairro de Piatã -, quando tinha apenas 6 anos e afirmou lembrar da época com muita alegria. Enoch destacou em bom português sobre o que aprendeu com "Antônio", o seu personagem.

"Eu admirava muito [o Antônio]. Mesmo no contexto difícil, ele encontra forças para resistir. Aprendi a valorizar muitas coisas que já eram importantes pra mim, mas aprendi que essas coisas também tem a ver com resistência. E isso foi muito bonito", pontuou o ator.

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Burocracias no lançamento

“Medida Provisória'' foi premiado em Memphis na categoria de Melhor Roteiro e ganhou o prêmio especial do júri no troféu Redentor, no Festival do Rio em 2021. Mesmo com sucesso em premiações nacionais e internacionais, o longa enfrentou impasses para vir a público no Brasil, por conta da ANCINE. Ao falar sobre o assunto ao iBahia, Lázaro Ramos afirma que o filme sofreu censura.

"O filme precisava apenas de uma assinatura e ela demorou mais de um ano pra ser liberada. A assinatura só saiu depois que a imprensa noticiou sobre a possibilidade de censura. É isso, a censura se faz também pela burocracia", afirmou o diretor.

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O futuro distópico descrito pelo filme por vezes se assemelha com a realidade do Brasil atual, mesmo se tratando de uma história com mais de dez anos, considerando o período da peça 'Namíbia, Não!', a sensação de factualidade é presente do início ao fim da obra. Ao refletir sobre o efeito do filme sobre o público, o autor da peça Aldri Anunciação deseja que as pessoas saiam com vontade de debater de forma saudável.

"A importância do filme hoje, é trazer o debate de volta de maneira bem humorada e divertida. Trazer o debate com pipoca na mão", contou Aldri. Para Lázaro Ramos, o filme abre janelas para que a mensagem vá para além das bolhas, impactando os discursos e provocando a reflexão no público. Segundo o diretor: "A gente precisa ter coragem pra trazer essas pautas no nosso conteúdo. A arte serve pra isso, para fazer a gente pensar, refletir e provocar. Serve para entreter e divertir também, mas principalmente para que a gente possa se identificar e ter um espelho da gente mesmo e desta forma melhorar a realidade. A arte é muito valiosa pra gente abrir mão dela nesse lugar."

Confira entrevista completa:



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