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CINEMA

‘Infiltrado na Klan’ traz crítica velada ao governo Trump

Filme baseado em história real teve 5 indicações ao Oscar

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Redação iBahia

04/02/2019 às 14:43 • Atualizada em 28/08/2022 às 10:46 - há XX semanas
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Seria cômico se não fosse trágico. O ditado cai bem à nova produção de Spike Lee. Baseado no livro escrito por Ron Stallworth, o primeiro detetive negro da história do Departamento de Polícia de Colorado Springs, o filme conta como o agente conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan, frustrar diversos ataques e expor os membros do grupo. Apesar do tema delicado, o longa é repleto de passagens cômicas e consegue rir de si mesmo, mas o que salta aos olhos é a discriminação racial e a atuação de grupos opostos, como os Panteras Negras e a KKK.
À época, os Estados Unidos ainda digeriam as mortes de Martin Luther King Jr. e Bob Kennedy, dois dos defensores dos Direitos Civis dos negros, assassinados em 1968. A segregação racial continuava assustando e grupos supremacistas brancos tinham o afago de grande parte da sociedade. O filme mostra como Ron, interpretado por John David Washington, e seus parceiros conseguiram frustrar atentados e até mesmo enganar o líder da KKK, David Duke.
Foto: Reprodução
De forma proposital, porém sutil, o roteiro estabelece um paralelo com o governo de Donald Trump, principalmente quando nos discursos os supremacistas usam expressões como “Make America great again” e “America first”, ditas pelo republicano desde a corrida à Casa Branca, em 2016. Spike Lee encerra o filme com imagens dos protestos em Charlottesville (2017), quando três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após serem atropeladas por um jovem de 20 anos, ligado a grupos supremacistas brancos.
Independentemente da situação política na terra do Tio Sam, o grande êxito de ‘Infiltrado na Klan’ é evidenciar que as atitudes racistas, embora mais explícitas antigamente, ainda existem. Sutis ou escancaradas, elas são igualmente perversas e precisam ser combatidas a qualquer custo. O trabalho de Lee é um alerta para que outras atrocidades não sejam cometidas em nome de qualquer ideologia imbecil e retrógrada.*Heyder Mustafá é jornalista e produtor cultural formado pela UFBA, editor de conteúdo da GFM e Bahia FM, apresentador do Fala Bahia e apaixonado por cinema, literatura e viagens.

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