Para mim, é o filme do ano e merece muito (muito mesmo!) ser visto. ‘Green Book’ não é excelente apenas porque é baseado em uma história real, tem um roteiro genial e conta com uma dupla de protagonistas extremamente entrosada, oferecendo o que há de mais sensível e fabuloso no quesito atuação. O filme é tudo e mais um pouco porque fala sobre aceitação e, mesmo ambientado na década de 1960, é incrivelmente atual.
Essa é a história de Don Shirley (Mahershala Ali), um sofisticado músico negro, que contrata Tony (Viggo Mortensen), um ítalo-americano brucutu, para ser seu motorista em uma turnê pelo sul dos EUA. Tudo estaria dentro da normalidade se Tony não fosse racista e se o sul norte-americano não estivesse infestado pela praga do preconceito racial, combatido à época por líderes como Martin Luther King Jr e Bob Kennedy.
O filme mostra episódios que deixam qualquer ser humano de bem indignado. Até mesmo o motorista começa a se incomodar com a irracionalidade do preconceito sofrido pelo chefe ao ser barrado em restaurantes ou impedido de se hospedar em um hotel que não fosse exclusivo para negros. A sordidez desse costume fétido e descabido acaba aproximando os personagens, que logo desenvolvem uma grande amizade.
'Green Book' é uma obra para ser vista e revista. É um manifesto real, dramático - e também bem-humorado - sobre uma visão deturpada da existência humana que definiu o comportamento do homem branco norte-americano por muito tempo e que, ainda hoje, encontra abrigo em mentes doentias, seja lá ou aqui. Usar a arte para falar da desgraça que a ignorância pode causar e evitar que mais atrocidades aconteçam é, e sempre deve ser, motivo de reconhecimento.
*Heyder Mustafá é jornalista e produtor cultural formado pela UFBA, editor de conteúdo da GFM e Bahia FM, apresentador do Fala Bahia e apaixonado por cinema, literatura e viagens.
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Redação iBahia
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