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CINEMA

Filme recupera história obscura da Segunda Guerra Mundial

Longa dirigido por George Clooney conta a história de soldados que recuperaram obras de arte roubadas por Hitler durante a guerra

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10/02/2014 às 19:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 3:45 - há XX semanas
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Está lá nos livros de história que Hitler roubou milhões em peças de arte na Europa e as colocou em túneis, escondidas. O que poucos sabem é que um grupo de homens, velhos demais para as atividades de soldados, se alistou e foi buscar as maravilhas exibidas até então em museus e em coleções particulares de famílias judias.
Essa é a história de heróis anônimos da Segunda Guerra Mundial que George Clooney escolheu para nortear seu quinto filme como diretor, Caçadores de Obras-Primas, que estreia nesta sexta-feira. Com um elenco de luxo, composto por Matt Damon, John Goodman, Bill Murray e Jean Dujardin, Cate Blanchett, além do próprio Clooney, o longa-metragem não aborda o tema sem humor."Queremos que seja divertido e um bom entretenimento”, diz Matt Damon, em entrevista cedida com exclusividade ao CORREIO pela Fox. George Clooney, seu amigo de longa data, completa: “Não tínhamos interesse em fazer ‘o filme de guerra do Oscar’. Confira abaixo as entrevistas com o o ator e diretor do longa, George Clooney e com o ator Matt Damon
George Clooney, em seu quinto longa como diretor: “O segredo de um filme como este é sempre o tom”
George Clooney, 52 anos, sempre atua ao lado de amigos. É uma de suas premissas. Como diretor não faz diferente. Em seu quinto filme como realizador, ele reuniu gente a quem conhece há anos para contar uma história inusitada e provar que o amor à arte vale, sim, uma vida. Mas, não espere deste Caçadores de Obras-Primas mais um drama sobre a Segunda Guerra.“Queremos um drama com algumas boas risadas, não uma comédia com coisas sérias, porque assim seria difícil agradar a plateia. Mas, a mensagem subjacente era de que a arte é extremamente importante e, sem ela, não existe cultura. É nossa história”, diz. Na entrevista a seguir, ele revela que escreveu cada personagem pensando nos amigos: “E muito mais fácil escrever pensando nos atores e em quem eles são. Às vezes, também é bom escrever contra aquilo que as pessoas pensam do ator”.O livro de Caçadores de Obras-Primas não é ficção, mas parece uma excelente ideia para um filme: um grupo de homens mal equipados e com idade um tanto avançada para serem soldados unem-se na missão de salvar a melhor arte do mundo.Sim, ficamos surpresos porque parece mesmo um filme. Sabia algo a respeito, lembrei que Hitler bombardeou grande parte da Inglaterra, e parte do motivo pelo qual ele não bombardeou Paris foi porque ele queria as obras de arte que roubava e escondia em minas. Ele roubou milhões de peças grandes e importantes. Vocês tinham algum filme clássico sobre a Segunda Guerra como referência?Sim, mas, quando os vimos, percebemos que a maioria não parece muito boa atualmente. Há exceções: A Ponte do Rio Kwai ainda funciona em todos os aspectos; e é possível admirar alguns elementos de outros mas em geral nos baseamos naquilo que lembrávamos desses filmes. Não estamos fazendo um filme de 1955. Queremos fazer uma versão moderna que seja acessível para todo mundo. Isso pode surpreender algumas pessoas, pois é mais um filme de aventura e distração, não é do tipo que ganha prêmios.Nós realmente não tínhamos interesse em fazer “o filme de guerra do Oscar”. Queríamos fazer um filme bom, honesto, uma obra de entretenimento que nos deixaria orgulhosos. E o elenco aceitou isso logo. Na função de diretor, a intimidade com os atores cria alguma dificuldade?Bem, sim. Eu me dou muito bem com o Bill, ele já se hospedou na minha casa durante férias de verão. Eu lembro que disse ao Bill quando começamos: “Acho que vai ser estranho eu dirigir você”. E ele disse: “Basta dizer o que devo fazer, que eu faço”. Da mesma forma, é estranho para mim dizer ao John Goodman: “John, quero que você faça do seguinte jeito...” Mas ele faz tudo parecer muito natural. É só uma sensação estranha. Mas logo a superei e fiz o meu trabalho. Você já tinha muitos atores específicos em mente quando escreveu o roteiro?Na verdade, a maioria deles. E é muito mais fácil escrever pensando nos atores e em quem eles são. Às vezes, também é bom escrever contra aquilo que as pessoas pensam do ator. O Bill, por exemplo, tem uma das cenas mais dramáticas da sua vida com a atriz que interpreta sua filha. É uma cena linda e bem diferente daquilo que ele costuma fazer. Este filme tem que equilibrar momentos de pura comédia com o drama extremo da guerra. Isso foi difícil?Nem um pouco. Queremos um drama com algumas boas risadas, não uma comédia com coisas sérias, porque assim seria difícil agradar a plateia. O segredo de um filme como este é sempre o tom. A mensagem subjacente era de que a arte é extremamente importante e, sem ela, não existe cultura. A verdadeira questão é: “A arte vale o preço de uma vida?” E, de certa forma, tem que valer. Porque teve gente que morreu por ela, pelo que ela significa para muitas pessoas. Porque a arte é a nossa história. É uma grande responsabilidade que você assumiu: provar que a arte vale o preço de uma vida em um filme de mero entretenimento. Acho que, quando se conta uma história, não é preciso fazê-la funcionar em grande escala; basta que ela funcione em uma escala pessoal. Acho que, sem o devido contexto, seria muito difícil provar que uma obra de arte pode valer o preço de uma vida. Mas, em nível muito pessoal, no contexto específico, acho que conseguimos provar que vale.
Matt Damon é só elogios para o amigo diretor: “George consegue estar no controle e ser bem tranquilo”
Um dos melhores atores de sua geração, Matt Damon, 43 anos, trabalhou pela primeira vez com Cate Blanchett em 1999, em O Talentoso Ripley (Anthony Minghella). E ele não saiu impune ao talento e charme da atriz australiana. Hoje, 14 anos depois, o deslumbramento só aumentou depois da parceria em Caçadores de Obras-Primas: “Não sei como descrever a Cate, ela é uma aberração da natureza. Tem essa habilidade de viver esses personagens tão diferentes de quem ela é e deixá-los plenamente críveis. Cate interpreta num nível que os outros não conseguem”.No filme, ele vive um dos não-militares que se aventuraram pela Europa para tentar recuperar as preciosidades artísticas que Hitler roubou durante a Segunda Guerra Mundial e assume, sem pudor algum, que não sabia desse episódio: “Estou surpreso que uma história importante como essa tenha me escapado em todas as aulas que tive sobre a 2ª Guerra .” Como você se envolveu no projeto de Caçadores de Obras-Primas? Eu estava indo buscar meus filhos na escola e recebi um e-mail do George perguntando: “Você está ocupado na primavera?” Então quando cheguei em casa, liguei para ele, fiquei sabendo um pouco sobre o projeto e recebi o roteiro. Li e imediatamente adorei. Você sabia alguma coisa sobre a história original dos Caçadores de Obras-Primas e suas atividades durante a guerra?Estou surpreso que uma história importante como essa tenha me escapado em todas as aulas que tive sobre a 2ª Guerra Mundial. Ninguém jamais mencionou todas as obras de arte roubadas que os aliados conseguiram recuperar. E essa ideia que esses caras meio que deixaram tudo para trás, passaram por um treinamento básico e foram para a frente de batalha arriscando suas vidas para salvar obras de arte é uma história incrivelmente interessante. Você é amigo de George Clooney. Isso torna o processo de trabalho mais fácil ou dificulta?Facilita porque já se tem um atalho. Ele não precisa gastar tempo se preocupando com meus sentimentos. Há uma confiança implícita. Que tipo de diretor é o George?Ele consegue estar no controle e ser bem tranquilo, o que é a marca registrada de um grande diretor. Ele nunca levanta a voz. Não houve tensão alguma no set. Você diria que Caçadores de Obras-Primas foi semelhante a outros filmes com grupos de atores como os da série Onze Homens e um Segredo?Sim, é parecido com a série, acredito. Em parte, pelo tom. Queremos que seja divertido e um bom entretenimento. E acho que em termos do processo de trabalho, também foi bem semelhante: os atores se divertiram muito. Bill Murray é um cara muito independente e tem uma personalidade peculiar. Foi intimidante trabalhar com ele?Acho que teria sido se ele não fosse um cara tão centrado e muito gentil. Ele foi muito agradável e cheio de consideração... Concordo que ele pode ser intimidador, porque ele é independente no sentido que ele não aguenta bobagem e tem um senso de humor incrivelmente ácido que pode ferir você se ele optar por isso. Mas suas piadas nunca foram cruéis. Você teve muitas cenas com Cate Blanchett, com quem trabalhou há 15 anos em O Talentoso Ripley. Como foi trabalhar com ela novamente?Foi estranho. Não sei como descrever a Cate. Ela é uma aberração da natureza. Ela tem essa habilidade de viver esses personagens tão diferentes de quem ela é e deixá-los plenamente críveis. E eu me senti exatamente com quando eu tinha vinte e tantos anos. Aqui estamos nós no início da década de 40 e essa pessoa aparece novamente como um mulher francesa, e eu pergunto: “Quem é essa?” Até Jean Dujardin, que viu Cate fazendo uma cena certo dia, disse: “Mas eu não entendo... Ela é francesa!” É essa habilidade inimitável de ser um camaleão. Mas aí no final da cena, ela é australiana novamente. Cate interpreta num nível que os outros não conseguem. Clooney é famoso por suas pegadinhas no set. Você foi vítima de alguma?Bem, ele nunca admitiu isso para mim, mas deu uma entrevista dizendo que estava diminuindo meu guarda-roupa, um tiquinho a cada dia. O que atribuiu a meus maus hábitos alimentares enquanto estava fazendo o filme. Mas fez muito sentido quando eu ouvi!

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