A vida de Maria Bethânia já foi contada de diversas maneiras no cinema. De "Pedrinha de Aruanda" a "Fevereiros", a voz da abelha rainha reverbera entre os quatro cantos. Agora, a história ganha um novo capítulo em "Maria - Ninguém sabe quem sou eu".
Escrito e dirigido pelo jornalista auto declarado fã de Maria Bethânia, Carlos Jardim, o filme traz "Bethânia por Bethânia", como classifica o próprio diretor.
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"Eu quero fazer uma coisa diferente. Eu quero fazer um filme que seja Bethânia falando. Bethânia por Bethânia. Eu não quis depoimentos de personalidades, eu quis que apenas ela falasse", explicou o diretor.
E esse é, de fato, o fio condutor da narrativa construída por Carlos Jardim. Uma longa conversa com Maria Bethânia dita o ritmo do documentário, com foco para a fala altiva e presente da artista, o movimento das mãos, o olhar, e o canto.
"Um filme que só a Bethânia fala. E em determinados momentos, eu escolhi 5 textos, como de Ferreira Goulart e Nelson Mota, que falem sobre a grandeza de Bethânia. E como se trata de Bethânia, eu convidei uma outra grande dama, outra grande rainha, que é a Fernanda Montenegro", revela o diretor.
Fernanda Montenegro se junta a Mariana Gross na leitura dos textos enquanto imagens feitas por fãs ao longo dos anos são passadas em tela. Gravações históricas intercalam as falas da artistas, apresentando a potência interpretativa e vocal de Maria Bethânia.
"Você vai se sentir mais próxima de Bethânia, você vai entender mais de Bethânia. E eu acho que isso se tratando de uma pessoa tão discreta e tão fechada quanto Bethânia já é um acontecimento e tanto".
Do amor de fã à produção de um documentário e a escrita de um livro
A ideia surgiu de uma colega de trabalho e rapidamente tomou forma. Quatro horas de conversa na casa de Maria Bethânia, em Salvador, foram determinantes para Carlos Jardim receber o sim do projeto que reúne anos de pesquisa e amor como fã.
"Isso foi em 2018. Eu conversei com ela em janeiro de 2019, mas aí depois vieram as dificuldades todas de pandemia. Ficou tudo muito complicado de fazer e só conseguimos chegar agora nos cinemas", disse.
Durante o processo, Carlos conta que em nenhum momento Maria Bethânia interferiu e não impôs nenhuma restrição ao que vai passar em tela.
"Em nenhum momento ela interferiu em nada, não fez nenhum pedido, não impôs nenhuma restrição. Eu fiquei muito feliz. Foi uma demonstração de confiança no meu trabalho. E ela não viu o filme até agora. O filme chegou ao cinema sem ela ter visto. Não quis olhar, não quis fazer nenhum tipo de consideração. Ela confiou. Foi muito respeitosa e elegante como sempre", contou ao iBahia.
E do filme, veio o livro. “Ninguém sabe quem sou eu (a Bethânia agora sabe!)”, escrito por Carlos Jardim, traz, entre outras coisas, os bastidores do documentário somados a anos de devoção à artista.
"O filme chama 'Maria - Ninguém sabe quem sou eu', então eu fiz uma brincadeira no título. […] Eu conto como conheci Bethânia pela primeira vez, como eu me apaixonei, como eu comecei a ir no camarim como fã, e depois virei jornalista até chegar a fazer o filme. […] O livro meio que complementa o filme, são duas coisas que caminham juntas nessa coisa de falar e homenagear essa, que para mim, é a maior voz da música brasileira", afirma Jardim.
Bahia e outros temas
E claro que se falando de Maria Bethânia a Bahia não poderia ficar de fora. Segundo a própria, a Bahia para ela é sagrada. Bethânia destaca a infância em Santo Amaro e força do estado. Resgata também a importância da religiosidade na vida da artista, do pai, da mãe e a relação com Mãe Menininha.
"É um filme que transborda Bahia para todos os lados", diz o diretor.
'Maria - Ninguém sabe quem sou eu' estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (1°).
*Sob supervisão do repórter Alan Oliveira
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Nathalia Amorim
Nathalia Amorim
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