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O roqueiro baiano Raul Seixas, morto em 1989, ganha homenagem com o documentário lançado oficialmente ontem, em Salvador |
O rosto do roqueiro Raul Seixas se multiplicou nas camisas do público que ocupou o cinema UCI Orient Iguatemi na noite desta segunda (12). Fãs de gerações diferentes exibiam a sua admiração pelo pai do rock brasileiro, todos à espera para conferir a pré-estreia do documentário dirigido por Walter Carvalho, "Raul - O início, o Fim e o Meio".
Veja também: conheça o Canal de Cinema do iBahia Exibido em festivais de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba, o documentário que ganhou em 2011 o Prêmio Itamaraty de melhor documentário escolhido pelo público, teve seu lançamento oficial em Salvador, para uma platéia lotada.
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Fãs de Raul lotam cinema de Salvador para assistir à pré-estreia |
Enquanto a fila estava sendo formada, os amigos e parceiros de trabalho de Raul, que formaram o grupo Raulzito e Os Panteras, se encontravam em frente a sala onde seria exibido o filme. Eládio Gilbraz, guitarrista e vocalista da banda e Mariano Lanat, baixista e vocalista, falaram sobre a iniciativa de se fazer o documentário e a convivência com Raul, com quem tocaram juntos durante aproximadamente quatro anos. "Raul era uma figura brincalhona, apesar de tímido. Lia muito, e era muito inteligente", lembra Eládio.
'Raul era uma figura brincalhona, apesar de tímido', conta o guitarrista e 'pantera' Eládio Gilbraz |
Sobre a iniciativa de se fazer um documentário sobre a vida e obra do baiano, fã de Elvis Presley, Eládio comemora: "Achei excelente a iniciativa. O filme deve ter dado muito trabalho, mas eu achei ótimo para um país que não tem memória, ter registrada a figura de Raul.", comenta. Para Mariano, que foi o primeiro fundador de os Panteras junto com Raul, o músico foi um grande amigo: "Começamos como amigos, ai iniciamos Os Panteras. Tocamos muito rock juntos", conta. Para os fãs que pensam que o grupo acabou, Os Panteras continua na estrada, fazendo shows, com mais frequência, no circuito Rio de Janeiro e São Paulo.
Curiosidade: Os Panteras continua na estrada, fazendo shows, com mais frequência, no circuito Rio de Janeiro e São Paulo. |
Fãs do 'maluco beleza' |
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Sandra, fã de Raul Seixas desde 13 anos |
Depois de mais de 20 anos após a morte de Raul Seixas, o músico ainda conserva uma legião de fãs, como Sandra Kowalczuk, 58, mãe do produtor do documentário na Bahia, Felipe Kowalczuk. Vestida a caráter, com a camisa do filme, Sandra não esconde a admiração por Raulzito. "Aos 13 anos, eu ia a todos os ensaios dele na Associação Atlética da Bahia que acontecia aos domingos. As letras das músicas dele não envelhecem, é para a vida toda, de geração para geração. Passei a minha admiração por ele para os meus filhos e tenho certeza que muita gente fez o mesmo!, afirma a fã.
Veja também: conheça o Mundo Rock iBahia A dona de casa Maria José Farias, 43, conheceu pela primeira vez a música de Raul, aos 17 anos, ouvindo na rádio. "Depois que ele morreu, fiquei mais fã ainda. Raul era muito autêntico, e era o cara mais eclético que existia! Até arrocha ele fazia!", diz Maria José. Para o artista plástico Miguel Cordeiro, autor da capa do disco do grupo Camisa de Vênus, de 1987, período que conheceu Raul pessoalmente, o roqueiro era um ídolo para todos os jovens. "Ele falava o que valia a pena ouvir, tinha a linguagem do rock.", explica.
'O cruzamento de Elvis com Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro', define Raul, o diretor Walter Carvalho |
Raul, pioneirismo na mistura de ritmos |
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Walter Carvalho, diretor do filme, mostrou a irreverência de Raul |
Ao todos foram 94 entrevistas para chegar ao produto final de um documentário de 2h de duração, o que não é normal para este tipo de gênero cinematográfico, segundo o diretor Walter Carvalho. A grande lição que o roqueiro deixou, segundo o diretor, foi ter sido a primeira pessoa a chamar a atenção para "o cruzamento de Elvis com Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro". De acordo com Carvalho, a irreverência, o ser libertário e agitador são as características bastante exploradas no filme, e é essa imagem de Raul que será levada para os mais novos que assistirem ao documentário. "Gerações mais novas falam
Tocam Raul!, sem nem às vezes ter ouvido a música dele. O que aproxima o jovem dessa figura é a irreverência mesmo", diz Walter Carvalho.
Filha de peixeA DJ Vivian Seixas, filha de Raul, também esteve presente ao lançamento. No filme, ela dá um depoimento simples, mas muito emocionado. "Eu conto um pouco da convivência que tive com meu pai. Eu tinha oito anos quando ele faleceu, mas me lembro dos personagens que ele criava pra mim", conta Vivian.
'Eu tinha oito anos quando ele faleceu', relembrou a filha Vivian Seixas |
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Vivian Seixas, filha de Raul, esteve no lançamento do filme |
A escolha por um documentário no lugar de um filme de ficção, como foi o caso do filme "Cazuza - O Tempo Não Pára (2004)", que conta a história de vida do músico Cazuza, dirigido pelo mesmo diretor, agradou a DJ. "Eu prefiro mesmo que seja um documentário, porque meu pai merece ser o próprio ator de sua vida. E também os mais novos vão poder conhecer o rostinho dele". Vivian optou por tocar o House Music nas pistas de dança, e tem a certeza que o pai seria um grande apoiador do seu trabalho "As pessoas me perguntam sobre o que eu acho que ele ia achar do meu trabalho. Eu tenho certeza que meu pai ia me dá a maior força!", declara. O documentário "Raul - O Início, o Fim e o Meio" tem estreia nacional no dia 23 de março, e promete emocionar muitos expectadores. Vale a pena conferir.