O presidente Jango (à direita) e o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon (Arquivo Nacional) |
Nesta terça-feira (25), foi iniciada a etapa final de elaboração do laudo pericial da causa da morte, que tem como causa oficial um ataque cardíaco. Até sexta-feira (28), peritos da Polícia Federal e de dois laboratórios estrangeiros, um português e um espanhol, confrontarão os resultados das análises dos restos mortais do ex-presidente para confecção do parecer final a ser apresentado, primeiramente, à família de João Goulart.
Em seguida, será feito o anúncio oficial das análises entregues à Comissão Nacional da Verdade. “Esperamos, com isso, que possamos encerrar esse capítulo da história. Temos uma situação em que episódios de assassinatos de personalidades acabaram ficando comprovadas, principalmente, nas questões vinculadas na Operação Condor. Portanto, encerrarmos esse episódio com um laudo é o mínimo que devemos aos familiares e à sociedade brasileira”, disse a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti.
Em 2013, restos mortais de Jango foram exumados e recebidos, em Brasília, com honras de Chefe de Estado (Foto: Agência Brasil) |
A análise dos restos mortais de Jango teve início no dia 13 de novembro do ano passado e foi feita por laboratórios do Brasil, da Espanha e de Portugal. O trabalho foi acompanhado por peritos da Argentina, do Uruguai e de Cuba, representantes da Cruz Vermelha e do Ministério Público Federal, além da família de Jango. Hoje, de acordo com a ministra Ideli Salvatti, foram abertos os envelopes com os resultados de cada um dos laboratórios que participaram do processo.
Questionada sobre a possibilidade de a análise não ser conclusiva sobre a causa da morte, a ministra disse que o importante foi a transparência no processo de investigação. “Durante todo o procedimento de coleta e envio de materiais para os laboratórios, os familiares tiverem todo acesso. Para nós o importante é o trabalho feito com transparência. É impossível darmos qualquer presunção ou alguma alusão à expectativa”, ponderou Ideli.
Deposto pelo regime militar (1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado. Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado em sua cidade natal, São Borja (RS), sem passar por uma autópsia. Desde então, existe a suspeita que a morte de Jango tenha sido articulada por autoridades das ditaduras brasileira, argentina e uruguaia, que tinham uma parceria - Operação Condor – estabelecida para combater os movimentos de resistência aos regimes impostos.
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