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Salvador e Região Metropolitana teve mais de 400 tiroteios em 100 dias, diz pesquisa

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado revelou ainda 31% dos tiroteios ocorreram durante ações ou operações policiais

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Redação iBahia

10/11/2022 às 10:01 • Atualizada em 11/11/2022 às 7:21 - há XX semanas
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					Salvador e Região Metropolitana teve mais de 400 tiroteios em 100 dias, diz pesquisa
Foto: Reprodução

Um levantamento chamado '100 Dias de Fogo Cruzado na Bahia' revelou que Salvador e Região Metropolitana teve 443 tiroteios em 100 dias. A informações foi divulgada pelo Instituto Fogo Cruzado, em parceria com a Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas, na manhã desta quinta-feira (10).

Os dados apontam ainda que:

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  • As ações resultaram em 401 pessoas baleadas e destas vítimas, 304 morreram.
  • Em média, são 4 pessoas baleadas por dia em Salvador e Região Metropolitana;
  • 31% dos tiroteios ocorreram durante ações ou operações policiais;
  • E, em 100 dias, 113 pessoas morreram em situações de ações policiais.

Além disso, o Instituto informou que a capital baiana concentrou 3 em cada 4 tiroteios registrados em toda a Região Metropolitana, e 72% dos baleados.

Apesar de menos registros, é importante ter um olhar atento para outras cidades. Cinco municípios tiveram mais vítimas do que tiroteios, o que aponta um alto risco de letalidade. As cidades que apresentaram esses números foram: Simões Filho, Vera Cruz, Mata de São João e Candeias.

"Estes são importantes indicadores para a construção de políticas públicas de prevenção a violência. É essencial entender a qualidade dos serviços prestados e quais são estes serviços", aponta Dudu Ribeiro, Diretor Executivo da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas.

O relatório foi apresentado no auditório do Museu Eugênio Teixeira Leal, em Salvador. Os dados registrados foram coletados entre 01 de julho a 08 de outubro de 2022.

Letalidade e sensação de insegurança

O levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta ainda que o problema mais grave da violência armada em Salvador e RMS são os casos de homicídios e tentativa de homicídio. Isso porque quase metade dos casos (47%) foram identificados nessas tipologias.

Houve ainda registro de tiroteios em 143 bairros de 12 das 13 cidades que compõem a Região
Metropolitana de Salvador – apenas a cidade de Madre de Deus não registrou este tipo de ação. Vale ainda ressaltar que nenhum bairro ultrapassou a concentração de 4% dos tiroteios em seu território. Ou seja, a violência é grave, porém dispersa.

A sensação de insegurança da população também foi justificada pelos números. Dois em cada três tiroteios terminam com alguma pessoa baleada e mais da metade dos casos (55%) terminou em mortos. Na prática, em quase 10% das vezes, os tiros deixaram 2 ou mais vítimas fatais.

"Sem dados é impossível produzir políticas eficazes que, através dos recursos de inteligência, atinjam de fato o problema. Mas, o mais grave: sem dados, a sociedade não consegue cobrar por essas políticas porque não tem qualquer noção do que acontece nas grandes cidades brasileiras”, destacam Cecília Olliveira, Diretora Executiva do Fogo Cruzado e Dudu Ribeiro, Diretor Executivo da Iniciativa Negra Por uma Nova Política de Drogas, no texto de apresentação do relatório.

Ações policiais

Os dados também se referem à atuação dos agentes de segurança pública em Salvador e na Região Metropolitana. Neles, um em cada três casos de tiroteios ocorre em ações ou operações policiais.

Esta é a segunda maior causa de tiroteios na área analisada. Há ainda dados sobre chacinas policiais que se assemelham aos do Rio de Janeiro: foram registradas 14 chacinas, sendo que 12 ocorreram em ações ou operações policiais.

Dentro desse perspectiva, foi indicado que a disputa entre facções é terceira maior causa de tiroteios em Salvador e Região Metropolitana. Assaltos aparecem em quarto lugar nas dinâmicas mais comuns de violência armada.

Ainda falando sobre os ataques armados, seja disputa entre facções ou assaltos, as chacinas chegaram a 15 casos em 100 dias, ou seja, 1 episódio por semana.

Perfis das vítimas

O perfil das vítimas de violência armada não destoa das pesquisas e outros relatórios que apontam a situação há anos. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, os homens – 89% do total de baleados e 94% do total de mortos, mais especificamente – e os adultos – 95% do total de baleados – são a maioria das vítimas.

As informações sobre gênero e faixa etária, em geral, não são difíceis de encontrar, mas dados sobre raça são raros. De 3 em cada 4 casos de vítimas de violência armada não há qualquer informação sobre a cor das vítimas. Mas quando há, são as pessoas negras que aparecem como principal alvo, representando 4 vezes mais vítimas do que a população branca.

A publicação destaca ainda que a tragédia da violência armada não se restringe ao perfil acima. Quanto mais rotineiros tornam-se os tiroteios, maior o risco para a sociedade. Nestes 100 dias, 4 crianças, 12 adolescentes e 6 idosos foram baleados.

Destes, 1 criança, 9 adolescentes e 4 idosos morreram. Chama atenção ainda, o alto número de vítimas de balas perdidas (13 em 100 dias) – quase 1 por semana. A maioria delas (62%) foi baleada em ações ou operações policiais.

Ainda neste cenário, ao menos 18 pessoas foram baleadas dentro de casa e 17 em locais de lazer como bares e festas. Oss próprios agentes do estado, responsáveis pela segurança dos cidadãos, também se tornam alvos da violência armada. Em 100 dias, 12 agentes de segurança foram baleados, 5 deles não
resistiram. Dentre os agentes mortos, apenas 1 foi baleado em serviço.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

O iBahia entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e em nota, a entidade informou que não vai comentar os dados apresentados. Além disso, a SSP declarou que o Instituto Fogo Cruzado não se trata de um "recurso oficial" e neste caso, "não é possível atestar a veracidade das informações que são apresentadas, o que impossibilita, inclusive, a utilização desse recurso para fins policiais. Os dados gerados de forma indiscriminada e sem confirmação oficial podem produzir estatísticas distorcidas."

"A SSP dispõe de vários recursos para coleta de informações, inclusive de forma anônima, como o Disque Denúncia (181), o 190, além das redes sociais. Todos esses canais estão disponíveis de maneira gratuita e sigilosa."

Ainda segundo a SSP, a pasta "tem intensificado as ações em toda a Bahia para aumentar a sensação de segurança e, principalmente, levar à Justiça os integrantes das quadrilhas de tráfico de drogas, principais responsáveis pela disputa armada pela venda de entorpecentes.  Para isso, além de reforçar as ações operacionais,  a pasta tem investido massivamente em tecnologia."

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