A polícia retomou na manhã desta segunda-feira (25) as negociações para liberar os reféns - incluindo crianças - da rebelião no pavilhão 10 do Conjunto Penal de Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador. A situação já dura mais de 15 horas, deixou sete pessoas mortas e, segundo a polícia, os reféns são familiares dos presos. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Feira de Santana está no local negociando com os detentos.
A rebelião começou por volta das 15h deste domingo (24), durante o período de visitas, quando a administração do presídio percebeu que os internos haviam começado uma confusão. A briga que originou o motim, segundo a Polícia Militar, foi um “acerto de contas entre grupos rivais” que havia deixou um saldo de oito detentos mortos - um deles decapitado - e cinco feridos. O líder de uma das facções seria Haroldo de Jesus Britto, o Aroldinho, preso em janeiro de 2011 por roubo a banco, que teria sido morto por rivais. Durante a rebelião, cerca de 90 familiares dos detentos que faziam visitas foram feitos reféns. A liberação deles foi negociada até a noite de ontem pelo coronel Adelmário Xavier, comandante da Regional Leste da PM. De acordo com o diretor do Conjunto Penal, Clériston Leite, que começou a negociar com os presos logo após o início do motim, só é possível afirmar o número de mortos quando acabar a rebelião. “Eu não estou mais à frente das negociações, mas estamos aguardando o final delas para poder confirmar números. A princípio, são sete (mortos), mas a gente só vai ter certeza quando entrar lá”, disse. O superintendente de Gestão Prisional da Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap), coronel Paulo César, afirmou, por volta das 22h de ontem, que a situação já estava mais tranquila. “Eles suspenderam a negociação agora à noite porque queriam entidades de direitos humanos lá, mas ninguém se fez presente, só imprensa e polícia. Os familiares que não querem sair”. De acordo com o secretário estadual de Administração penitenciária, Nestor Duarte, eles foram convidados a sair logo no início do motim, mas não quiseram. “A orientação é dar um tempo agora à noite, ficamos com tudo cercado, ninguém vai fugir, mas o fato é que nem os visitantes quiseram sair. Vamos vencer pelo cansaço”, disse o secretário, que viajou de madrugada para Feira.
Duarte confirmou que duas facções iniciaram o motim - uma mais nova teria se insurgido contra as ordens da mais antiga. Durante as negociações, um terceiro grupo que não é ligado a nenhuma das facções concordou em recolher os mortos. Sete corpos foram empilhados em um dos lados do pátio. Embora este seja o número confirmado de mortos, o secretário não descarta a possibilidade de existirem outros.Os detentos feridos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no presídio e encaminhados ao Hospital Geral Clériston Andrade. De acordo com o coronel, três armas foram apreendidas - dois revólveres e uma pistola -, mas não estava descartada a possibilidade de se encontrar mais armamento no local. O motim tomou o Pavilhão 10 do Conjunto Penal, cujas 38 celas são ocupadas por 336 presos, embora a capacidade seja de pouco mais de 150. O pavilhão não é o único superlotado. Dados da Seap apontam que, até o último dia 19, havia 1.467 presos no local. A capacidade é para 644 - um excedente de 823. De acordo com o coronel Paulo César, o presídio passou por obras de ampliação. “A obra já está concluída, aguardando só a liberação de mais pavilhões. A capacidade sobe para 1.200”, disse. A população é de 1467 presos.
Presos mantém 100 familiares reféns no pátio do Conjunto Penal. Rebelião começou às 15h de domingo (24) |
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