Esta terça-feira (2) é um dia muito importante para os baianos. Nesta data, é celebrado o Dia da Independência da Bahia, que neste ano completa 190 anos. Os festejos começam logo cedo, às 6h, com queima de fogos, no Largo da Lapinha. A partir das 8h, começa a organização do cortejo, que é seguido do hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia, de Salvador, e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Após a execução do Hino ao 2 de Julho, é iniciada a primeira parte do desfile pelas ruas do centro da cidade em direção ao Terreiro de Jesus e à Praça Municipal. Já às 15h30, é iniciada a segunda parte do desfile, em direção ao Campo Grande, onde haverá nova solenidade de hasteamento de bandeiras pelo prefeito de Salvador e outras autoridade. As atividades serão finalizadas com execução do Hino ao 2 de Julho pelo banda Polícia Militar, acendimento da Pira do Simbólico, por um atleta e novamente será tocado o Hino Nacional. Um pouco de históriaA luta pela Independência da Bahia começou antes da brasileira, mas ela só aconteceu um ano depois. A guerra durou cerca de um ano e alguns dias, entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823. Os constantes desentendimentos e a insatisfação com a Coroa Portuguesa vinham se intensificando desde o século XIX. O estopim da guerra aconteceu em fevereiro de 1822, quando o governo português nomeou o tenente-coronel Madeira de Melo para exercer o cargo de comandante das armas na Província, em substituição do coronel brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães. Mas a nomeação de Madeira de Melo não foi aceita de forma pacífica pelos brasileiros. O tenente-coronel português ordenou que as tropas lusitanas ocupassem as ruas de Salvador. Os brasileiros também reagiram e os conflitos começaram. Os batalhões formados majoritariamente por baianos tomaram o Forte de São Pedro, de onde enfrentaram outros batalhões de maioria portuguesa. Quando os portugueses tomaram o forte e prenderam Freitas Guimarães, festejam atacando casas, pessoas e invadindo o Convento da Lapa, onde se encontravam alguns revoltosos, assassinando a abadessa Joana Angélica.
Alguns brasileiros se entregaram, outros dispersaram, indo em direção aos subúrbios da capital, ou às vilas do Recôncavo baiano, onde se organizaram. Os fazendeiros municiaram os combatentes, a exemplo do avô do poeta Castro Alves, o major José Antonio da Silva Castro, que formou o Batalhão dos Voluntários do Príncipe - popularmente apelidado de “Batalhão dos Periquitos”-, no qual lutou Maria Quitéria. Os negros também se organizaram e formaram o Batalhão dos Henriques, com a promessa de que seriam libertados. No dia 25 de junho de 1822, na cidade de Cachoeira, Dom Pedro foi aclamado “Defensor Perpétuo e Constitucional do Brasil”. Como retaliação, o tenente-coronel português Madeira de Melo enviou uma canhoneira pelo Rio Paraguaçu, que disparou contra a cidade, dando início à guerra de Independência. Depois de três dias de combate, em 28 de junho, os brasileiros conseguiram dominar a embarcação. Aconteceram confrontos no Recôncavo e na Ilha de Itaparica e, consequentemente, o fortalecimento do exército brasileiro. Dom Pedro enviou o general francês Pierre Labatut para reforçar as tropas brasileiras e fazer um cerco a Salvador, por terra e por mar. Os brasileiros bloquearam os acessos à capital da província, impedindo a entrada de mantimentos, armamentos, reforços e dificultando a comunicação dos lusitanos. Houve confrontos em várias regiões da cidade, sendo a mais importante a Batalha de Pirajá, iniciada em 8 de novembro de 1822. Segundo a história, o desfecho aconteceu de forma inusitada. O tenente-coronel das tropas brasileiras, Barros Porto, ordenou que o corneteiro Luis Lopes desse o toque de recuar. Ele desobedeceu às ordens recebidas e tocou o “avançar cavalaria” e, em seguida, o “à degola”. Com o avanço das tropas brasileiras, os batalhões portugueses recuaram e fugiram. Diante da derrota em Pirajá e da impossibilidade de tomar Itaparica, o tenente-coronel português Madeira de Melo, cada vez mais enfraquecido, viu o custo de vida disparar na cidade. Em junho de 1823, ataques por terra, em várias frentes, acabaram com a tomada de postos de defesa portugueses. Acuado, e sem bases de defesa, Madeira de Melo se retirou na madrugada de 2 de julho de 1823. Ao longo do desfile do dia 2, os heróis da Independência são lembrados através das figuras do Caboclo e da Cabocla, representando o povo brasileiro, além das heroínas Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa, o coronel José Joaquim de Lima e Silva e o general Labatut. Para muitos historiadores, a Independência da Bahia pode ser considerada mais importante do que o ato pacífico da proclamação da Independência do Brasil por Dom Pedro I. Para os estudiosos do tema, a independência baiana consolidou a Independência do Brasil. Acreditam que, se ela não houvesse, o Brasil poderia ficar dividido entre sul e norte.
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