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Coluna ValoRH: A Tempestade Perfeita e o seu emprego

Especialista fala sobre a atual fase do mercado de trabalho

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11/03/2015 às 14:31 • Atualizada em 01/09/2022 às 19:45 - há XX semanas
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O termo tempestade perfeita tem sido empregado com razoável frequência ultimamente e aplicado ao nosso momento econômico que, como todos sabemos, não é dos melhores. Pouco importa como e porque chegamos à situação atual, uma análise que demandaria alguns painéis de discussão e vários artigos, mas podemos considerar que os fatores externos e internos que antes convergiram para criar uma impressão de céu de brigadeiro, límpido e risonho parecem ter sido todos revertidos ao mesmo tempo. Em economia, assim como na meteorologia, costuma-se aplicar o termo “Tempestade Perfeita” quando uma série de fatores negativos se somam, todos ao mesmo tempo e, pior, realimentam-se e reforçam-se, tornando o resultado final muito pior do que a soma destes fatores isoladamente. Por exemplo, se temos uma questão na economia americana, que é o fato de economia daquele país estar melhorando a olhos vistos, o reflexo em nossa economia, ao invés de ser positivo torna-se negativo. Se o preço do petróleo cai ao redor do mundo, o que deveria tornar os combustíveis mais baratos e consequentemente beneficiar a indústria nacional causa, ao contrário, o aumento dos preços internos do combustível e atinge negativamente a indústria. O que é fator positivo na economia internacional mostra-se paradoxalmente nefasto para a nossa. O fato é que o Brasil montou uma estrutura econômica e financeira que se mostrou frágil e inconsistente. Enquanto os ventos eram favoráveis, crescemos. Porém, com a mudança da conjuntura internacional, que está longe de ser uma crise, dado que vários fatores são positivos internacionalmente, como a baixa do preço dos combustíveis, afetam negativamente países que estavam estruturados em bases frágeis e que agora sofrem. Não sabemos ao certo o que vai acontecer, mas é fato que as condições que antes nos favoreciam não mais existem. O Brasil terá que se adaptar. E como isto deverá afetar o seu emprego ? Bom, isto depende. Comece olhando ao seu redor e veja quais foram os setores que mais cresceram nos últimos anos... Nitidamente destacamos o de transportes, petróleo, construção civil e comércio e serviços de bens automotivos, não é mesmo ? Pois agora parece natural que estes sejam justamente os setores que provavelmente sofrerão maior retração, ou ajuste, nesta atual fase da economia. Se o preço do petróleo diminuiu no mundo todo, parece também evidente que o valor do produto relacionado ao petróleo, e a petroquímica, também perderá o seu valor, certo ? Sim, é isto mesmo. O mundo vivencia ciclos econômicos sucessivos, altos e baixos, e um destes ciclos foi o da valorização do petróleo, cujo sintoma foi experimentado toda vez que você ouviu e cansou de ouvir sobre as maravilhas do pré-sal. Deve ter sido um bocado de vezes... Pois pare para pensar a quanto tempo não se ouve falar em pré-sal. Evidentemente, se o preço do petróleo estava subindo, o mundo inteiro saiu à sua caça, e encontrou o que procurava, não somente aqui, mas em todo o lugar deste planeta. E aí o petróleo tornou-se abundante. Pelo menos por enquanto e por algum tempo um novo ciclo promete manter o petróleo a custos mais baixos, enquanto o mundo gira e os ciclos econômicos se sucedem. Uma pergunta que pode martelar a sua cabeça é se você deve mudar de emprego em tal contexto, ou se devemos pensar em uma estratégia defensiva. Mas podemos assegurar que a hora agora é de estudar, não somente tomar pé da situação ao seu redor, da sua empresa, do mercado onde está inserida, mas aprofundar os seus conhecimentos e gastar pouco com bens de consumo, mas tendo o cuidado de investir em sua formação. Em um mercado recessivo, o emprego sempre falta primeiro para a mão de obra menos qualificada, não tenha dúvidas disto. Também é importante destacar que a tempestade parece maior em nosso estado e, principalmente, em nossa capital, que ostenta a maior taxa de desemprego do Brasil. Por outro lado, muitos empregos que são destruídos devido a uma mudança na conjuntura são reconstituídos em outro lugar. Um exemplo clássico ocorre nos call centers. Em época de crise as vagas de telemarketing de vendas escasseiam, mas abrem-se muitas vagas no setor de cobrança. Se as pessoas compram menos automóveis, poderão estar mais dispostas a investir em manutenção e as oficinas podem até experimentar aumento de receita. Perdem os vendedores de carros, e ganham os gerentes de serviços e manutenção. São exemplos que servem para mostrar como a mudança na dinâmica da economia pode afetar os empregos. Quando pensamos na “crise”, devemos citá-la entre aspas, porque sabemos que não existe de fato uma crise, e sim a ruptura de um modelo cuja sustentação acabou. Muitos desequilíbrios foram criados. Apenas para exemplificar, foram fornecidos créditos subsidiados para a compra de caminhões, o que estimulou os muitos profissionais autônomos a adquirir o seu caminhãozinho. O benefício era tão tentador que muitos não resistiram em adquirir a sua própria carreta. E hoje, não tem areia para todos, sobrevindo o desespero. É um exemplo de desequilíbrio. O dólar alto veio para ficar, o que indica que o setor exportador, que andava sofrendo bastante e foi obrigado a encolher, deve voltar a crescer e provavelmente voltarão a empregar. Mas se você ainda aposta em um bom emprego público, é bom começar a rever seus conceitos. Em um ambiente inflacionário em que o governo assumiu uma dívida que não tem como pagar, será preciso cortar, sobretudo nas contratações e, ainda mais, no corte dos reajustes. Não é maldade, é que o dinheiro acabou. O dinheiro do setor produtivo não mais é suficiente para bancar os custos do governo e a galinha secou. A outra alternativa seria imprimir dinheiro, o que seria como enxugar gelo. No final, todos perdem e a situação torna-se insustentável. A tempestade viraria furacão. Assumindo que estamos vivenciando apenas uma tempestade, convém entender que o momento é de cautela e a melhor proteção é a sua capacitação, quer seja por cursos de extensão, pós-graduação, quer seja por bons cursos de capacitação à distância. Mas, se você trabalha em um dos setores mencionados aqui e que estejam vulneráveis, não estranhe se sentir um “clima estranho” ao seu redor, pois prepare-se mais ainda, porque é fato que, como se dizia no meu tempo, a barca vai passar. A barca de Caronte, bem entendido. Não espere ser degolado. Claro, se a indenização esperada compensar, você espera seu momento, mas aproveite para olhar ao seu redor e perscrutar os setores que mais poderiam se beneficiar com a mudança da conjuntura. Fala-se no momento de aumentar a participação do alcool na gasolina. Pode ser um alento para os produtores de álcool e empresas deste setor. Enfim, nem todos os setores “afundarão”, mas é certo que haverá uma migração de empregos de algumas áreas para outras. Fique atento, e seja cauteloso. Mas saiba que, investir em sua capacitação é sempre o melhor pára-quedas para qualquer situação e até mesmo tempestade. Então, vista o seu pára-quedas da capacitação. Atenua a queda e serve de abrigo para a chuva.

Sérgio Sampaio
E-mail: [email protected]
Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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