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| Estruturado em dez monólogos, o texto explora a visão pessoal dos presos sobre vida e crime |
Estreia no dia 8 de março, no Teatro Molière, às 20h, de quinta à domingo, a peça
Salmo 91, baseada no romance de Dráuzio Varela, Estação Carandiru. Será a segunda montagem brasileira do texto escrito por Dib Carneiro Neto, que tem como tema central o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. Dirigida pelo dramaturgo e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Djalma Thürler, a peça já ganhou o Prêmio Shell, em 2008.No elenco são cinco atores, Lucio Tranchesi Rubio, Fábio Vidal, Duda Woyda, Rafael Medrado e Lucas Lacerda, interpretando 10 personagens com características muito específicas, estimulando, segundo Thürler, o público a refletir sobre os padrões de gênero, sexualidade, cor, etc. "A peça mostra que o massacre foi um ato absolutamente desumano, mas também cria uma arena de discussão política e poética sobre o espaço ocupado pelo subalterno, que é gay, negro, marginal", diz o diretor. Ao mostrar que o subalterno pode falar, Thürler busca politizar a produção cênica, fazendo do teatro também um palco de questionamento social.
| Ao mostrar que o subalterno pode falar, Thürler busca politizar a produção cênica. |
No palco, os dez personagens, presos do pavilhão nove, onde oficialmente 111 foram assassinados, dão seu depoimento explicando porque foram presos, sem demonstrar qualquer sintoma de arrependimento, e é esse, de acordo com o diretor, o diferencial da montagem. "Eles são marginais e querem garantir o espaço da marginalidade, isso que é interessante, porque diferente do que costumamos a ver, eles não se sentem culpados", analisa Thürler. Apesar da montagem levar o título bíblico Salmo 91, a religiosidade não é abordada no texto. "Quem for ver a peça esperando ouvir sobre religião não vai encontrar isso, mas vai poder ver outras discussões, e isso poder ser interessante", diz o diretor. O título, na verdade, faz referência a um dos personagens que ganhou da sua mãe o Salmo 91, presente na Bíblia, e a partir disso, pode se salvar.
Entre a academia e os palcos |
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| Djalma Thürler é fundador da Cia. Ateliê Voador |
Em Salvador há três anos, o carioca Djalma Thürler vem dividindo seu tabalho entre a academia, sendo professor e pesquisador do Grupo Gênero, Narrativas e Políticas Masculinas (Geni) da Ufba, e o teatro. Apesar de áreas diferentes, ele vem tentando formar "uma teia" profissional, sem separar uma atividade da outra. "A Ufba me traz a experimentação e o teatro, a estética. Tudo que pesquiso reverbera no teatro, porque não sou só um homem da academia, sou artista também", declara. A interferência negativa da Televisão no processo de formação do ator no Rio de Janeiro, segundo o diretor, foi o que o fez vir para Salvador, para continuar o seu trabalho e criar, anteriormente, em 2002, a Cia. Ateliê Voador. "A companhia foi criada para marcar o espaço transgressor do ator", conta.
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| Sob direção de Thürler, o musical Raid das Moças, sucesso nos anos 90, voltou aos palcos em 2011 |
Além da peça Salmo 91, Thürler já dirigiu em Salvador, montagens de sucesso, como O Melhor do Homem, com texto original da norte-americana Carlota Zimmerman, premiada pelo edital de montagem teatral Myriam Muniz do Fundo Nacional das Artes (Funarte), além de ter sido responsável pela volta do musical Raid das Moças, sucesso nos anos 1990, com as cantoras e performers Claudia Sisan, Marilda Santana e Kátia Leal.O espetáculo, que esteve em cartaz durante 2011, vem rendendo ainda bons frutos. No dia 28 de março, a peça se apresenta em Portugal, onde também Thüler e Marilda Santana participarão do Congresso Internacional "Criadores Sobre Outras Obras".
Peça Salmo 91 Estreia dia 8 de março, com apresentações de quinta à domingo, às 20h Teatro Molière - Av. 7 de Setembro, 401 - Ladeira da Barra Valor: R$ 20 e R$ 10
