Baterias armazenarão energia solar e eólica ao longo do dia para prover a ilha, com seus cerca de 3,5 mil habitantes/Foto: sergiocoelho
Substituir a energia convencional fornecida à Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, por energias solar e eólica, ainda em 2012, é o objetivo de um projeto pioneiro no país desenvolvido, atualmente, pela Itaipu Binacional. A informação foi anunciada por Jorge Samek, presidente da empresa, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Segundo ele, técnicos da empresa trabalham há vários anos em parceria com diversas empresas europeias para desenvolver um sistema de baterias “altamente eficiente”, a partir do cloreto de sódio, que não causa danos ao meio ambiente.
Essas baterias armazenarão energia solar e eólica ao longo do dia para prover a ilha, com seus cerca de 3,5 mil habitantes, de uma energia “mais pura e renovável, que substituirá os atuais geradores da usina que fornece energia para Fernando de Noronha a partir do óleo diesel".
“É um sistema que vem sendo utilizado cada vez mais e que dá mais autonomia aos carros elétricos. O processo consiste em armazenar, durante o dia, a energia solar e também a proveniente dos ventos (abundantes na região) em baterias que acumularão energia para suprir as necessidades da ilha também durante a noite”, explicou Samek.
Armazenamento energético
O presidente da Itaipu Binacional informou à Agência Brasil que o projeto custará cerca de R$ 17 milhões e está sendo desenvolvido a pedido da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
“A Finep solicitou a nós da Itaipu um projeto que aproveitasse todo o sistema solar para abastecer de energia elétrica a Ilha de Fernando de Noronha. Durante o dia será feito o armazenamento energético proveniente do sol e dos ventos em baterias abastecidas com cloreto de sódio”, destacou Samek.
De acordo com o engenheiro Celso Novaes, responsável pelo projeto, a ideia inicial é instalar uma planta piloto de 4,3 megawatts (MW), o dobro das necessidades atuais da ilha. “Com a implantação do projeto, vamos viabilizar que uma comunidade isolada, que não tem rede de distribuição, possa aproveitar melhor a energia vinda do sol e dos ventos.
Segundo Novaes, a dificuldade inicial foi desenvolver um sistema que permitisse armazenar a energia produzida durante o dia para ser também utilizada à noite. “Basicamente, o conceito consiste em absorver as energias produzidas de forma aleatória (pelo sol e o vento) e sobre as quais você não tem controle, guardá-las em uma bateria especial, totalmente reciclável, e depois devolver essa energia na hora em que a demanda é maior – à noite”.
Novaes ressaltou ainda que o sistema é baseado em nova tecnologia, testada em conjunto por empresas brasileiras e europeias. “É um estudo, uma inovação, que já está sendo discutida em fóruns por todo o mundo, inclusive em Roma e nos Estados Unidos, onde também são desenvolvidos projetos pilotos”.
Quem também tem planos de instalar a energia solar em Fernando de Noronha é o grupo Neonergia, conforme o EcoD noticiou em dezembro de 2011. O investimento será de R$ 5 milhões e as placas fotovoltaicas terão a capacidade de gerar 400kWp (kilowatt-pico), com expectativa de 600 MWh de geração anual, cerca de 6% do consumo da ilha.
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