Floresta de eucalipto. Madeira tratada passa por um processo de secagem seguido de um mergulho em substância que torna o produto imune ao ataque de fungos e insetos. Foto: Javier Torres 1976
O mercado de madeira tratada, formado por cortes de pinus e eucaliptos provenientes de reflorestamento - e que passa por um processo de secagem seguido de um mergulho em substância que torna o produto imune ao ataque de fungos e insetos, encontra-se avaliado em R$ 600 milhões por ano, com a produção de 1,5 milhão de metros cúbicos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf).
Apesar do crescimento do setor, tais números ainda são pequenos em comparação ao mercado referente às madeiras de demais origens (de cortes ilegais, inclusive), que comercializa 30 milhões de metros cúbicos por ano.
A Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira (ABPM) lançou, com o apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da USP, um programa de regulamentação com a criação do selo Qualitrat, para tentar motivar um crescimento de 8% a 10% do ramo no ano. "É uma forma de proteger as empresas tratadoras de madeira em uma área que ainda mantém práticas à margem da legislação", explicou ao Valor Econômico Flavio Carlos Geraldo, presidente da Abraf.
Segundo Geraldo, os maiores consumidores de eucalipto e pinus que passam por tratamento são a área rural (de 60% e 65% da produção), que os utilizam basicamente para a instalação de mourões nas propriedades, os setores elétricos (15%), para a instalação de postes, e o ferroviário (15%), com a implantação de dormentes. A construção civil consome apenas entre 5% e 10% do total, embora esteja em expansão.
Retorno em longo prazo
De acordo com a matéria do Valor Econômico, o uso desse material, porém, custa 20% mais - varia de R$ 400 a R$ 1.500 o metro cúbico, conforme a finalidade, e o volume ainda está muito distante do consumo de 12 milhões de metros cúbicos dos Estados Unidos.
Das 45 empresas associadas à ABPM, as duas unidades da CBI Madeiras, localizadas em Minas Gerais e São Paulo, foram as primeiras a receber a certificação da associação, que leva em consideração as gestões ambiental e de qualidade nos processos de tratamento da madeira, entre outros itens. Seus 5 mil hectares de áreas reflorestadas com eucalipto e pinus rendem uma colheita de cerca de 40 mil metros cúbicos por ano.
"São muitas regras a serem cumpridas. Mas no final, é uma segurança para o produtor e para o cliente", destacou Paulo Maciel, presidente da CBI. Ele se refere à proliferação de usinas de tratamento de madeira no país - atualmente são 250 unidades, que nem sempre cumprem as exigências legais. Mas o empresário não perde o otimismo e compartilha com as expectativas de Flávio Geraldo, da ABPM. "O retorno não é do dia para noite. Mas daqui três anos o mercado vai se dar conta dos benefícios".
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