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"A gente tá em choque. Ele ajudava todo mundo", diz vizinha de Sizenando (Foto: Simões Filho Online) |
Um líder comunitário prestativo, um pai dedicado e um babalorixá sempre disponível. A imagem deixada por Sizenando de Jesus Carvalho, 39 anos, é a de um homem correto e sem envolvimento com o crime. Apesar disso, por volta das 19h de sábado (12), ele foi
morto com vários tiros - dois deles na cabeça - por dois homens que invadiram sua residência e o executaram na frente de sua esposa, que foi atingida de raspão na perna. Pai de três filhas, “Zal”, como era mais conhecido, tinha acabado de chegar em casa depois de ter feito uma visita a um amigo – hospitalizado por ter sido vítima de disparos de arma de fogo. Ao deitar no sofá para assistir televisão, foi surpreendido pelos assassinos, que arrombaram a porta e já chegaram atirando. Na Rua Nova, bairro Cristo Rei, onde ele morava, todos os ouvidos pelo CORREIO receberam sua morte com indignação e disseram desconhecer qualquer envolvimento dele com o crime. “A gente tá tudo em choque aqui. Ninguém sabe porque isso aconteceu. No que podia Zal ajudava todo mundo”, disse a comerciante Josefa Bispo dos Santos, 74 anos. Além de pai de santo e líder comunitário, Sizenando trabalhava com o prefeito de Simões Filho, Eduardo Alencar (PSD-BA), irmão do senador Otto Alencar. O CORREIO não conseguiu contato com Eduardo Alencar. Segundo a irmã da vítima, a técnica de enfermagem Edilenilza de Jesus Carvalho, Zal fazia parte de uma família de 11 filhos, nascidos e criados na cidade. “Ele era muito conhecido não só aqui, mas em diversos bairros de Salvador pelo trabalho que fazia com política”, afirmou a irmã. “Uma pessoa alegre, não era de ofender ninguém”, disse Edilenilza, aguardando a liberação do corpo no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador. O caso será investigado pela 22ª Delegacia Territorial (Simões Filho). Ontem, agentes que estavam de plantão na unidade não tinham qualquer informação sobre o ocorrido. O próprio Boletim de Ocorrências ainda sequer estava assinado até o início da noite. Um agente, que não quis se identificar, informou que o bairro Cristo Rei vive uma guerra pela disputa de pontos de tráfico e atualmente é comandado pelo bando do traficante “Tripa”. “Inclusive desaconselho que vocês vão lá sem escolta policial”, avisou. O homem que usou seu carro para socorrer Zal depois do crime confirmou que “ele não era de confusão” e disse que na área onde o babalorixá morava “estão matando por brincadeira”. “A nossa área está contaminada por elementos que não pensam duas vezes antes de matar alguém. Estão matando por brincadeira. Zal era tranquilo”. O corpo de Sizenando foi enterrado ontem à tarde no cemitério de Simões Filho.