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SALVADOR

Traficante usava pessoas que não levantavam suspeita como laranja

Roceirinho é dono de vários imóveis na Bahia e em Sergipe, todos em nomes de terceiros. Os "laranjas" não tinham passagem pela polícia

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04/05/2013 às 10:10 • Atualizada em 27/08/2022 às 9:33 - há XX semanas
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Roceirinho. Até pelo vulgo, Adilson Souza Lima, 31 anos, tentava disfarçar ser um homem de poucas posses. A outra forma de esconder o patrimônio milionário era um tanto mais engenhosa: considerado um dos principais traficantes do estado pela Polícia Civil, ele tinha uma rede de laranjas que começou a ser desarticulada na madrugada de ontem em uma operação policial conjunta com o Ministério Público Estadual (MP-BA) que prendeu duas pessoas ligadas à sua quadrilha. Os laranjas foram a forma que Adilson encontrou, antes de ser preso, em setembro do ano passado, para lavar o dinheiro fruto do tráfico e de roubo a bancos. Ao todo, os bens em nome dessas pessoas somam pelo menos R$ 2,5 milhões. Uma casa em Jacuípe, no Litoral Norte, apartamentos em Lauro de Freitas e em área nobre de Aracaju, uma fazenda no interior da Bahia, além de automóveis de alto padrão. Foram esses os bens bloqueados durante a operação Derrocada, que envolveu mais de 60 policiais e contou ainda com o apoio da Superintendência de Inteligência e do Departamento de Narcotráfico da Polícia Civil do estado de Sergipe. O apoio da polícia sergipana foi preciso porque foi em Aracaju que a polícia prendeu Arigenal dos Santos Soares em um apartamento de Roceirinho que estava no nome do sergipano. Lá, o traficante também era dono de dois lava-jatos. Arigenal responderá por lavagem de dinheiro. Na operação também foi preso com meio quilo de drogas (cocaína e maconha), Fredson Bispo da Cunha, 24, e apreendida uma adolescente de 17 anos numa fazenda em São Gonçalo dos Campos, vizinha a Feira de Santana. Fredson também era um dos laranjas e diz apenas ser zelador da fazenda. A menor, segundo a polícia, tinha envolvimento com o tráfico e era, segundo Fredson, esposa dele, com quem tem um filho. Nenhuma das pessoas presas ontem tinham antecedentes criminais. "Eles procuram pessoas de bem, entre aspas, que não levantem suspeita", explica o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), delegado Jorge Figueiredo Júnior. Contas também serão investigadas. “É só o começo das investigações, muitos outros bens serão identificados e sequestrados”, diz o delegado. “O Ministério Público já pediu à Justiça o bloqueio desses bens, que devem ser leiloados e o valor revestido para o combate a criminalidade”, explica o promotor de justiça Ariomar Figueiredo, que coordena o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O promotor lembra que operações como a de ontem retiram o principal fator de poder dos criminosos, o dinheiro, e acaba por interromper uma cadeia de crimes. “É assim que se combate a criminalidade com inteligência. Sufocando (os criminosos) financeiramente”.
Casa de luxo com piscina, em Jacuipe, foi um dos bens que Roceirinho colocou em nome de laranjas
PrisãoRoceirinho foi preso em setembro do ano passado em um hotel de Salvador. Com ele foram encontrados R$ 168 mil em espécie. “A perícia comprovou que esse dinheiro tinha vestígios de drogas. Foi fruto de um dia que ele recolheu nas bocas”, diz Figueiredo. “Ele é um homem inteligente, que veio de origem simples, ganhou dinheiro com o tráfico, acumulou grande montante em dinheiro e começou a patrocinar assaltos a banco. Sabemos que pessoas com esse tipo de envolvimento tem tendência à prática de homicídios”. O delegado lembra que, em 2010, o traficante foi o mandante de uma chacina que vitimou cinco pessoas da mesma família em Itaparica. Sua atuação era, além de Salvador (principalmente nos bairros do Lobato e Valéria), em municípios da Região da Costa do Dendê, como Nazaré, Salinas das Margaridas. Roceirinho está preso no Complexo Penitenciário da Mata Escura e deve responder, além de assalto a banco, por lavagem de dinheiro e tráfico.
Fredson e Ariginal foram presos na operação da polícia como MP
Polícia baiana cria Núcleo de Investigação PatrimonialO diretor do DHPP, Jorge Figueiredo Júnior, anunciou ontem a criação do Núcleo de Investigação Patrimonial (NIP), que fará a investigação e apreensão de bens adquiridos por criminosos em atividade ilícita. “Não adianta só apreender a droga, prender o traficante, queremos quebrar a espinha dorsal tirando o dinheiro dele. Não se pode mais atuar isoladamente”, afirma Júnior. O Núcleo é articulado entre o Departamento de Narcóticos (Denarc) e o DHPP, que têm trabalhado conjuntamente desde o início do ano. “A mensagem é: traficante que se envolver com homicídio agora verá uma atuação ainda mais fortes das polícias”, afirma Júnior. As ações devem ainda contar com o apoio do Ministério Público (MP). Para o diretor adjunto do Denarc, Glauber Uchiyama, essa a froça-tarefa tem dado trazidos resultados e é uma forma organizada de combater o crime. Matéria original do Correio Traficante usava pessoas que não levantavam suspeitas como laranjas, diz polícia

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