A Sexta-Feira Santa foi, de fato, sagrada em Salvador. Regidas pelo maestro Cícero Alves, cerca de 5 mil pessoas louvaram Jesus, celebrado no espetáculo teatral A Paixão de Cristo, no Farol da Barra. Promovida pela prefeitura, como parte do Festival Artes do Sagrado, a montagem com ares de superprodução reuniu 70 atores, seis animais - um jegue, dois bodes, dois cachorros e uma cobra - e muitos efeitos especiais no palco de 400 metros.
Cenário suntuoso, jogo de fumaça e luz, distorções na voz, letreiros luminosos e personagens alçados ao céu; tudo isso envolto num clima de mistério e magia. "Preferimos uma montagem clássica, seguindo uma tradição de mais de mil anos, datada da Idade Média", afirmou o diretor Paulo Dourado. "Nosso diferencial é a linguagem teatral ao vivo, sem dublagens, e a qualidade artística. Essa é a nossa identidade cultural; popular e, ao mesmo tempo, sofisticada". O espetáculo estava sendo produzido desde o início do ano – só de ensaio, foram dois meses – e deveria ter estreado na quarta-feira. A greve da Polícia Militar, decretada na terça, frustrou os planos. "A greve atrapalhou o Festival. Mas, quando acontece uma coisa contra no teatro, sempre nos fortalece; e isso nos deu a certeza de que precisávamos fazer esse espetáculo. O espírito, hoje, é de poesia e amor", decretou Dourado. E o clima era bem esse na plateia, formada, majoritariamente, por famílias. "A humanidade está precisando muito de amor. E isso aqui traz esperança para as pessoas e volta o pensamento para alguém que só fez o bem", afirmou Dona Ezilda Bezerra, acompanhada de um grupo de 49 turistas de Recife, que aproveitaram a estada na capital baiana pra assistir ao espetáculo. "É muito oportuno parar para entender o sacrifício que Cristo fez por nós. E a gratidão de Deus. Ainda mais nesse momento", afirmou Isa Carvalho, que veio de Camaçari, acompanhada do marido, especialmente para assistir à encenação. "Estávamos um pouco inseguros com a possibilidade de volta da greve da PM, mas viemos pela motivação cultural", contou.
Já Carlos Miranda, 72 anos, lembrava com nostalgia dos tempos em que, durante a Semana Santa, as crianças eram proibidas de brincar na rua ou ouvir rádio. "Na minha época, o respeito pela Paixão de Cristo era maior. Então, essa é uma iniciativa notável; está popularizando a cultura, além de resgatar a importância de se pensar sobre a história de Jesus". Acompanhada de familiares, incluindo duas crianças pequenas, Ivina Salviano também elogiou o ineditismo de se encenar a Paixão de Cristo na rua. "Sentia falta de uma iniciativa assim na cidade. O espaço está bem interessante, seguro" Dona Tereza Cristina endossou o coro: "É excelente para o povo conhecer a história mais famosa da humanidade, de todos os tempos. E a força de Jesus é tão grande". Sentada ao seu lado, Augusta Rodrigues completou: "É um espetáculo cultural religioso de muita importância para o povo refletir sobre o sofrimento de Jesus Cristo". A encenação segue até domingo, às 18h30. A produção do espetáculo ainda avalia a possibilidade de uma sessão extra, na segunda-feira. "Depende de uma avaliação dos custos e da disponibilidade dos atores", explicou Paulo Dourado. O ingresso é trocado no local por 2 kg de alimentos não perecíveis. Matéria original: Correio24h Superprodução de 'Paixão de Cristo' encanta cerca de 5 mil baianos
Encenação do espetáculo A Paixão de Cristo, ontem, no Farol da Barra, para uma plateia de 5 mil pessoas. A montagem tem novas apresentações, hoje e amanhã, sempre às 18h30 (Foto: Betto Jr) |
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