Veículos particulares, residências, bares, restaurantes, boates, áreas públicas e até mesmo igrejas: mais de 40 mil denúncias de som alto foram registradas em Salvador ao longo de 2017 pela prefeitura. O bairro campeão em barulho é Itapuã, com os veículos particulares, disputando mês a mês com a Boca do Rio e suas residências barulhentas, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop).
De 1º de janeiro a 20 de novembro deste ano, Itapuã registrou 1.343 denúncias de som alto, passando o bairro campeão de 2016: a Boca do Rio teve 1.299 denúncias no mesmo período, embora lidere o ranking em novembro.
Apesar da disputa “queixa a queixa”, os bairros têm fontes distintas de poluição, segundo a Semop: Itapuã é barulhenta por conta dos veículos particulares que esbanjam suas potências sonoras na praia. Já a Boca do Rio é conhecida pelo som alto dentro das casas.
Pequena, mas...
O troféu de rua mais barulhenta da cidade ficou para a pequena Aristides Milton, entre a Sereia de Itapuã e a Ladeira do Abaeté, na orla. São só 550 metros de extensão que ficam tomados de carros com o som nas alturas no final do semana.
Ontem à tarde, uma quinta-feira, o CORREIO não encontrou veículos emitindo som no local. Mas, pouco à frente, na Rua da Poesia, um carro branco estacionou e ligou o som. O dono nem chegou a abrir a mala, mas o som era alto o suficiente para que pessoas dançassem ao redor do carro.
Segundo o condutor, que não quis se identificar, a situação não ocorre frequentemente no local. “Não existe isso de carro com som alto aqui, geralmente a gente usa a caixinha de som”, garantiu.
Dá-se um jeito
Quem certamente discorda é o pescador Nelson de Santana, 71 anos. A frequência de veículos com som alto no local chegou a impactar nas vendas. Ele conta que, para driblar a situação e afastar os baderneiros, plantou uma dezena de coqueiros onde os carros paravam. “Ninguém encostava para comprar peixe por causa do barulho do som. Diminuiu bastante depois do coqueiro, mas eles ainda vêm para cá”, disse.
O morador Jesse Freitas também conta sofrer com o barulho. “É qualquer dia e qualquer hora. Eu já vi festa aqui até às 5h”, comenta. O industriário também comemora a plantação de coqueiros. “Antigamente, chegavam seis carros com a mala aberta. Ninguém aguentava, mas depois que colocamos os coqueiros, a zoada diminuiu”, diz.
“Esses casos em Itapuã acontecem porque é um ponto turístico, a praia é agradável. As pessoas levam um cooler para e depois que saem, abrem a mala com o som alto”, afirma Márcia Cardim, subcoordenadora de Combate à Poluição Sonora. Parece piada mas, além da Aristides Milton, outras campeãs de denúncia são as ruas da Canção, da Música e da Poesia.
Mais barulho
Depois de Itapuã e Boca do Rio, Brotas, Cajazeiras, Pernambués, Rio Vermelho, Paripe, Liberdade, Pituba e Fazenda Grande do Retiro completam o ranking dos dez bairros mais barulhentos da capital.
De acordo com Márcia, cada bairro tem sua personalidade. Dos cinco primeiros, três têm mais notificações por conta de sons de veículos. Na Boca do Rio, o problema são as residências e na Liberdade, as igrejas. Segundo a lei, templos religiosos precisam de alvará para emitir som, mas não são obrigados a fazer acordo quanto aos níveis de emissão.
Do começo do ano até o dia 20, os agentes da Operação Silere - que em latim significa “ficar quieto, calar, evitar ruído” - fizeram 277 ações em diversos bairros da capital, com a apreensão de 728 equipamentos.
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Redação iBahia
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